- capítulo vinte e nove.

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Eu mandei mensagens pro Oscar, ele não respondeu, então a única coisa que me restava era ficar rolando na cama até alguém dar um sinal de vida. Encaro a tela do meu celular e vejo que ainda não há notificações novas. Bufo, daqui a pouco clareia, eu não mandei mensagem pro Cesar, eu realmente estou muito chateada com tudo.

Decido levantar, ando até a geladeira, eu acho que preciso fazer compras, ou não também, sem a Monse e o papai não tem mais graça. Abro o armário e pego uma caixa quase vazia de cereais, me jogo no sofá da sala e encaro o teto enquanto mastigo as bolinhas crocantes.

Meu celular vibra e era o Oscar avisando que estava na frente da minha casa, eu vou até a porta e abro a mesma.

- Cadê o seu irmão? - disparo assim que ele entra.

- Em casa...

- E o menino? Ele tá muito machucado?

- Olha Esmeralda - respira fundo - Eu só vim aqui, pra você parar de me enxer.

Ele estava sem paciência, nossa que surpreendente.

- Então - cruzo os braços - Vai embora.

- Tá, quer continuar com isso - da de ombros.

- Tá! - volto para o sofá.

- Até quando você vai ficar assim?

- Vai embora Spooky, eu não vou mais te enxer.

- Beleza - passa a mão pelo rosto - Se você prefere ficar sozinha.

- Você veio aqui só pra jogar na minha cara que eu sou chata.

- Eu só tô cansado, seria mais fácil se você visse o mundo da mesma forma que eu vejo.

Coço a nuca e encaro minhas unhas que estavam descascando.

- Quer café? - comprimo os lábios.

- Vai ficar mandando eu ir embora?

Balanço a cabeça em negação. Caminho até a cozinha e coloco a água para ferver.

- Eu não gosto de te envolver nesses assuntos, mas ele vai precisar de alguns dias pra se recuperar - encosta no batente da porta.

- Eu avisei pra ele, ele desacreditou - pego o pote com o pó de café e percebo que realmente preciso fazer compras - Ele ainda teve a coragem de colocar a mão no meu rosto.

- Eu fiquei sabendo, na real chica, eu quase nem fiz nada, o Cesar que fez tudo - tira o seu celular do bolso e encara o aparelho por alguns segundos.

- Ele meio que usou isso para extravasar, sabe?

- É, ele tá bem pilhado. Acabei de receber uma foto do merdinha.

- Sério? - me interesso - Eu posso ver?

- Tem certeza? - enruga a testa.

- Sim... Não, espera... - eu sou fraca.

- Quer ou não? - ri nasalado.

Ascento com a cabeça e me aproximo dele, ele vira a tela e eu vejo o menino jogado na rua escura com o rosto inchado e com algumas partes do corpo em péssimo estado.

- Nossa... - suspiro - Eu avisei pra ele, que merda.

- Agora ninguém mais vai mexer com você.

- Que... bom - franzo o cenho.

- Não fica pensando muito nisso, eu sei que você é fraca.

- Ei, claro que não, você tá me ofendendo.

- Tá, desculpa - debocha.

- Eu sou muito forte - murmuro enquanto percebo que a água já estava borbulhando.

Passo o café e sinto o aroma delicioso subir no ar, olho pela janela e percebo que o sol já acordou.

- Oscar - chamo sua atenção e ele guarda o iPhone no bolso - Por que você não me contou sobre a Maya?

- Porque o Cesar pediu, e eu também sabia como você reagiria.

- Eu fiquei super chateada com o que eu li, de verdade - despejo o líquido quente nas xícaras que estavam no escorredor de louça.

- Eu sei, só que não precisa gritar daquele jeito.

- Precisava sim, o Cesar mudou muito - lhe entrego a bebida - Não tem quase nada de açúcar.

- Hoje tá gostoso - diz logo após tomar um gole.

- Eu sei, foi eu que fiz - pego uma colher na gaveta e coloco mais açúcar no meu copo, tipo, muito mais açúcar no meu copo.

- Precisava ficar sem falar comigo?

Espera, eu nunca cheguei nessa parte...

[...]

Depois do meu cafezinho eu pedi pra ele me levar ao mercado, ele disse que não queria, mas mesmo assim eu fiz ele me levar.

- Você sempre fala não - sorrio com todos os meus dentes.

- Eu vou te largar no meio da rua Esmeralda - olha para os lados enquanto dirige.

- Não vai não, você não tem coragem.

- Quer pagar pra ver chica?

- Eu quero - ascento com a cabeça.

- Aí, fica quietinha e não fala nada - muda o semblante.

- O que, por que? - enrugo a testa e percebo dois homens parados na calçada.

- Quietinha chica.

Eu engulo seco.

- Spooky! - grita ao ver o carro se aproximar.

Oscar diminui a velocidade e para ao lado deles.

- A gente pode conversar? - o mais velho pergunta se curvando.

Ele apenas o encara e balança a cabeça.

- É sobre o Matew, ele chegou em casa todo machucado.

- Pai, tem certeza que...

- Cala a boca! - interrompe o menino que estava ao seu lado - Como o bairro é seu, nós pensamos que...

- Se o seu filho apareceu machucado pode ter certeza que não foi atoa.

- Então você sabe o que aconteceu?

- Talvez sim - da de ombros - Mas, o que eu ganho com isso?

- Você pode apenas responder a nossa pergunta? - o mais novo da um paço para frente.

- Não gosto muito dessa brincadeira de pergunte ao mexicano.

Os dois se calam e o Spooky diz tchau e sai acelerando com força. Eu começo a sorrir.

- Que foi?

- Pergunte ao mexicano... - gargalho.

En control - Óscar Diaz. Onde histórias criam vida. Descubra agora