Gato, rato e Cão

72 4 0
                                    

Estavamos paralisados de horror sob a Capa da Invisibilidade. Os últimos raios do sol poente lançavam uma claridade sangrenta sobre os imensos campos sombrios da escola. Então, atrás de nós, ouvimos um uivo selvagem.

- Hagrid – murmurou Potter. E, sem pensar no que estava fazendo, fez menção de dar meia-volta, mas Ron e Hermione o seguraram pelos braços.

- Não podemos – disse Ron, que estava branco como uma folha de papel. – Hagrid vai ficar numa situação muito pior se souberem que fomos à casa dele...

A respiração de Hermione estava rasa e desigual.

- Como... puderam... fazer... isso? – engasgou-se a garota. – Como puderam?

- Vamos – disse Ron, cujos dentes davam a impressão de estar batendo.

Voltamos ao castelo, andando devagar, para nos manter escondidos sob a capa. A claridade ia desaparecendo depressa agora. Quando chegamos à área ajardinada, a escuridão desceu, como por encanto, a toda volta.

- Perebas, fica quieto – sibilou Ron, apertando a mão contra o peito. O rato se debatia, enlouquecido. Ron parou de repente, tentando empurrálo para o fundo do bolso. – Que é que há com você, seu rato burro? Fica parado aí... AI! Ele me mordeu! A culpa é toda sua S/n, você assustou ele!

- Ron, fica quieto! – cochichou Hermione com urgência. – Fudge vai nos alcançar em um minuto...

- Ele não quer... ficar... parado...

Perebas estava visivelmente aterrorizado. Contorcia-se com todas as suas forças, tentando se desvencilhar da mão de Ron

- Que é que há com ele?

Esquivando-se em direção a gente, o corpo colado no chão, grandes olhos amarelos que brilhavam lugubremente no escuro: Bichento.

- Bichento! – gemeu Hermione. – Não, vai embora, Bichento! Vai embora!

Mas o gato se aproximava sempre mais...

- Perebas... NÃO!

Tarde demais! O rato escorregou por entre os dedos apertados de Ron, bateu no chão e fugiu precipitadamente. De um salto, Bichento saiu em seu encalço, e antes que pudéssemos detê-lo, Ron arrancara a Capa da Invisibilidade e se arremessava pela escuridão.

- Ron! – dizia Hermione.

Saímos correndo atrás do ruivo; era impossível correr com desenvoltura com a capa por cima; arrancaramos e ela ficou voando para trás como uma bandeira.

- Fique longe dele... fique longe... Perebas, volta aqui...

Ouviu-se um baque sonoro.

- Te peguei! Dá o fora, seu gato fedorento...

Paramos derrapando diante de Ron e quase caímos em cima dele. Ele estava esparramado no chão, mas Perebas já estava de volta ao bolso; Ron apertava com as duas mãos um calombo trepidante.

- Ron... vamos... volta para baixo da capa... – ofegou Hermione. – Dumbledore... o ministro... eles vão voltar para o castelo já, já...

Mas antes que pudessemos nos cobrir outra vez, antes que pudessemos ao menos recuperar o fôlego, ouvimos o ruído macio de patas gigantescas. Algo estava saltando da escuridão em sua direção – um enorme cão negro de olhos claros.

Black investira dando um enorme salto, e suas patas dianteiras atingiram o garoto no peito; Potter caiu para trás num redemoinho de pelos; sentiu o hálito quente do animal, viu seu dente de mais de dois centímetros...

A Prometida - HogwartsOnde histórias criam vida. Descubra agora