A Última Princesa (livro 4)

Novas costuras

Este capítulo não vai terminar como começou...

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Entre grupos de estudantes do ensino fundamental e médio, universitários e turistas de toda a sorte, um casal caminhava num mesmo compasso, sob o olhar distante de um grupo de agentes secretos que cuidava da segurança do príncipe de Azzurro – e tinha de ficar de olho em sua convidada, que como hóspede da família real, deveria ser tratada com a maior deferência possível.

A Cidade Velha, centro histórico de Santa Cecília e ponto inicial da fundação da cidade, era um dos lugares mais visitados por azzurrinos e turistas, mas principalmente por estudantes que visitavam um dos locais mais importantes da cidade – tanto para uma visita externa ou uma aula especial, in loco, sobre a rica história de Azzurro.

O homem apontou para longe, uma Torre no alto do elevado. Era uma torre antiga, de tijolos, cujas cores se confundiam com a terra onde a construção estava fincada.

- Quer ver a Torre de León? – ele perguntou à sua acompanhante, que ajeitava o chapéu de aba longa a fim de se proteger do sol inclemente. Ali era bem seco, além de distante da parte litorânea de Santa Cecília, e que era também mais arborizada.

- Aw! Li sobre a história de Azzurro e não dá pra dissociar a expansão do país sem incluir a história da Torre e de Fruela.

- Meu adorável antepassado, sempre muito simpático.

Bruno León, o conde de Calábria, arrumava os cabelos que se misturavam, bagunçavam, quando não deveriam – mas o vento da manhã não ajudava. Totalmente de preto, da camisa de gola rolê, a calça de couro e a bota até o óculos escuro, ele parecia ignorar o calor inclemente do Mediterrâneo. Quanto à sua acompanhante, Emme Ashton subia a elevação com os caminhos abertos entre a grama baixa segurando a saia marrom-claro, mostrando a bota ¾ de camurça. A blusa de alça larga, também marro, tinha um decote fechado, e o maior destaque da escolha simples e discreta da princesa era o colar em formato de corrente, dourado, no pescoço.

- Essa torre é lindíssima! A influência mourisca é... Espetacular! Ainda bem que vocês preservaram o espaço e não transformaram em algum flat.

- Foi o que fizeram em Calena?

- É o que boa parte dos calenos ricos, ligados a holdings internacionais, está tentando. A maior parte das tentativas foi impedida durante o governo de meu pai.

- Acredito que nem todos os nobres gostaram da ideia.

- Nem todos aceitam a forma como meu pai lida com a preservação do que é mais caro em Calena. Em breve, terão que entender que as coisas não funcionam do jeito como eles querem.

- Então você vai questionar o direito de herança? Você não vai querer que Starvos Drake se torne seu consorte.

- Até porque, infelizmente, ele não seria consorte. Eu acabaria sendo a princesa consorte e a dinastia a seguir não seria a minha. Seria a dinastia Drake, isso não é o que eu quero. É por isso que a armadilha contra ele precisa ser muito bem urdida. E será, em especial porque eu soube que ele estava voltando de Siracusa e tenho certeza de que a visita dele ao duque de Siracusa, Rafael Fontini, deve ter mostrado suas verdadeiras cores.

- Não duvido nada. Fontini é um homem sofisticado, tradicional, quem não o conhece pensa que ele é basicamente um homem elitista, mas no fim, é um defensor da cultura e da preservação tanto quanto nós.

- Assim que for revelada a traição de Drake, eles irão levá-lo à justiça. Infelizmente não será em Azzurro, terá que ser extraditado para Calena, mas faremos o possível para que seja punido da forma mais adequada. Ou... – sorriu. - Eu confesso que gosto de uma boa história. - Emme tocou em uma das paredes de tijolos, contemplando com um olhar fixo a construção enquanto parecia pensar em algo. - Mas não estou falando exatamente de História, e sim de uma boa história. De uma boa trama, bem costurada, bem urdida, com um bom livro. Ainda me lembro de que me revelaram sobre Oscar Benítez, o ex-primeiro-ministro, ter sido um formidável espião. Há algo a se pensar.