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    Sabe quando levantamos da cama desejando permanecer todo o dia ali, isolado do mundo e longe de qualquer questionamento que possa surgir? Então,era exatamente essa a ideia que se passava pela mente de Dylan. O rapaz não sabia o certo, não conseguia entender como havia se submetido a um sentimento unilateral, tão pouco imaginava uma forma de se livrar dele. Então, enquanto não achasse uma forma de se proteger emocionalmente, tentaria limitar sua aproximação.

     Haviam batido em sua porta tantas vezes que não fora capaz de contar. Sabia ser sua amada,aquela que arrancava suspiros de si e lhe fazia sentir-se como um tolo apaixonado. Tinha passado daquela fase onde conseguia se fazer indiferente ao sentimento, já não conseguiria disfarçar a infelicidade por ter de aconselhar,de dizer para que houvesse mais insistência,quando na verdade, queria apenas que Alina cedesse ao racional e se permitisse enxergar o que realmente acontecia naquele casamento fracassado.

     Então, sentindo-se cansado de encarar àquele quarto e se frustrar por ouvir a voz manhosa e adocicada chamar por seu nome, Dylan se levantou e seguiu para o banheiro,onde ligou o chuveiro e despiu-se com o intuito de livrar-se das tensões musculares formadas em cada centímetro de seu corpo. E antes,havia pego o aparelho celular, precisava conversar com alguém,fazer uma ligação de grande importância.

     Ashley era sua conselheira. Mesmo nunca tendo dito o nome da mulher que lhe atormentava os pensamentos, mantendo sempre a indentidade encoberta,Dylan sabia que sua amiga lhe diria palavras acolhedoras e que o faria repensar em todas as suas decisões, inclusive,o diria para continuar insistindo na garota.

      — Me surpreendo sempre quando você me liga. Está precisando de algo? — atendendo a ligação,a mulher deixou audível sua respiração de alguém, realmente, surpresa.

     Dylan até pensou em dizer algo, contradizer a acusação deliberadamente e direta,no entanto,estava tão distraído com tudo que ao menos conseguiu formular algo,até mesmo as perguntas e pedidos que tinha em mente haviam se esvaído em um passe de mágica. Então,restava para Ashley expor sua opinião sem de fato compreender quais seriam os motivos diretos do amigo.

     — Sabe que deve rever o que realmente pode ser bom para você, não é? Dylan,essa mulher está apenas lhe prejudicando,chegará uma hora na qual você estará se diminuindo...— um suspiro foi ouvido.

     O rapaz se manteve em silêncio,permitiu que todas as palavras e conselhos de Ashley adentrarse seus pensamentos e começasse a fazer sentido para si. Amar alguém era uma tarefa perfeita e maravilhosa,o sentimento trazia consigo a sensação de se estar flutuando sobre as nuvens. Entretanto,para Dylan,amar Alina era o mesmo que enfiar uma adaga em seu peito a cada amanhecer.

     E por alguns segundos,se questionou se realmente valeria a pena,se perguntou se Alina faria valer a pena cada ferida encoberta. Não era como se estivesse culpando a mais nova, não,longe disso,na nova concepção de Dylan,sua mente estava o fazendo perceber que não se pode lutar sozinho,ainda mais quando a batalha é em dupla.

      — Acha que devo esquecer isso? Devo por um ponto final em cada idealização,sonhos e desejoso? Pois é exatamente isso que estou cogitando em fazer, Ash!

    A mulher se manteve calada, tentando encontrar novas palavras para dizer ao amigo. Ela odiava saber que ele estava sofrendo nas mãos de alguém que ao menos percebia seus interesses, detestava a imagem desse alguém capaz de não enxergar como o rapaz poderia estar ferido ao extremo. Então, mesmo que ela soubesse que o rapaz estivesse desejando uma resposta concreta e verdadeira em todos os sentidos, Ashley contornou:

       — Assim como não desejo lhe ver se destruindo por alguém que ao menos percebe seus sentimentos, não quero lhe ver se lamentando por não ter feito mais do que deveria. Você é adulto e sabe o que pode, ou não, suportar.

      Apesar de tudo,de cada noite que passaram juntos,todas as brigas e coisas comuns na vida, Dylan tinha um carinho enorme pela amiga,a admirava e lhe defenderia do que fosse necessário. Então, sabendo que ela não teria mais o que lhe dizer sobre dado assunto,se despediram e a ligação foi encerrada.

      Seria mentira se dizer que Dylan não passou o banho inteiro pensando no conselho e em como poderia contornar a situação em que se colocara por uma covardia de sua parte. Ele sabia que se estava vivendo aquele caos,tudo se devia a sua inteira culpa, afinal,se calou no momento em que teve a chance de se abrir emocionalmente.

     Então,ao se vestir adequadamente e tendo as chaves de seu carro em mãos,o homem desceu aquelas escadas e passou direito pelos pais de Alina,os ignorou mesmo sendo questionado se estaria tudo bem. Apenas continuou com seus passos e se retirou da casa.

     — Dylan, está tudo bem? Fiquei preocupa com você...

    O empresário parou de frente para seu carro estacionado frente a pequena escada. Alina se encontrava ao seu lado enquanto sorria alegremente,feliz por finalmente ter o amigo fora daquele quarto. Sabia que o rapaz precisava de um tempo para si,de privacidade, contudo,estava tão focada em ficar com ele ao seu lado,lhe acalentando e arrancando grandes sorrisos seus que ao menos pensava na possibilidade de se afastar. Alina tinha uma grande dependência da amizade que tinham,da forma como se tratavam.

     Então, se aproximando de Dylan com certo cuidado, a advogada o abraçou sentindo o calor corporal do rapaz,ouvindo os batimentos cardíacos se acelerarem e a respiração se tornar ofegante; parecia ter corrido quilômetros de distância. A menina queria apenas aquilo: se sentir segura com a pessoa que mais lhe queria bem.

      — O que acha de ficar comigo no jardim,depois você pode ler um livro para mim! — convidou, afinal,era algo comum entre eles.

       — Sinto muito,mas não poderei. Peça para seu irmão — não era a intenção soar grosseiro,no entanto, Dylan se sentia sob pressão.

     Ele gostaria de ser um bom amigo,alguém que sequer ousaria a desprezar um convite de sua melhor amiga. No entanto,com tudo o que lhe acontecia e sua mente o fazia pensar,era impossível,seus sentimentos estavam um verdadeiro caos e tudo parecia perder o sentindo a cada vez que Alina se aproximava de si. Dylan a amava. Não era atração ou uma mera paixão,era amor,o mais puro e sincero amor.

       Se sentindo afetada pela forma de agir do amigo, a menina se afastou daquele abraço e se encolheu em seus próprios braços. E mesmo que não pudesse enxergar o que acontecia à sua frente, Alina teve a certeza de que Dylan finalmente havia entrado em seu carro. Sua audição a avisou de tal ato,e quando finalmente teve a certeza de que se encontrava sozinha na frente daquela casa, suspirou e caminhou para o jardim que possuía o lago que tanto gostava de admirar bem antes de ser prisoneira da escuridão,mas que tremia de medo com a possibilidade de se aproximar mais do que o devido. Havia um trauma por trás de tudo isso.

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