meu antigo amor

22. a troca

Isso ia contra tudo o que Yor acreditava e até que era bom, mas perigoso, perigoso de mais. Medo? -muito - , receio? - de foder as idéias - , um cagaço danado? - puta que pariu! - , mas tinha em mente de que estava fazendo a coisa certa, salvando a vida de Loid e garantindo sua liberdade.

- por onde vamos, Yor? - pergunta o loiro olhando a escada e o andar de baixo, onde haviam alguns homens vestidos de preto que vigiavam a área.

- se não for essa saída, tem a da cozinha que é para os empregados, mas... - ela começa a pensar em uma forma mais segura. - ah - ela suspira derrotada. - , não dá, tem que ser por aqui.

- não tem uma opção menos... chamativa?

- olha só, ainda tô furiosa com você, então para de reclamar e me ajuda a pensar. - diz com raiva na voz.

Ela olha para os capangas do tio e começa a analisar o local, para sair de lá sem chamar atenção, só se eles saíssem de perto da porta por conta própria, mas de qualquer forma, teriam mais do lado de fora. Somente com algo bem chamativo daria para chamar a atenção de todos os guardas, só assim, eles poderiam sair sem que desse na vista.

- já sei! - ela diz puxando o homem pelo corredor, praticamente de joelhos para não serem notados. - meu tio costumava trazer o Yuri e a mim aqui, eu para treinar e o Yuri pra ter aulas extras durante as férias. Depois de uns anos, meu irmão acabou descobrindo uma passagem secreta nos fundos da biblioteca e quando queria me procurar, entrava pela passagem com a esperança de me ver passando pelos corredores.

- então seu irmão também sabe? Do seu tio?

- não, ele nem sabia que essa casa era do nosso tio, nosso tio nem existe na mente do meu irmão. O Yuri acreditava que eu trabalhava aqui depois das aulas e como durante as férias ele não teria com quem ficar, eu o trazia e meu tio pagava alguém para ajudá-lo a estudar. Nunca contei da passagem pro meu tio, nem sei se ele mesmo sabe.

- bom, se essa casa é dele...

- não, ele comprou essa casa de um homem que eu mesma matei. Foi minha primeira vez usando uma faça afiada sem ser pra cortar carne ou legume.

Seu olhar fica no caminho, ela sabia muito bem que a mansão não tinha câmeras, pelo fato de o tio ter medo de poder ser rastreado, portanto, o homem escolhia seus seguranças a dedo, ele conhecia o rosto e o caráter de todos que trabalhavam em sua casa, uns por amizade, a maioria por obrigação. Chantagem.

Loid podia ver Yor e Yuri andando pelos corredores com ambições, sonhos e maneiras diferentes de viver na cabeça. Um irmão mais novo que sempre admirou a irmã mais velha como se ela fosse a única pessoa para ele. E uma irmã mais velha que só queria cuidar de seu irmão mais novo. Seu único irmão.

- eu sinto muito que sua vida tenha sido desse jeito, Yor. - ele sussurra com vergonha de estar naquela situação com ela, quando poderia ter ouvido a filha e evitado tudo isso.

- não precisa sentir... - ela continua em silêncio, mas abre um pequeno sorriso de canto contente por ele ter a bondade de se preocupar.

Os dois entram na biblioteca em silêncio, analisando cada canto que era visível pelo ângulo da porta. Yor faz sinal para que ele a siga com o dedo, devagar, ela se dirige para os fundos da biblioteca, passando pela última estante, ela congela, logo empurrando Twilight para que o mesmo não continuasse andando.

- olá Yor. - o agente ouve uma voz fraca, era de alguma mulher de meia idade, a mulher parecia ter uma autoridade imponente, vestia roxo e aparentava até mesmo ser uma governanta, o homem conseguia ver muito pouco da senhora, devido aos livros grandes que tinham nas estantes. - Algum problema querida?