FRATELLI D'ONORE- IRMÃOS DE HONRA - ANTONELLA E FRANCESCO | LIVRO 1

Capítulo 5 | Visita inesperada

Antonella Donati

Ao entrar em casa, deparei-me com a intensidade do desespero que consumia minha mãe.

—— Onde você estava, minha filha? ——
Giorgia me envolveu em um abraço emocionado, lágrimas escorrendo, enquanto meu irmão, ao telefone, interrompeu a conversa abruptamente para anunciar minha chegada.

—— O que está acontecendo? —— Perguntei deixando a minha bolsa no aparador do hall de entrada. —— Eu estava no salão.

—— Que salão, Antonella? Nós ligamos em todos os salões que conhecemos. —— Matteo fixou seu olhar em mim de maneira estranha, como se lançasse acusações sobre algo que eu certamente não cometi.

—— Eu fui em um que nós ainda não conhecíamos.

—— Você ficou fora por mais de três horas. —— Minha mãe gritou, jogando as mãos para o ar.

—— Cadê o seu celular? —— Meu irmão perguntou e peguei novamente a minha bolsa.

—— Está aqui. —— Procurei pelo aparelho e o encontrei, o levantando no ar.

—— Nós ligamos nos salões, ligamos para a Itália inteira atrás de você. Pensamos que tivesse sido sequestrada. —— Vi minha mãe sentar no sofá e se derramar em lágrimas.

—— Calma, mama. ——  Ajoelhei-me diante dela. —— Estou aqui. —— Sussurrei. Ao verificar o celular, percebi que estava completamente desligado.

—— Está sem bateria, eu não vi. Está tudo bem.

—— O que você foi fazer nesse salão que ninguém conhece? ——  Dona Giorgia lançava olhares que sugeriam uma acusação velada.

Olhei entre ela e meu irmão e fiquei de pé antes de responder. —— Eu fui depilar a minha VA-GI-NA.

—— Pelo amor de Dio, Antonellla! ——  Minha mãe explodiu e pensei que iria avançar sobre mim.

Agarrei minha bolsa com determinação e subi as escadas em direção ao meu quarto. Era só mais essa que me faltava!

—— Volta aqui, Antonella. ——  Ao perceber os passos de minha mãe e Matteo se aproximando, agi rapidamente.

Num gesto ágil, agarrei o carregador na minha penteadeira e conectei-o ao celular, ansiosa por recarregar meu dispositivo. —— Eu não estou acreditando que vocês estão desconfiando de mim.

—— Você foi se depilar? —— minha mãe perguntou num sussurro.

—— O que? —— Perguntei alterando a minha voz. ——  Por que você está sussurrando?

—— Nos dê licença, Matteo. —— Nossa mãe ordenou.

—— Eu não estou acreditando que você fez uma depilação íntima. —— Me repreendeu como sempre fez.

—— Por que? —— Nunca conseguia agir por conta própria; constantemente buscava aprovação e permissão. Já estava exausta desse constante controle em minha vida.

—— Você nem sabe se o seu futuro marido gosta.

Por breves momentos, fiquei imóvel, absorvendo cada palavra, tentando processar se ela realmente ousara proferir tal absurdo. Desde a infância, enfrentei o machismo, testemunhando a autoridade de meu pai em casa e a submissão de minha mãe. As mulheres, sobretudo na organização, eram manipuladas, silenciadas e controladas por homens que ditavam o curso de suas vidas. Não teria eu o direito de decidir até mesmo sobre a depilação do meu próprio corpo?

—— Ah, mãe! Pelo amor de Deus! A vagina é minha...

—— Não fale assim comigo, Antonella! E por que você foi em um lugar desconhecido? É perigoso, filha...