Something New || h.s. #Wattys2016

Chapter 35

Nina

Peguei na chávena de café que estava sobre a mesa da cozinha e levei-a aos meus lábios, enquanto observava com atenção Anne que estava a fazer torradas para o pequeno-almoço. O meu pai estava sentado também à mesa, comigo. Harry ainda não tinha descido, e eu estava a achar bastante estranho que ele estivesse a demorar tanto tempo a descer. Normalmente, ele descia sempre primeiro que eu. Possivelmente está só a demorar um pouco mais, e eu devo estar a exagerar.

'Querida, hoje a Valerie e o namorado vêm cá jantar. Dizem que têm boas notícias.' O meu pai proferiu, levando de seguida café aos seus lábios. Observei-o de forma repentina, assim que ouvi o que ele dissera. A última coisa que precisava era de ver aquela víbora, falsa.

'Boas notícias era se ela não fosse minha prima.' Disse, sem conseguir evitar um revirar de olhos. Soltei um suspiro ao ver a reação do meu pai, repreendendo-me. Ouvi passos a descer escadas, e logo os associei a Harry. Permaneci, no entanto, na mesma posição.

'Onde é que ela trabalha, mesmo?' a voz de Harry fez-se ouvir, enquanto ele caminhava até Anne. Beijou a sua face docemente, estendendo depois a mão ao meu pai que este apertou desajeitadamente pois estava a comer.

'Trabalha no hospital, na unidade dos pacientes com cancro.' James respondeu, focando os seus olhos no meu namorado. Olhei Harry que se aproximava de mim, baixando-se, e beijando docemente a minha testa. O meu pai enrugou a testa numa expressão de confusão, e Anne apenas sorriu com o gesto do filho. Harry sentou-se na cadeira ao meu lado e pegou num bocado de pão, trincando o mesmo.

'Cabra.' Murmurei olhando a comida por baixo de mim. Harry soltou um baixo riso ao ouvir as minhas palavras. Nem acredito que depois de tudo o que aconteceu, ela era capaz de trabalhar naquela área. Ela que trabalhe no hospital, que faça o que quiser, mas trabalhar na área dos pacientes com cancro parece que era a gozar completamente connosco.

Quando a minha mãe estava doente, e começou a demonstrar os primeiros sinais de estar com cancro, fomos imediatamente ter com Valerie, visto que ela estava a estagiar no hospital. Os pacientes com cancro demoram normalmente imenso tempo na lista de espera, e como Valerie já trabalhava no hospital, conseguiria com que a minha mãe fosse vista com mais rapidez. No entanto, quando fomos ter com ela, ela agiu como se não nos conhecesse, como se fôssemos completamente estranhas. A minha mãe demorou imenso tempo para conseguir ser examinada, e tudo porque a Valerie foi uma completa cabra. No funeral da minha mãe agiu como se elas fossem as pessoas mais chegadas possíveis. Chorou baba e ranho, ou seja, lágrimas de crocodilo.

Levantei-me do sítio onde estava sentada, chateada com o facto de eles virem cá jantar. Arrumei a minha cadeira e andei rapidamente até ao meu quarto. Encostei a porta e sentei-me sobre o sofá debaixo da minha janela. Foquei o meu olhar na janela, onde observava os vizinhos que mudavam a mobília. A porta do meu quarto abriu-se um pouco, revelando assim o rapaz de caracóis.

'Amor, não fiques assim.' Ele murmurou olhando-me, entrando no quarto. Fechou a porta e caminhou até mim, as suas mãos pousaram docemente sobre as minhas, fazendo com que eu me levantasse de onde estava. Fiquei de pé em frente a ele, e pousei as minhas mãos sobre o seu peito, elevando o meu olhar até aos seus olhos. Nos seus lábios formou-se um pequeno e delicado sorriso. Estiquei o meu corpo ligeiramente e depositei um pequeno beijo sobre os seus lábios, encostando em seguida a minha cabeça no seu peito, num abraço. Os seus abraços apertaram o meu corpo e eu apenas fechei os meus olhos. 'Encontrei um apartamento com uma renda barata, podíamos aproveitar.' A sua voz rouca murmurou, fazendo-me abrir os olhos.

'Quem me dera que fosse assim tão fácil.' Murmurei enquanto focava os meus olhos nos seus verdes. Passei o meu dedo sobre os seus lábios que morderam carinhosamente o meu dedo. Soltei um pequeno sorriso, e as suas mãos rodearam a minha cintura.