Entre Guerras (parte I)

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Capítulo 21


{Tânis}

A chuva ficou mais intensa e a cada trovão que ecoava no céu, meu corpo arrepiava e meu coração batia mais forte. Não é medo, então fico inquieta para saber o motivo dessa sensação estranha. É como se algo me preocupasse, mas não sei o quê e o porquê, pois não há nada de errado em meu reino. Será que aconteceu alguma coisa com Arthur? Não pode ser, ele está seguro, Vicctore me garantiu isso.

— Majestade! - Gorden apareceu de repente -

— Pelos Deuses, Gorden! Por que não bateu na porta? - perguntei segurando o pingente do meu colar -

— A porta já estava aberta, majestade. Me perdoe! - ele se curvou -

— Tudo bem, não fez por mal. Eu é que estava distraída. Diga, o que veio fazer aqui?

— Vim lhe avisar que os guardas avistaram Arthur no campo.

— Por que retornou sem avisar? - ia sentar na poltrona, mas automaticamente me levantei -

— Não sei informar, majestade.

— Mande-o vir ao meu encontro assim que pisar os pés na cidade.

— Irei, majestade! - e se retirou, fechando a porta antes de sair -

Esperei mais inquieta do que já estava. Olhei pela janela diversas vezes, mas não o vi, me perguntei o porquê de tanta demora se obviamente está com um dos cavalos mais rápidos. Andei pela sala umas quinze vezes até ouvir duas batidas na porta, corri para abri-la com uma angústia que não cabe no peito, mas foi decepcionante quando no lugar de Arthur, encontrei Eojin.

— O que aconteceu? Por que está com essa cara? - ele perguntou entrando e enchendo um copo com vinho -

— Nosso filho retornou sem mandar uma carta. - falei com a voz trêmula -

— Mas já? Logo agora que tudo ficou em paz.

— Eojin! - o repreendi - Ele é seu filho! Não te preocupa que pode ter acontecido alguma coisa grave?

— Se ele diz ter tanto valor, deveria saber lidar com qualquer situação.

— Não vai falar com ele dessa forma. Veio sozinho, deve estar muito cansado da viagem e com muita coisa na cabeça.

— Por quê? O que Vicctore disse a ele?

— Agora está interessado? - perguntei com certa indignação -

— Cuidado como fala comigo, Tânis! Já conversamos sobre isso. - ele deu outro gole e já estava prestes a encher o copo, mas consegui pegá-lo antes que a primeira gota descesse para o fundo prateado -

— Você deveria ser homem suficiente para conversar sobre a situação que seu próprio reino está vivendo. Ele não vai reagir bem, Eojin...

— Ele renunciou o trono!

— Você queria que ele continuasse debaixo de seus pés?! - elevei a voz sem nem pensar - Você o machucou tanto, que o fez perder o prazer de morar embaixo do mesmo teto!

— Ele se tornou desprezível porque quis! - ele me interrompeu, falando no mesmo tom, na verdade, berrando para ganhar alguma vantagem -

— Não fale assim do meu filho! - apontei o dedo em sua direção, mais uma vez cansada de ouvir seus insultos. Foi um grande erro. Sei que ele sempre esteve disposto a castigar qualquer pessoa que se opõe às suas ideias e ser esposa dele não muda esse fato -

Ele pegou meu pulso com sua mão direita, girando o máximo que pôde. Tentei segurar o desespero que a dor me proporciona, mas ter uma força superior a de qualquer homem o deixa em uma posição bem mais alta, de onde ele não consegue me ver e de onde não irá sair. Ele inclinou o corpo para mais perto do meu, com o olhar fixo na minha expressão de puro medo e inferioridade e disse:

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