Capítulo 9
Saí da sala sem saber o que fazer, se esperava a conversa terminar ou se ía embora. Olhei da janela do corredor, a escadaria principal, Aeg estava subindo por ela junto à Afroditte, elas pararam ainda no início e parecem discutir. Fiquei surpreso e um pouco assustado quando Aeg desceu os dois degraus para se aproximar de sua irmã, sua expressão está normal e quem a visse não imaginaria que estava sendo grossa, mas sua voz saiu tão autoritária, com um tom tão diferente, que será facilmente descoberta se tiver alguém além de mim por perto.- Você não manda em nada nem ninguém aqui, e nunca terá a chance, porque eu serei rainha ao lado de quem escolher ser meu rei. - engoli seco assim que terminou a frase, um leve arrepio passou pelo meu corpo, e uma batida de porta atrás de mim chamou a atenção das duas princesas. Olhei para o lado e a rainha saiu com pressa, quando olhei para as jovens novamente, as duas estão me encarando. Aeg parece mais surpresa do que Afroditte, talvez meu nome tenha dado início a essa discussão. Minha cabeça fica confusa toda vez que as vejo, isso não deveria acontecer, mas tenho certeza de que só vai piorar, principalmente quando souberem do beijo -
- Arthur? - Vicctore saiu, colocando a mão em meu ombro esquerdo e direcionando seu olhar para as filhas, que nem tentaram disfarçar. Ele suspirou. Senti a tristeza e a aflição saírem em pequenas partículas de ar - As duas, na minha sala! -
- Ainda vai precisar de mim? - perguntei -
- Sempre vou precisar de você. - ele respondeu - Tome um banho, está fedendo a suor. - nós dois rimos, até que as princesas apareceram em sua frente e sua expressão ficou séria. Olhei uma última vez para Vicctore, levantei as sobrancelhas pedindo com o olhar para ele não ser tão rude -
Os olhos de Afroditte estavam baixos, nem sei quando a vi assim, nem mesmo quando crianças. Era muito difícil vê-la cabisbaixa por alguma coisa, e ela tem estado assim desde que cheguei aqui. Estou preocupado. Me afastei sentindo a cabeça começar a doer, me distraí por alguns segundos ao olhar para o lado e acabei esbarrando no senhor da biblioteca.
- Desculpa. - pedi, mas ele não respondeu e me encarou até onde seu pescoço permitiu, já que saiu andando devagar -
Sei que tem a idade avançada e que eu não deveria ter tais pensamentos, mas ele é muito estranho. Aposto que não sou o único a ter medo dele. Aliás, já terminei os livros que peguei para ler, acho que vai ser bom se eu for em busca de outros. Passei pelo meu quarto e fui em direção à biblioteca, cheguei sem fôlego novamente, graças às enormes escadas, abri a enorme porta de madeira e devolvi os livros para as prateleiras. Peguei dois livros, um sobre guerras e o outro sobre plantas, preciso encontrar flores para levar para as mulheres do meu castelo, as flores de Chakal são muito bonitas e algumas só nascem aqui.
Passei pelo balcão de madeira do senhor e acabei lembrando do sonho e a invasão que fiz ao quarto misterioso também veio em minha mente. Fechei a porta e dei meia volta, abri algumas gavetas, mas não há nada de interessante nelas, abri uma pequena porta do lado esquerdo do móvel e encontrei alguns livros velhos, um deles com uma pedra roxa na capa, presa por uma corda fina e fechado com uma corrente preta, tentei tirá-la, mas não consegui.
- Você encontrou - a voz ecoou dentro da minha cabeça, me assustando -
- Você de novo.
- Traga-o para mim - cheguei a imaginar que a dona dessa voz estaria na biblioteca, até olhei para todos os lados, mas realmente está na minha cabeça -
- Estou ficando louco, é a única explicação - falei comigo mesmo enquanto abri a porta novamente para devolver o livro -
- TRAGA-O PARA MIM! - a voz gritou e eu deixei o livro cair para colocar as mãos na cabeça, que doeu com o grito desse ser desconhecido, fechei os olhos com força tentando amenizar a dor e talvez acordar desse sonho maluco, mas não funcionou, me provando ser a realidade -
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Entre Guerras
FantasyHá muito tempo atrás, o mundo era habitado por seres mágicos, que dedicaram suas vidas para criar um lugar harmonioso e puro, até que o mal convidou o bem para guerrear pela primeira vez. Os seres malignos e ambiciosos venceram e governaram um mundo...