Capítulo 14
— Então, você tem crises como essa desde quando era pequeno?— Sim.
— Ah... - Bruno suspirou -
— Mas, apesar disso, eu ainda consigo viver.
— Não fale disso, pelos amor dos deuses! Você vai viver por muitos anos e quem sabe contar a seus filhos a sua superação.
— Você tem uma perspectiva diferente. - ele encheu um copo de vinho e ofereceu - Aceito.
— Sua mãe deixa?
— Minha mãe está longe. - ele riu - Só um gole não faz mal, mas é justamente o que ela permite.
Ficamos em silêncio após um gole do líquido frio, olhando para a fogueira na lareira de uma das salas decorativas, já que ninguém, com toda certeza, não usa nem a metade das várias que existem. E depois do último gole, a sede ficou mais forte, foi um copo, depois outro, depois outro, outro, outro, outro e outro, até a jarra ficar vazia. Bruno não parecia sentir nenhum efeito, não sei se colocou mais vinho no meu do que no dele, ou talvez seja só a impressão que a bebida está me fazendo ter. Encostei minhas costas na cadeira, depois de rir por um bom tempo com as piadas que Bruno soltou, fazendo sentido ou não, pois já nem lembro, foram engraçadas.
— Isso é ridículo. - passei a mão direita no rosto - Beber até perder a consciência.
— Se está falando isso é porque ainda tem consciência.
Rimos.
— Perdi boa parte dela. - respondi -
— O rei vai ficar bravo.
— O rei é nosso amigo.
— Você ainda é um adolescente.
— Que já está bêbado e não vai nem lembrar dessa conversa.
— Você é maluco! - ele riu, fechando os olhos e se aconchegante na cadeira - E isso é bom, porque você é um maluco diferente.
— Vamos ser malucos juntos, então. - estendi meu punho fechado e ele bateu o dele contra o meu -
Pela janela vi o show de cores que o entardecer e o pôr do sol proporcionam para os humanos inúteis, que simplesmente ignoram essa beleza da natureza. Levantei da cadeira, em passos totalmente atrapalhados, sem nem enxergar direito, me debrucei sobre a varanda e olhei para as nuvens cor de rosa, com leves tons de laranja.
Bocejei algumas vezes, já entediado de ficar no quarto. Peguei a jarra e os dois copos e segui pelos corredores com a ideia de chegar até a cozinha, mas pensei bem se eu deveria continuar quando senti um mal estar, que me desconcentrou e me deixou perdido, sem saber por qual corredor eu vim e qual eu ía seguir.
— Aí minha cabeça! - reclamei, deixando cair um dos copos -
— Alteza? - um guarda se aproximou -
— Sim? - me abaixei na intenção de pegar o bendito copo, mas camabaleei pro lado e bati na parede, derrubando a jarra - Desculpa, eu tô meio mal.
— Está bêbado?
— Um pouco.
— Quem lhe deu vinho?
— Quem lhe deu permissão para perguntar alguma coisa?
— Arthur, sou eu, Bruce!
— Ah, sim, eu sabia.
— Me dê isto. - ele pegou os objetos da minha mão - Volte para o quarto e tome um banho por favor.
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Entre Guerras
FantasyHá muito tempo atrás, o mundo era habitado por seres mágicos, que dedicaram suas vidas para criar um lugar harmonioso e puro, até que o mal convidou o bem para guerrear pela primeira vez. Os seres malignos e ambiciosos venceram e governaram um mundo...