- capítulo dezoito.

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Eu fugi, tudo o que eu tenho feito é fugir dele, não tem nem três dias que eu estou nessa casa e já está virando um inferno. Consigo levantar depois de um grande custo, dormi tarde e isso sempre me faz mal, caminhei até o banheiro e me despi, tomo um banho quente e consigo me despertar. Me enrolo na toalha e caminho até o quarto de Cesar, onde estava minhas coisas, normalmente tenho dormido no sofá ou aqui na cama quando eles saem para a escola, no caso escola é o lugar onde eu não tenho frequentado ultimamente.

- Chica - encosta no batente da porta me assustando.

- Ai seu babaca, que susto - coloco a mão sobre o peito que estava coberto apenas pelo tecido branco.

- Desculpa, não queria te assustar, só queria te ver - sorriu com malícia.

- Vai se foder, nem quando a gente transava eu me trocava na sua frente! - cuspo as palavras e o empurro.

- Por falar nisso... - brinca.

- Oscar, eu te odeio! - bato a porta com força.

- Você fica mais chata quando está brava - grita do outro lado enquanto gargalha.

Idiota, babaca. Lindo, gostoso. Eu vou acabar surtando se não beijá-lo novamente. Sinto tanta falta de tê-lo que chega a ser engraçado já que estamos tão perto um do outro.

- Quer responder algumas das suas mensagens? - se acomoda ao meu lado assim que me sento no sofá.

- Não, eu quero ter o meu celular, só pra mim.

- Espera mais um pouco então - da de ombros.

- É o que eu estou fazendo.

- Deve ser difícil ignorar as mensagens que o Marcos te manda todos os dias.

- De novo isso? O cara é meu amigo e eu sou solteira.

- E você acha que eu ligo? - deita a cabeça no sofá fazendo com que eu observe as tatuagens do seu pescoço.

- Sabe o que eu acho? Acho que você deveria ir se fo...

- Olha a boca! - me interrompe - Não dá pra ter uma conversa civilizada.

Penso em milhares de respostas que eu poderia simplesmente cuspir em sua cara.

- Sabe, eu te esperei Oscar, te esperei todos os dias.

- Como assim? Você disse que não queria me ver.

- Quando caímos dessa vez eu pensei que seria a última.

- Como assim?! - pergunta novamente.

- Esquece! - balanço a cabeça, sabia que seria estúpido.

- Eu não te entendo.

- É que, você é tudo, tudo o que eu não deveria gostar.

- E você gosta?

- Pra caralho - sussurro.

- Então, volta pra mim - desliza os dedos em meu queixo.

- Eu tô aqui, agora.

- Não, você tá longe.

- Eu não quero ter que voltar com você, o Spooky é complicado.

- O Oscar disse que queria fazer tudo diferente naquelas mensagens, lembra? - se aproxima.

- Sim, e o Spooky disse que aquelas mensagens foram idiotices.

- Você tem que aprender a diferenciar um do outro.

- Você é um só, ou você aprende a lidar com os seus sentimentos ou a gente nunca vai rolar.

- E se a gente esquecer tudo isso e só deixar acontecer o que sempre acontece entre nós.

- Só que se for pra ser assim, eu não quero - afasto sua mão do meu rosto.

- Tudo bem, quando você quiser é só me procurar, só não demora muito, a Maria não para de mandar fotos dos machucados dela - brinca.

- Vagabunda, eu devia ter picotado aquele cabelinho del... - sou interrompida por toques na porta.

- Spooky, chegueeei - diz em melodia.

- Ah não, esse cara não sai daqui?

- Eu cheguei primeiro, eu sou de casa.

- Esmeralda, respeita o Tristonho.

- "Tristonho" - sorrio - A Esmeralda não quer respeitar ele.

- Por Dios, cresçam.

- A gente vai ter que trabalhar na presença disso aí? - aponta para mim.

- Sim, ou você quer me expulsar?

- Lembra do que ela fez com a Maria.

- Verdade Spooky, é melhor não mexer.

- Me erra!

Eles sorriem um para o outro e se acomodam ao meu lado, me afasto um pouco para dar espaço, Tristonho tira da mochila alguns cadernos e eles começam a falar de números. Uau, minha cabeça vai fritar.

Aos poucos vão chegando mais pessoas, e quando me dou conta a casa já estava lotada de Santos que bebiam e falavam sobre drogas e carros, e a mulheres simplesmente eram mais intimidadoras que eles.

Fico ainda mais quieta no meu canto, Oscar se aproxima e me mostra uma mensagem.

- A Monse e o Cesar vão almoçar na casa do Jamal - diz para que só eu escute.

- Que saco - bufo.

- A casa tá cheia, você pode conversar com todo mundo.

- Não fode - cruzo os braços.

- Depende com quem - fala ainda mais baixo.

- Babaca - sinto minhas bochechas esquentarem e vejo ele sorrir - Vê se o Ruby não pode vir para cá.

Ele se afasta um pouco e digita em seu celular. Alguns minutos se passam e eu estava quase dormindo no meio daquela bagunça toda. Ruby se faz presente na porta da entrada e eu pulo indo em sua direção.

- Finalmente - o abraço.

- A casa tá cheia né - engole seco.

- Para Martínez, entra e me faz companhia - seguro em seu braço e o puxo até o Oscar - Vamos para a cozinha.

Ele ascente com a cabeça e me dá um mini, mini, mini sorriso. Arrasto o meu amigo até o local e me sento na bancada.

- Vai me conta tudo, eu sei que tem muita fofoca guardada em você.

- Que bom que sabe gata, eu vou explodir sua cabeça de tanta novidade - ascente várias vezes com a cabeça e senta ao meu lado.

[...]

- Eu não acredito? - grito.

- Pode acreditar boneca - cruza as pernas.

- Ela está grávida? - tampo a boca com a mão para demonstrar minha surpresa.

- Garota, ela saiu ilesa de uma DST, aquele cara é o maior porco.

- Ruby, não fala assim - gargalho.

- Não falar o que? - adentra o cômodo.

- Não é da sua conta - semicerro os olhos.

- Se não fosse, eu não perguntaria - movimeta a cabeça com deboche.

- Tristonho, eu acho que tem gente te chamando - cruzo os braços.

Ele me mostra o dedo do meio e caminha até a geladeira para pegar cerveja.

- Desde quando você tem outros amigos? - sussurra em meu ouvido.

- Ele não é meu amigo.

- Claro que não sou, ela só me deu detalhes do chá dela e....

- Cala a boca! - grito para interromper ele.

En control - Óscar Diaz. Onde histórias criam vida. Descubra agora