Capítulo 1| Vinte e sete dias

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Antonella Donati

Estava provando pela última vez o vestido que usaria na festa de hoje à noite. Era o aniversário de dezoito anos de Aurora Ferraro, irmã de Fabrízio e prima de Francesco Ferraro. Minha mãe estava empolgadíssima, ela tinha escolhido o modelo e a cor como sempre. Eu preferia um pouco mais de cor, talvez alguns centímetros a menos no comprimento, entretanto, ela dizia que eu tinha que ser discreta e respeitável.

Eu já estava acostumada às suas imposições, buscando sempre a perfeição. E também já havia me acostumado a todas as exigências que a nossa posição exigia de nós. Desde que me entendo por gente eu tenho aprendido qual o meu lugar, a minha real importância na famiglia.

O que devo, ou não, fazer, o que é adequado dizer, como devo me comportar, quais roupas devo usar. O modo como as pessoas esperam que eu aja e desde os meus treze anos a minha vida ficou um pouco pior, pois eu fui a escolhida.

Eu gostaria de ter ir à faculdade, queria viajar, conhecer pessoas e lugares, mas isso não era permitido a uma jovem como eu, porém, as circunstâncias não me impediram de estudar, na minha casa tínhamos uma biblioteca imensa e com a ajuda do meu
irmão Matteo eu tinha um celular.

O conhecimento é algo poderoso e eu amava aprender. Foi lendo e pesquisando na internet que sabia coisas que meus pais nem sonham. E através de um perfil anônimo eu acompanhava a vida do meu noivo, que era bem diferente da minha.

Ninguém sabia quem ele era de verdade fora da Itália, longe do nosso país ele era apenas um herdeiro bilionário, que apesar de noivo, frequentemente era flagrado em festas acompanhado. Ele podia viajar, estudar, morar em outro país, conhecer pessoas e lugares novos, ele podia até mesmo me trair.

A Francesco tudo era permitido, apenas por ser homem.

O pouco que eu sabia sobre meu noivo era por meio das revistas de fofocas e conversas que eu ouvi escondida atrás das portas.

Apesar de sempre acobertarem as suas "escapadas", que aliás ele nunca fez questão de esconder, eu via as fotos, os vídeos, nos quais ele se agarrava cada hora com uma mulher diferente.

Já eu, vivia única e exclusivamente me preparando para o meu marido, aguardando o grande dia em que eu me tornaria a futura senhora de toda Famíglia Fratelli D'onore.

O peso do casamento recaía sobre os meus ombros desde o dia que meu pai e Giuseppe Ferraro, o meu futuro sogro, acordaram o meu casamento.

Não sei, com detalhes, como o arranjo aconteceu, não me era permitido ter certos conhecimentos. Meu dever era acatar a qualquer ordem dada pelo meu pai e, depois do casamento, pelo meu marido.

Desde então eu deveria me guardar, pura, inocente e intocável para Francesco, enquanto ele vivia a vida, se divertindo em festas. Ele sim estava aproveitando enquanto eu apenas esperava.

Eu sabia muito bem como o mundo funcionava fora dos portões da minha casa e não me leve a mal, eu nem estou reclamando. Se não fosse a ele eu seria prometida a qualquer outro homem poderoso da máfia ou um associado influente. Pelo menos ele era jovem, bonito poderoso e rico, adjetivos que qualquer garota na minha idade mataria para que seu noivo possuísse.

Nem todas tinham a mesma sorte.

Já estava conformada com o meu destino e sabia que sairia de uma prisão para outra. Na posição que meu pai ocupava dentro da organização, como conselheiro de Giuseppe, o contrato de casamento era inevitável.

E dentro da máfia eles sempre aconteceram.
Casamentos eram contratos, acordos que beneficiavam a organização. Um sacrifício muito pequeno em relação à importância da Fratelli D'onore.

FRATELLI D'ONORE- IRMÃOS DE HONRA - ANTONELLA E FRANCESCO | LIVRO 1Onde histórias criam vida. Descubra agora