- capítulo vinte e cinco.

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Saber que o Oscar estava aqui me deixava feliz, saber que ele estava cuidando de mim era tão gostosinho que me fazia esquecer um pouco da dor. Monse já não é mais a mesma, eu e ela não conseguíamos mais manter uma conversa sem brigar, não a culpo, eu também estou sofrendo. Quinze dias se passaram e tudo que eu fiz foi vegetar e quase nem levantava da cama direito, Cesar cuidou da gente, Jamal me fazia companhia e Ruby sempre trazia a sopa deliciosa que a abuelita fazia para nós. Eu não sei se sobreviveria sem eles nesse momento.

- Você não pode virar as costas e me deixar falando sozinha! - grita da porta do seu quarto.

- Monse, cala a boca! - levo as mãos até os olhos - Que merda!

- Que merda? Você precisa cuidar da gente...

- É o que eu tô tentando fazer - vou na sua direção com pressa - Vê se para de ser mimada e tenta entender que eu também estou mal!

Ela me lança um olhar raivoso e eu posso jurar que se ela tivesse visão a laser eu já teria virado pão queimado. Minha irmã bate a porta com toda a força e eu volto para a cozinha, aonde eu estava tentando fazer o almoço para a gente, desligo o fogo e jogo o prato dentro da pia. Péssimo ato, o barulho foi grande e os cacos se espalharam, um deles acertou minha mão.

- Porra! - abro a torneira e deixo a água cair sobre o corte que eu havia feito.

Isso tudo é culpa dela, a gente sempre conviveu bem e eu sempre cuidei de tudo, aquela ingrata não tem esse direito. Ouço a fechadura da porta dela se abrir e ela se aproximar lentamente.

- Esme... tá doendo muito?

- Sai daqui! - bufo e enrolo um pano de prato na mão para estancar o sangue.

- Eu quero ajudar, desculpa.

- Monse, me deixa em paz! - pego a maletinha de primeiros socorros e me escondo no meu quarto.

Cuido da minha ferida, não foi tão profundo, dou pequenos pontos falsos e faço um curativo. Calço meus tênis, pego minha chaves e vou na direção da porta.

- Onde você vai? - grita enquanto arrumava a bagunça que eu fiz.

Não há respondo, simplesmente saio de casa e começo a andar sem rumo, respiro um pouco, o dia estava nublado, perfeito o céu cinza estava combinando comigo. Sinto os olhares de algumas pessoas, não sei se é porque perdi meu pai ou se é por causa da gritaria da minha casa. Caminho mais um pouco e vejo a barraquinha do flores, me aproximo.

- Bom dia, Marcos...

- Bom dia Esmeralda, está tudo bem? - ele sai do lado de dentro.

- Está sim, só passei pra dar... Oi.

- Olha, meus pêsames, se precisar de mim, eu estou aqui.

- Muito obrigada Marcos - lhe dou um abraço.

- Toma - puxa uma rosa branca de um pequeno cesto - Pra te deixar um pouco feliz.

- Que gentil, você é um anjo - sinto o aroma doce da flor.

Era tão incrível pensar em que havia uma barriquinha de flores aqui em Freeridge, as gangs podiam se matar e atirar para todos os lados, mas a barriquinha de flores do senhorzinho sempre estaria lá, intacta.

- Parece que vai chover - olha para o céu que trovejava.

- Sim - sorrio sem mostrar os dentes.

Escuto barulho de carro e olho para a ponta da rua, era o Oscar, reconhecia o carro dele a kilometros de distância.

- Eita que é o ex louco - cutuca meu ombro me fazendo sorrir.

- Eu já mandei você parar de chamar ele assim.

En control - Óscar Diaz. Onde histórias criam vida. Descubra agora