Something New || h.s. #Wattys2016

Chapter 7

Saí agora de forma delicada e calma do seu colo, pousando calmamente cada pé no chão da sala. Caminhei até à árvore de natal e peguei num saco onde tinha a prenda para Harry. Olhei o saco pensando que o que eu lhe iria dar não era tão bonito como o que ele me dera. Nunca eu pensara que ele me fosse dar esta pulseira.

Elevei o meu olhar do saco preto para ele, enquanto caminhava de novo na sua direção. Estendi-lhe o saco, que ele logo agarrou com as suas mãos, sem que um sorriso saísse da sua face. Sentei-me ao seu lado, olhando atentamente a sua face. Parecia agora um miúdo pequeno, na manhã de natal. As suas bochechas estavam rosadas e os seus caracóis tapavam-lhe a sua testa ligeiramente. Na sua face estava desenhado um sorriso, podendo assim eu ver o quão bonito era o mesmo. Senti o seu olhar posto em mim, olhando de forma atenta os meus olhos.

'Passa-se alguma coisa?' ele proferiu sempre com um sorriso nos lábios, sem deixar por um segundo que fosse de olhar os meus olhos bastante azulados. Entreabri ligeiramente os meus lábios avermelhados, sem me aperceber que estava a olhar para ele possivelmente à demasiado tempo.

'Não. Abre, por favor' disse com o meu tom de voz doce enquanto olhava o saco que ele tinha na mão.

Harry num gesto rápido abriu o saco, tirando em seguida os vários papéis que o mesmo tinha. Uma partida da minha parte? Sim, muito possivelmente. Ele olhou para mim soltando uma leve gargalhada ao ver que eu tinha posto tantos papéis dentro daquele saco. Em seguida tirou a carteira preta que tinha um padrão axadrezado. Olhei para ele, esperando alguma reação ou algo da sua parte.

'Obrigado' ele proferiu apenas com um sorriso nos lábios enquanto chegava o seu corpo para o meu e me apertava ligeiramente contra si. Elevei o meu olhar para o meu pai que nos olhava com um sorriso na face. Eu sabia que tinha sido bastante difícil quando nos movemos para aqui. Eu e o Harry mal falávamos um com o outro, era apenas o básico, como "Passa-me o açúcar" ou "Dá-me o comando". Tinha sido, na verdade, um início bastante complicado entre nós dois. A minha relação com Anne era no início bastante distante, não que agora seja muito diferente, mas pelo menos agora já consigo ter uma conversa dita "normal" com ela.

A minha relação com Harry mudou bastante desde o dia em do casamento dos nossos pais. Talvez ele tenha percebido que eu não sou aquela criança 'mimada' que ele pensava que eu era. A verdade é que a minha mãe morreu, mas não me tornei a típica rapariga que tem tudo o que quer porque as pessoas têm pena de mim. Tudo o que aconteceu na minha vida até agora apenas fez com que eu me fechasse, que vivesse no meu próprio mundo. Este meu mundo é demasiado bom, demasiado quente para eu ter vontade de sair do casulo, de ter vontade de ir para o verdadeiro mundo onde tudo não passa de guerras, de fome, pobreza, de traições e desamores. É demasiado para mim. Apenas quero tentar se feliz, no meu mundo.

'Nina, querida, estás bem?' ouvi uma voz à minha frente proferir. Elevei o meu olhar rapidamente para os olhos que me olhavam preocupados, enquanto abanavam suavemente o meu corpo. Olhei para eles ligeiramente confusa enquanto acenava com a minha cabeça de forma positiva.

'Estás tão pálida' murmurou aquela voz rouca que se encontrava ao meu lado. Olhei para ele enquanto levava as minhas mãos às minhas bochechas, levantando-me do sofá.

'Bem, é melhor irmos andando' disse a voz grave do meu pai, enquanto ele e as restantes pessoas que estavam ali se levantavam. Calcei as sandálias, apesar de ser inverno, e caminhei calmamente até à porta de entrada. Entrámos todos no carro do meu pai, Anne e James nos lugares da frente e eu e Harry nos lugares de trás. Observei Harry que também me observava. Olhei para ele esboçando um pequeníssimo sorriso. Olhava o vidro do carro, vendo assim a neve que caía lá fora. No rádio passavam as famosas músicas de natal. O meu pai e Anne cantavam as músicas entusiasmados, enquanto iam trocando olhares um com o outro. Olhei para Harry achando aquela situação demasiado engraçada para não rir. Soltei um leve riso olhando-o, que logo foi retribuído por ele.