Capítulo 3 | Antonella, Antonella, Antonella...

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Francesco Ferraro

Depois da partida de Antonella, vi-me obrigado a permanecer naquela sacada, mergulhando mais fundo na solidão, tentando desesperadamente recobrar minha compostura. O que, afinal, aconteceu? Ao vê-la caminhar solitária para aquele local, meu instinto era apenas espiar, assegurar-me de seu bem-estar, embora nunca tivesse me importado com isso.

Durante os últimos cinco anos, fui mais do que seu noivo. Uma aliança forjada entre meu pai e Marco, o pai de Antonella, selou nosso destino. Quando meu tio Giancarlo, o conselheiro, morreu em uma emboscada e meu pai teve que designar alguém de confiança para o cargo, meu compromisso tornou-se ainda mais importante.

Nas rígidas normas da organização, o primogênito de Giancarlo estava destinado a ocupar seu posto, mas Fabrízio, meu primo, era ainda muito jovem. Contudo, futuramente, assumirá ao meu lado quando eu herdar a posição de meu pai. Uma espera que se prolongará, com a benevolência de Dio.

Os casamentos na máfia não dependiam de alicerces amorosos, sendo meros acordos comerciais. Excluindo aqueles alheios à elite, à cúpula mais elevada. Filhos de soldados, por exemplo, tinham autonomia para escolherem seus companheiros.

Consciente de que meu destino, sempre soube que chegaria o dia de subir ao altar com uma mulher que mal conheceria. Antonella Donati, uma jovem cujo destino foi selado por seu pai, assim como o meu. E não podia contestar, pois Antonella era uma visão de beleza, um anjo com um corpo moldado para o pecado. Eu a observava nas festas que frequentávamos, embora nunca tivesse ousado me aproximar.

O pacto foi selado por nossos pais quando ela tinha apenas treze anos, eu, então com vinte e cinco, com a intenção de fortalecer ainda mais os laços entre as famílias do líder e do conselheiro da Fratelli D'onore.

Uma das imposições do contrato, sugerida por mim, era a obrigação estrita de eu manter minhas mãos afastadas da jovem até atingir a maioridade aos dezoito anos.

Não fiz juras de lealdade durante esse tempo, nem me foi exigido tal compromisso. Assim, segui vivendo intensamente, ciente do compromisso firmado na Itália, que era conhecido por todos.

Esse relacionamento nunca me impediu de frequentar festas, e diversas mulheres compartilhavam minha cama. Contudo, após o casamento, sabia que Antonella seria a única, por isso estava observando-a com olhos atentos em cada oportunidade.

Antonella irradiava pureza e virgindade, destinada a se entregar completamente apenas ao seu marido. Sempre pressenti que nosso casamento seria incrivelmente monótono, desprovido de emoção, entediante...

Na nossa primeira interação, percebi algo oposto de forma impactante.

Inexplicável foi a conexão que experimentei, como se uma força sobrenatural irresistível guiasse minha noiva até mim.

Jamais me permiti ser um homem irracional; sempre ponderava antes de agir, especialmente devido à minha vida. Qualquer deslize poderia resultar em minha morte. No entanto, Antonella me surpreendeu, incitando uma excitação intensa com sua postura provocadora.

O beijo surgiu inevitavelmente da nossa interação. Não resisti à tentação, e se tivesse tentado, teria sucumbido sem dúvida.

Agora encontro-me ansioso pela iminência do casamento, curioso sobre a intensidade da nossa relação.

Quando seus lábios, intensos e famintos por mais, finalmente tocaram os meus, entreguei-me completamente, rendido a ela.

Era um caminho sem volta.

E eu não estava preparado para ser arrebatado por aquela avalanche de sentimentos. Não posso permitir que Antonella se infiltre de forma tão profunda dentro de mim.

FRATELLI D'ONORE- IRMÃOS DE HONRA - ANTONELLA E FRANCESCO | LIVRO 1Onde histórias criam vida. Descubra agora