- capítulo vinte e sete.

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Tá legal universo, ou você para de me gongar ou eu vou desistir de viver e isso não é um teste.

Faz duas semanas que a Monse foi embora, e pelas mensagens que trocamos parece que ela se instalou bem, o primeiro mês é de teste e apenas temos que arcar com o custo dos materiais, eu só estou usando o seguro de vida do papai para ela e pra realmente o que é preciso, o resto eu estou guardando, como o meu pai pensava no futuro da gente, eu tive que escutar um advogado por quatro horas seguidas falar sobre duas contas que ele tinha com dinheiro guardado, eu não mexeria nelas, só se fosse caso de vida ou morte, mesmo longe ele sempre cuidou da gente e vai cuidar pra sempre.

Tirando toda a burocracia, eu ainda tinha a escola, é meu último ano e eu não havia me ligado muito nos estudos, eu estou estudando que nem uma condenada e a Monse nem está aqui pra me ensinar coisas que eu devia saber e ela não.

- Eu não sei, não gosto de incomodar...

- Zero paciência Esmeralda, já disse que você não incomoda.

- E fora que aquele bando de gente é insuportável.

- Eu só acho que a sua casa é muito grande pra você.

- Eu vou pensar, tá legal? - tento encerrar o assunto.

Ele da de ombros e estaciona o carro, Cesar que estava sentado no banco de trás não abriu a boca nem por um minuto, assim que o automóvel para ele some e entra na casa.

- Não sei mais o que fazer com ele - balanço a cabeça em negação.

Espero ele trancar o carro e entramos na casa, jogo minha mochila no canto da sala e sinto meu estômago roncar.

- Eu estou com fome.

- Tem comida no fogão - boceja enquanto tira a camisa.

Nhami, nhami. Eita meus amores, eu casaria muito.

Viro de costas e caminho para a cozinha tentando conter o meu sorriso que estava muito - safadinho - pro meu gosto.

Ligo as bocas do fogão e sinto o aroma sair das panelas, meu estômago grita por socorro como se eu não tivesse debulhado duas coxinhas, uma lata de refrigerante e um pacote de doritos na cantina. Ao sentir que estava tudo na temperatura certa, sirvo a comida em dois pratos, pego dois garfos e encho dois copos de refrigerante, levo a minha refeição para a mesinha de centro, pego a do Cesar e bato na porta do quarto dele com o pé, ele abre só de cueca e com uma toalha no ombro.

- Eca, se veste pervertido - fecho os olhos e escuto ele rir.

- Eu vou tomar banho, louca.

- Eu vim te trazer isso - passo por ele.

- Deixa aí, já já eu como - grita já no corredor.

- Bom pelo menos ele sorriu... - falo sozinha e coloco o prato e o copo na escrivaninha ao lado do seu celular, escuto o aparelho dele vibrar e sem querer olho para a tela, pego o mesmo e encaro a mensagem... Que filho da puta.

Volto para a sala e sento no sofá respirando fundo, pego o meu prato e começo a comer, o cara tem diversos defeitos, porém sabe cozinhar.
Levo o garfo até minha boca e encaro o teto, porra Cesar.

- O encosto está aqui - a voz do Tristonho chama minha atenção, ele estava acompanhado.

- Tristonho? - finjo interesse - Você ainda não morreu? - arregalo os olhos.

- Mica não olha pra ela, vai que ela te ataca - se dirige a mulher que estava ao lado dele e ela sorri - Spooky, Spooky! - some da minha vista procurando pelo chefe.

- Olá Esme - vem em minha direção.

- Oi Mica - me levanto para abraçá-la - Quer comer?

- A não, muito obrigada - sorri mais uma vez - Eu posso sentar?

Na minha cabeça era estranho uma mulher toda tattoada, fazer parte dos Los Santos e ser fofinha.

- Claro que pode, vem cá - me afasto um pouco para ela ter mais espaço.

Termino o meu almoço e tento ao máximo dar atenção para ela, só que, a única coisa que passa na minha mente é como eu posso matar o Cesar.

- Vamos Micaela - se faz presente com o Oscar ao seu lado.

- Tchau bombón.

- Tachu Mica - sorrimos uma para a outra e ela entrelaça sua mão com a do Tristonho.

Antes deles saírem, o cara mais chato do mundo me xinga e eu simplesmente levanto o meu dedo do meio para ele, e isso é estranho, porque em outra ocasião eu o xingaria até que ele desistisse.

- O que foi? - pergunta com preocupação.

- Que? - tento voltar para o planeta.

- O que aconteceu chica?

- Nada, nada não - engulo seco e levo a louça suja para a pia.

Oscar Diaz me segue e me prende contra a pia.

- O que aconteceu? - conecta nossos olhos.

Respiro fundo.

- Se eu fosse embora, você me trocaria por outra?

- Que? - enruga a testa.

- Você entendeu, deve ser de família, que pergunta mais idiota - cruzo os meus braços.

- Eu não estou entendo nada, eu já te disse que não tem como eu adivinhar o que passa na sua cabeça.

- Me dá licença - coloco a palma da mão em seu peito.

- Espera - leva os dedos até o meu queixo - É por causa da Maya?

Maya? Ele já me disse que sabe de tudo que acontece, mas porque ele não me contaria? A mensagem no celular do Cesar era de uma garota chamada Maya.

- Você sabia! - arregalo os olhos.

- Isso não é da nossa conta, o Cesar já é bem grandinho.

Balanço a cabeça em negação e mordo a parte de dentro da minha bochecha, passo por debaixo do seu braço e caminho até minha mochila, coloco ela nas minhas costas, vou na direção da porta mas quando faço menção de sair escuto alguém me chamar.

- Esme, por que você vai agora?

Seguro as alças da minha mochila e olho para cima, viro devagar e vejo os dois irmãos me encarando.

- Sabe por que eu vou agora Cesar? - caminho até eles - Porque você é um filho da puta de merda!

- Aí, calma - coloca o braço na minha frente.

- O que eu fiz? - pergunta baixo, ele já sabia muito bem.

- A Maya é gostosa né?

- Chica... - segura em minha cintura.

- Me solta Spooky! - tento me desvencilhar de suas mãos.

- Esme, deixa eu explicar, por favor.

- Explicar? Você não precisa me explicar nada - aponto meu indicador em sua direção - Eu sabia que você tinha mudado, mas não sabia que era pra tanto.

- A Monse foi embora, isso não é justo! - grita.

- "Eu sei que você disse que eu sou mais gostosa que a Monse, mas eu quero ouvir de novo" - afino minha voz, ele se assuta pois reconhecia tudo o que eu falava - "Faz duas semanas que a gente não tranza, por favor mini Spooky"!

- Já chega, agora chega! - Oscar me puxa.

- Já chega mesmo - bato em sua mão e ele me solta - Vocês são todos iguais, eu tenho nojo de você - lanço um último olhar sombrio para o Diaz mais novo e saio daquela casa.







En control - Óscar Diaz. Onde histórias criam vida. Descubra agora