Armadilha para cobras

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VOLTAMOS COM PARTE DE NOSSA PROGRAMAÇÃO NORMAL

Como "A Última Princesa" está em seus últimos capítulos, hora de adiantar o que estava há algum tempo atrasado e publicar este capítulo agora e os dois últimos semana que vem

E hoje, este capítulo não vai terminar como começou...

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Dolores Escobar León um queria retornar ao Palácio de Inverno e relembrar o passado, relembrar as histórias, a sua vida em comum com o marido; mas Starvos Drake ainda estava solto e precisava ser detido.

No entanto, aproveitaria a oportunidade única dentro do Palácio Real para se reaproximar da filha, para relembrar que houve um momento em que Esmeraldita era o seu mundo; mesmo que no período sem memória, ela tinha a sensação de que algo lhe faltava, de que seu colo estava vazio.

- Eu sabia... De alguma forma eu imaginava que algo, que alguém me faltava, e talvez eu soubesse porque a primeira coisa, o primeiro nome que eu falei a Father quando acordei foi o nome de minha filha. - comentou a jovem, que segurava Esmeralda no braço, a menina visivelmente saudosa da mãe a tal ponto que nem correr atrás dos primos ela queria.

A menina ficou no colo de Dolores, os bracinhos colados ao pescoço da mãe, e dali ninguém a tiraria.

- Mas eu fiquei curioso, amore mio, como foi todo o processo, porque eu entendi que para protegê-la de uma ameaça que Frederick nem sabia o que era, ele pediu que cortasse o cabelo, usasse lentes... mas as roupas,... Todo o resto...

A jovem sorriu, um sorriso aberto virando a cabeça para trás, como se aquilo fosse uma anedota muito curiosa a ser contada. Aquele gesto Bruno não conhecia, talvez fosse o gestual de Emme, e não de Dolores.

- Eu e Father construímos juntos uma história. Eu sabia de alguma forma que estava em perigo, não me pergunte como. Acho que era a memória que eu não tinha como acessar, mas estava lá. Durante a minha recuperação nos Estados Unidos, eu falava inglês, naturalmente. Nós sabemos que essa língua nunca foi um problema, porque aqui todos nós pelo menos aprendemos inglês na escola, Port Elizabeth é repleto de falantes de inglês, mas meu inglês era muito mais puxado para o sotaque dos americanos, apesar de toda a influência britânica que nós temos aqui. Porém, em Calena o sotaque inglês passa longe de um sotaque americano, o que seria um problema quando eu retornasse.

- Você sabia falar inglês, mas... E as outras línguas? Eu me lembro de que amárico... Você disse, como Emme, que estava aprendendo algumas coisas e...

- Isso que foi engraçado: eu sabia falar inglês, sabia falar outras línguas, isso não havia perdido. Amárico eu só precisei estar rodeada de outros falantes, mas outras coisas sumiram de minha mente.

- Fratello achava muito curioso o fato de que você ter aprendido amárico tão rapidamente.

- Como eu disse, talvez eu precisasse estar rodeada de outras pessoas que falavam também. Não conseguiria isso nem em Calena nem nos EUA. Sabe bem que os dois lugares onde essa memória chegaria mais rápido seriam a Etiópia e aqui em Azzurro. Assim que eu cheguei a este país, o amárico veio assim... - com a mão livre, a jovem deu um estalo com os dedos.- Então... Lá atrás, no período de recuperação, eu decidi construir junto com papai uma história. Eu precisava fingir que eu era outra pessoa, até para que as pessoas não soubessem, para quem estivesse atrás de mim não me reconhecesse de fato, então... Sentamos, imaginamos quem eu deveria ser, e comecei a todos os dias, quando eu acordava colocar aquela memória inventada por Father na cabeça. Que eu era uma princesa, que eu tinha sido criada longe de Calena, que tinha que ser protegida, que eu era uma mulher culta e sofisticada. Passava alguns dias lendo diversos livros, o que facilitava muito minha rotina. Visitas a museus na Califórnia, estudos particulares, acesso a tantas coisas, era fácil. Era fácil entender, me nutrir e me alimentar de tudo aquilo que teria de tornar Emme Ashton "Emme Ashton".

A Última Princesa (livro 4)Onde histórias criam vida. Descubra agora