Uma Parte Da História

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Capítulo 10

{Vicctore}

— Você perdeu a cabeça? Está tão desesperada assim?

— Vicctore, você não consegue ou só não quer enxergar? - disse ela, me encarando com firmeza -

— Você não sabe de nada! - rebati -

— Você é quem não sabe! - ela aumentou o tom de voz -

— Eu o vi enfrentando uma guerra! Ele levantou as águas do mar sem nenhum esforço e com isso ajudou centenas de pessoas desabrigadas e com medo da escuridão. Por que não confia em mim?

— Nossas filhas estão envolvidas nisso, não quero e não vou perdê-las por causa de visões idiotas.

— Então me ajude! Me ajude a ensiná-lo, a treiná-lo, e ele terá força para enfrentar o que está por vir. - insisti, mas ela está tão obcecada em proteger nossas filhas, que não confia em Arthur. Provavelmente ele já percebeu que a relação entre nossa família não vai bem, e eu até lhe diria a verdade hoje -

— Ele é só uma criança...

— Ele está prestes a despertar, por que não compreende?

— Não vou deixar minhas filhas a mercê do Conselho por imprudência sua!

— MINHA? VOCÊ ENTRA E ME IMPEDE DE DIZER A VERDADE, E A IMPRUDÊNCIA É MINHA? - gritei e dei passos rápidos, contornando a mesa de madeira, e a agarrei pelo braço - Você não está agindo como a amiga que sempre foi.

— Eu sou a rainha!

— Então haja como tal. - soltei seu braço, vendo a marca que deixei -

— Há meses eu cuido dos negócios, respondi todas as cartas do Conselho, menti quando escrevi que tudo estava conforme o planejado, acalmei o reino de Guiverland ao dizer que a proposta estava sendo discutida e que Afroditte e Arthur já haviam compreendido. Não agi como rainha e não cumpri com os meus deveres? Então o que fiz todos esses anos ao seu lado? Você entregou minha única filha ao Conselho e a comprometeu a um destino que ela deveria escolher por conta própria! Minha única filha, Vicctore! MINHA ÚNICA FILHA! - ela bateu as mãos na mesa e derrubou tudo que havia sob ela, enquanto repetia a mesma coisa - Se eu perdê-las, você pagará! - bateu a porta com força e saiu -

Pela brecha da porta entre-aberta, vi Arthur seguir os passos de Cloe com o olhar. Me levantei da cadeira que havia sentado para me recuperar de mais uma discussão e andei até ele.

— Arthur? - perguntei porque fiquei surpreso ao vê-lo no mesmo lugar. E quando olhei para a escadaria, vi o motivo do seu espanto, claramente tentou esconder, mas as minhas filhas não conseguiram - As duas na minha sala! - ordenei -

— Ainda vai precisar de mim? - ele perguntou enquanto observou as princesas subirem a escada -

— Sempre vou precisar de você. - dei leves batidas em seu ombro direito e entrei na sala quando as duas meninas entraram. Espero não perder a cabeça com nenhuma delas, ou não vou conseguir dormir esta noite - Quem vai começar? - apanhei os papéis e todos os objetos que foram brutalmente jogados no chão. Ficaram em silêncio por um tempo, até que a mais nova deu início -

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