Capítulo 13| Grande Guardião [Actualizado]

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- Parece que o Veller sumiu outra vez. - Verhus disse, encarando a sua filha mais nova, que o fitava de volta.

- Como sempre. - Yzel respondeu de imediato, se virando novamente para o seu prato sob a mesa de pedra.

- Será que vocês nunca se perguntam o motivo dele simplesmente sumir assim do nada? - Miryam indagou num tom acusatório, encarando a Yzel que estava de frente para ela na mesa retangular de seis lugares. - E o estranho, é que sempre é na hora das refeições.

- Não sei se é verdade, mas escutei alguns soldados e servas dizendo que ele sempre retorna com manchas de sangue pelo corpo. - Yzelin comentou, encarando a árvore que crescia no centro da mesa verde - que fazia contraste com o relvado verde que reluzia alegremente, como esmeraldas ao sol -, atravessando-a, formando uma sombra circular ao redor da mesa, proporcionando uma agradável e aconchegante brisa.

- T... - Vergus pousou o garfo e curvou a coluna e a cabeça, encarando suas pernas cruzadas sobre a grande almofada na qual ele sentava, assim como todos da sua família, quando notou que os olhares da sua família sobre si. - T-Talvez... Ele apena faça... Uma... Caçada? - disse quase sussurrando, após apertar os punhos e forçar as palavras a saírem, empurrando seus óculos de volta ao rosto, quando eles quase caíram.

- Você é muito ingénuo, maninho... mas talvez você tenha razão, talvez ele realmente esteja fazendo uma caçada... - disse Miryam fitando o seu irmão que estava a sua esquerda, ao lado do rei e de frente para a Yzelin, antes de voltar a encarar a Yzel. - ... Uma caçada as crianças.

- Por que você é assim com o Veller? - Yzel indagou, se deixando levar pelas provocações da irmã que a encarava maliciosamente. - O que ele fez contra você para causar tanta desconfiança?

- Contra mim ele não fez nada... Pelo menos, não ainda... - deslizou seu olhar indiferente ao redor do jardim, onde diversas plantas tinham sido moldadas ao redor do relvado, como se de paredes de tratassem, inspirando em seguida, sentindo profundamente o aroma de flores que devorava qualquer outro cheiro naquele local. - Mas pensem comigo! Para além de ele ter surgido do nada num momento oportuno, matado feiticeiros usando uma brutalidade desnecessária, ter assimilado características animais em seu corpo, ter demonstrado tendências psicopatas e se infiltrado com sucesso no palácio. Sei lá, vocês não acham ele muito suspeito?

- Não estou querendo defendê-lo mas, ele mesmo disse não devorar humanos. - Yzelin relembrou, afastando o seu prato de salada já sem apetite, com uma expressão enjoada após relembrar os acontecimentos do dia em que conheceu Veller.

- Até pode ser... - Miryam concordou encarando Yzelin, fazendo uma breve pausa antes de então continuar. - Mas não esqueça que humanos não são a única raça vivendo neste reino.

Todos se calaram quando o rei ergueu a cabeça com seus olhos cor de mel fitando a árvore no centro da mesa, tendo alguma visão do lugar vago a mesa, bem diante de si, onde sua esposa costumava se sentar.

- Será que podemos comer em silêncio? - murmurou, logo após um logo suspiro, tendo algumas lembranças das refeições em família, junto com sua esposa, quando risos e gargalhadas não davam lugar a brigas e discussões.

Foi então que um soldado de armadura vermelha adentrou o jardim por um caminho de pedra feito até próximo a mesa onde a família real estava.

- Majestade... Altezas. - disse após retirar o elmo da cabeça, fazendo uma reverência antes de se curvar ainda mais, sussurrando algo ao pé do ouvido do rei, e se retirou em seguida.

- Apressem-vos e vão se arrumar, vamos sair em trinta minutos. - Verhus disse após limpar a sua boca com um guardanapo, se levantando em seguida.

- Trinta minutos? - Yzelin se levantou indignada, como se tivesse sido insultada pelo pai. - Como o senhor espera que eu me arrume em trinta minutos?

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