Capítulo 18
{Aeg}
Quando ele agradeceu, fiquei imensamente feliz, não posso negar que isso foi uma ótima oportunidade para tentar me aproximar novamente. Porém, entendo todos os seus motivos para se manter longe de mim, o que fiz foi muito errado, mas como disse a ele, não me arrependo. Pessoas que pareciam boas já fizeram coisas piores por amor e por terem sido rejeitadas. O bom dessa conversa, foi que o convenci a ficar até a festa, na qual tentarei aproximá-lo do meu pai para conversarem pelo menos um pouco.
Seguimos juntos pelo corredor, com um silêncio constrangedor e perturbador nos acompanhando, o deixei em seu quarto e segui em direção ao meu. Pensei em várias possibilidades de fazer a festa dar certo, mas tudo indica muitos erros se qualquer palavra for dita de maneira errada, o que faz meu coração ficar aflito, pois muitas pessoas estarão na despedida, que deveria ser animada e com um bom motivo para sua realização, mas agora o único motivo é para tentar consertar um erro do passado. Um erro muito imprudente para quem já era rei, mas chega a ser compreensível, mesmo sabendo que não era a melhor opção. Talvez seja por isso que Cloe nunca gostou muito de mim, apesar de sempre ter me ensinado tudo e mais um pouco, e ter oferecido amor e carinho suficientes para que não me sentisse sozinha. É uma relação complicada, mas eles me deixaram mais forte e pronta para governar o que eles construíram com tanta dedicação. Gostaria muito de dividir a sensação de cuidar do povo com Afroditte, porém, na situação que estamos, talvez nunca mais sejamos como antes e talvez seja melhor assim, para evitar discussões sem sentido, as quais tivemos até agora.
Minha cabeça dói só de pensar muitas coisas ao mesmo tempo, imagina colocando tudo em prática, sem ao menos ter um pingo de certeza que dará certo. Na verdade, fui confiante nos últimos dias, quando mandei soldados para fazerem patrulha pelas nossas terras, sem ajuda do meu pai, da minha mãe ou de Bruno, quando treinei alguns recrutas e eles se saíram muito bem na arena. E quando chega o momento de administrar os sentimentos, eu simplesmente não sei o que fazer.
De acordo com Vicctore, fui destinada a minha magia porque diante de todo o caos que minha terra estava, completamente em cinzas, com poças de sangue e totalmente sem vida, eu chorava em uma pequena caverna, com uma só proteção. Se vivi naquele dia, foi porque o mundo queria que eu o visse de outra forma, mais colorido e com muitas vidas. Ele diz que foi por isso que me escolheu, porque a maior proteção e a única que pode ser eficaz o suficiente está na magia que acompanha os descendentes. Desde quando comecei a entender o que ele falava, que vivo por isso, para aprender e ser mais do que suficiente, mais do que o meu povo espera, mesmo não sabendo que eu existo, porque todas as noites eu vejo o fim do mundo e os corpos de quem mais amo espalhados no chão, em um campo de batalha de uma guerra perdida.
Esse pesadelo, que mais parece uma visão, me atormenta há dois anos, e nem Angard sabe o motivo pelo qual ele aparece justamente pra mim. Talvez seja pelo meu medo, pela minha angústia, pela minha insegurança. Fechei os olhos e encarei a porta do meu quarto, onde passarei o resto do dia imaginando se a noite valerá a perna. Coloquei a mão na maçaneta, mas ouvi alguém chamar o meu nome.
— Aeg! - Bruno veio correndo em minha direção -
— Sim?
— Lana e Dona Velir estão lhe chamando para comer.
— Ah, eu já tinha me esquecido. Diga a elas que não precisa mais, Bruno, perdi o apetite.
— Alteza...Sabe que não posso fazer isso.
— Foi uma ordem.
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Entre Guerras
FantasíaHá muito tempo atrás, o mundo era habitado por seres mágicos, que dedicaram suas vidas para criar um lugar harmonioso e puro, até que o mal convidou o bem para guerrear pela primeira vez. Os seres malignos e ambiciosos venceram e governaram um mundo...