Originalmente este capítulo terminaria de outra forma, mas eu precisava estender uma situação específica.
Quando chegar o momento certo eu vou explicar tudo.
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Era a primeira vez que Bruno León beijava alguém desde a morte de sua esposa.
Para Lady Ashton, era a primeira vez que ela beijava ou era beijada desde algum tempo.
Mesmo com as tentativas e os flertes nos Estados Unidos, ela sentia uma certa trava para dar o próximo passo, e se surpreendeu consigo mesma por se deixar levar por aquele beijo, pelo cuidado de Bruno no encontro entre os lábios, pela forma como ele a envolveu com seus braços, como se a estivesse protegendo; surpreendeu-se até mesmo com a maneira como ela se entregou ao beijo, abraçando e repousando as mãos em sua nuca. Pareciam envoltos no próprio mundo, e Emme não queria sair dali. Se sentia bem, se sentia viva, reconhecida. Em casa, como nunca esteve – nem mesmo em Calena.
Seu coração batia forte, tanto que parecia até que iria sair do corpo, e de repente até a sua cabeça começou a doer.
Ela não sabia a razão, mas precisava dos seus óculos. Por isso, foi ela quem se afastou, respirando profundamente, a testa colada com a testa de Bruno.
- Estou...
- Eu...
- Eu preciso respirar... minha cabeça...- Emme sorriu, de olhos fechados, e logo depois encontrou o olhar de Bruno. Porém, ele desviou a atenção da jovem, e ela percebeu que o príncipe não parecia muito satisfeito ou orgulhoso do que fizeram.
- Peço... Perdóname, Lady Ashton. Eu não deveria ter...
- O que, me beijado? Somos pessoas adultas e maduras, o que fizemos de errado?
- Eu só... Eu não deveria, é como se estivesse... Você é linda, Emme, mas... É como se estivesse traindo a memória de minha esposa.
Então era aquilo, a jovem pensou. Tudo se resumia ao fato de que Bruno ainda era apaixonado pela esposa, e obviamente fazia sentido, imaginou ela, porque há mais de seis meses Dolores havia morrido – era pouco tempo para superar o luto, em especial por uma morte tão difícil. Mas, se havia tanto amor, por que ele fez aquilo? Porque ele se aproximou dela, e pior: por que novamente eles ficavam juntos de uma maneira íntima, se a memória da falecida condessa era tão forte ainda?
A última coisa que Emme precisava, aliada à dor terrível em sua cabeça que parecia piorar ainda mais, era se envolver em uma situação onde ela aparecia em segundo plano em relação aos sentimentos de outro homem.
Assim, ela se levantou, respirou fundo, e aguentando o máximo que podia a dor, olhou para Bruno de cima a baixo, e o percebeu sentado, balbuciando as mesmas desculpas em espanhol, afastando o olhar.
- Então eu recomendo, conde de Calábria, que não beije mais suas convidadas. Melhor ainda eu recomendo que Vossa Alteza apenas troque palavras comuns, educadas, comigo. Eu não estou aqui apenas para que você relembre o passado ou me considere um uma substituição, um consolo.
- Eu jamais pensaria assim... é que...
- Alteza, a maneira como falou indicou isso. Compreenda algo muito importante: eu sou a filha do príncipe regente de Calena. Eu sou uma princesa herdeira, e definitivamente estou acima de Vossa Alteza. Por isso, quero ser tratada com deferência que mereço.
Bruno se levantou, e de repente parecia sentir o coração batendo forte, porque havia algo muito estranho na forma como ela falava com ele. De repente, algo se quebrou dentro do conde: pensou ser algum barulho no entorno, mas entendeu ser o próprio coração, partindo-se com as frases despejadas com frieza, o olhar depositado nele. Bruno podia ser mais alto que Emme, mas ele a observava como se ainda estivesse sentado, abaixo dela.
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A Última Princesa (livro 4)
RomanceNo paraíso mediterrâneo de Azzurro, onde o mar é azul e as cidades possuem uma mescla de tradição e modernidade, o casamento de Dolores Escobar e Bruno León, era considerado o "conto de fadas da vida real": a Cinderela e o Playboy Redimido pelo Amor...