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      Minhas mãos tremiam a cada vez que olhava para aquelas enormes portas de madeira. Por mais que não estivéssemos em um bom momento,que estivéssemos magoados um com o outro, gostaria de encontrar Dylan em meio aquelas pessoas,queria que ele estivesse ali para me apoiar, mesmo que indiretamente. No entanto,estava esperando que não acontecesse,afinal,a forma na qual me olhou e a maneira que esqueceu o quão nossa vida era privada,me deu tamanha certeza.
   
     As vezes,olhando o relacionamento de meus pais e o namoro do meu irmão com Lêda,me questiono o porquê de somente a minha vida amorosa ser um terrível fracasso, me pergunto se em algum momento,saberia escolher uma pessoa que realmente pudesse me amar e aceitar que sou um ser humano,que estou sujeito aos erros e tenha a necessidade de desabafar.

     Nunca havia parado para pensar em como gostaria que meu relacionamento fosse,e hoje,parada próxima a essa porta que estou prestes a entrar,consigo fazer uma pequena lista: quero alguém que me ame,mas que seja capaz de me compreender em momentos de surtos; uma pessoa que vá segurar minhas mãos mesmo que estejamos em um dilema agressivo; quero poder chegar em casa e ser questionada de como havia sido meu trabalho,uma pessoa que vá se interessar pelos meus feitos e que me admire; quero uma pessoa que seja amiga e que confie em mim, alguém que vá me escolher em qualquer decisão. Quero alguém que saiba me amar com seu coração,mais que também possa ter esse sentimento por meus defeitos.

      E parando para pensar com mais clareza,me pergunto se Dylan é capaz de atender minhas exigências, é uma pessoa apta para permanecer em minha vida e ser tudo aquilo que um dia sonhei. Não quero uma cópia de minhas idealizações, não quero alguém que siga uma lista,quero que seja espontâneo e venha de si. No entanto, não consigo enxergar isso naquele que faz meu coração transbordar.

      Entendendo ser o momento,adentrei aquele tribunal e caminhei por aquele pequeno corredor, sentindo os olhares acompanharem minhas passadas e se alertando com qualquer um de meus movimentos. Na primeira fileira,atrás da mesa onde me sentaria, pude encontrar os pais de Domínik,esses que viviam viajando o mundo sem ao menos preocupar com o filho,se estava vivo,ou não. Eram um péssimo exemplo de pais.

         Me sentei e ajeitei cada uma de minhas anotações sobre a superfície da mesa, ignorei qualquer olhar e me permiti focar somente no que estava para acontecer. Ninguém me importava, não naquele dado momento. Enfim,quando o juiz entrou naquela sala,me coloquei de pé juntamente a todos os presentes.

         — Podem se sentar! — sua ordem foi clara e direta — está aberta a sessão processual de Alina Prescott contra Domínik Rousseau. A advogada o acusa por múltiplos crimes e apresentou provas contundentes sobre o acusado — com uma ficha em mãos, o juiz anunciou o caso — dou a palavra para a advogada Prescott.

       Sob a certeza de que tudo terminaria bem e conseguiria o que tanto desejava,me coloquei de pé,ajeitei o meu blazer em tonalidade escura,esse que cobria uma camisa social branca. Era tão comum me encontrar nesses tipos trajes quando se referia ao me ver sendo defensora de alguém em um tribunal de justiça. Me pondo a frente de todas aquelas pessoas,umedeci meus lábios.

          — Domínik Rousseau é acusado de múltiplos crimes, dentre eles, se pode citar fraude empresarial, agressão física e verbal, ameaças, proveito de indefesos...— mantive meu tom de voz em um nível agradável e sério — minha cliente abriu uma denuncia contra o ex marido,apresentou documentos que compravam sua sanidade mental e sua perfeita estabilidade para monitorar sua vida financeira. Contudo,se intitulando responsável pelos bens dela,sendo que não houve casamento por comunhão de bens e tendo o irmão como responsável por cada uma de suas contas bancárias, Domínik Rousseau forjou um contrato, falsificou uma assinatura e se declarou tutor legal da vítima.

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