FRATELLI D'ONORE- IRMÃOS DE HONRA - ANTONELLA E FRANCESCO | LIVRO 1

Capítulo 35| Pesadelo interminável

Antonella Donati Ferraro

O coração estava apertado, a respiração irregular. Cada segundo sem notícias dele parece uma eternidade. Enquanto tento digerir a incerteza, a dolorosa revelação se desdobra: Carlotta, alguém da família, alguém em quem confiávamos, é uma traidora. É como se o chão se abrisse sob meus pés, deixando-me à deriva num mar de desconfiança e desespero. O medo pela segurança de Francesco se mistura à traição que se enraizou entre nós. O peso da angústia é esmagador, e tudo que consigo fazer é lutar para manter minha sanidade enquanto observo Fabrizio.

Ele agora é apenas uma sombra do homem radiante que uma vez conheci, como se a escuridão tivesse engolido sua aura. A alegria que o caracterizava deu lugar a uma figura sombria e impenetrável. Fabrizio estava dilacerado, a tristeza emanava dos seus olhos, oculta por uma cortina de raiva, ódio e anseio por vingança.

Ele realizou o que talvez nenhum outro seria capaz. Desafiou a própria natureza do vínculo, encarando Carlotta não como mãe, mas como transgressora. Determinou o preço a ser pago por sua traição e concebeu uma punição que a forçaria a encarar sua própria decepção. Num ato de justiça poética, fez com que ela provasse do amargo veneno que ela mesma preparou.

O consigliere da Fratelli D'onore estava dilacerado pela dor ao descobrir que sua própria mãe era a traidora por trás do atentado contra seu capo. O golpe de traição o atingiu como uma lâmina afiada, dilacerando não apenas sua lealdade, mas também seu coração. Carlotta, agora sem vida, seria relegada ao esquecimento, seu fim marcado por um silêncio ensurdecedor. Nenhum lamento, nenhuma despedida digna aguardava por ela. Seu túmulo, uma obscura sepultura sem lápide, seria o cruel testemunho de sua desonra, sua memória apagada pela vergonha e pela humilhação. Assim perecia aquela que um dia fora a segunda em comando na organização, a mãe do conselheiro que ousou trair a famiglia.

Eu estava no escuro, apenas com as informações escassas que Fabrizio compartilhou. Testemunhei uma equipe hábil retirando o corpo, limpando meticulosamente minha casa e desaparecendo sem deixar vestígios. Se alguém chegasse agora, não teria ideia de que apenas algumas horas atrás, a sala de jantar foi palco de um terrível assassinato. Os arrepios ainda percorrem minha espinha ao pensar na tragédia que ocorreu neste lugar sagrado para mim.

Vi Fabrizio arrastar Lúcia para fora, e meu coração gelou. Não sei o que aconteceu com ela. Ele apenas se desculpou, prometendo trazer meu marido de volta. Francesco não estava mais sob o poder de Carlotta; ela também não sabia onde ele estava. Ele havia escapado da terrível armadilha orquestrada por sua tia. Correu mata adentro, desaparecendo no horizonte. Desde então, uma busca frenética estava em curso, homens vasculhavam cada canto da região, determinados a encontrar Francesco e trazê-lo de volta para casa, vivo e são. O desespero e a incerteza pairavam no ar, enquanto aguardávamos ansiosamente por notícias de seu paradeiro.

Carlotta o queria morto e até agora não consegui entender o que ela ganharia com isso.

A casa estava silenciosa, apenas alguns soldados permaneciam, vigilantes em nossa defesa. Todos os outros haviam partido em busca. O desconforto que me consumia desde a noite anterior se intensificava a cada momento. Meu corpo latejava, minha barriga dolorida, e meu coração parecia prestes a despedaçar-se. Por mais que eu me esforçasse, focando em meu filho, era uma batalha perdida manter a serenidade. Minha única esperança era que Francesco retornasse ileso para casa, somente assim encontraria alguma paz.

As horas pareciam arrastar-se interminavelmente, e a angústia só crescia a cada minuto que o relógio registrava. Eu lutava para ignorar as pontadas de desconforto em minha barriga, ciente de que o estresse das últimas horas cobrava seu tributo. Desesperadamente, ansiava pelo momento em que meu marido finalmente estaria ao meu lado, pois só então eu poderia descansar verdadeiramente.