Capítulo 27| Somos três

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Francesco Ferraro

Passei a noite em claro, vigiando Antonella enquanto ela não dormia, apenas vomitava e chorava. Aquela situação era um verdadeiro tormento em minha vida. Ver minha amada esposa sofrendo por algo que foi minha responsabilidade estava dilacerando minha alma.

Além disso, eu estava enfrentando uma enxurrada de problemas, tanto na montadora quanto na organização. Parecia que tínhamos adquirido novos inimigos; alguém estava tramando contra nós, e segundo nossos princípios, eu deveria priorizar a Fratelli D'onore acima de tudo, até mesmo em relação à minha esposa. Mas eu era incapaz de tal ato. Antonella era minha razão de viver, e eu estava disposto a esperar o tempo dela para conversarmos.

Mesmo precisando ir ao escritório para assinar alguns documentos, eu sabia que Fabrizio estava em minha casa. Era típico dele tentar resolver os problemas de todos, mesmo os que não lhe diziam respeito.

O que me deixou perplexo foi o anúncio de que meu primo e minha esposa sairiam de casa juntos. Desde o terrível episódio de sequestro que Antonella enfrentou, uma equipe de segurança, liderada por Giovanni, monitorava cada um de seus passos fora de casa. Não era apenas ciúmes, mas sim uma preocupação intensa com sua segurança.

Antonella era meu tesouro mais precioso, e eu sabia que ela precisava ser protegida a todo custo.

Meus planos se resumiam em concluir minhas obrigações o mais rápido possível e correr de volta para casa. Eu faria qualquer coisa, me humilharia se necessário, só para que ela me ouvisse. Não suportava mais aquela distância entre nós.

Meu coração parou quando recebi a ligação de Giovanni informando-me que minha esposa estava envolvida em um acidente. O mundo desabou ao meu redor.

O desespero tomou conta de mim, minhas mãos tremiam enquanto observava a cena caótica à minha frente. Felizmente, Vittorio, com sua habilidade, nos levou até o local do acidente em tempo recorde.

Ao me deparar com a terrível visão, meu coração se apertou. O carro de Fabrizio estava virado de cabeça para baixo em uma das avenidas mais movimentadas da cidade, enquanto o outro veículo envolvido estava irreconhecível, sua frente completamente destroçada.

Avistei meu primo entre os socorristas, mas a multidão de policiais e bombeiros dificultava minha aproximação. Com toda a minha determinação, forcei meu caminho até lá, com Vittorio abrindo passagem, declarando que eu era o marido de uma das vítimas.

O termo "vítima" ecoou em minha mente, dilacerando-me por dentro, mas nada poderia me preparar para o que estava prestes a presenciar. Ao me aproximar do carro virado, vi minha esposa sendo retirada pelos bombeiros, seu corpo inerte, seus olhos fechados.

Ela estava usando um colar cervical, seus cabelos loiros manchados de sangue, e meu coração se partiu ao ver sua fragilidade naquele momento.

Eu cresci imerso na crueldade da máfia. Desde a infância, testemunhei cenas aterradoras de violência: torturas, assassinatos. Fui treinado para resistir, para nunca fraquejar diante da extrema brutalidade. Mantive-me firme, endurecido.

Mas naquele instante, fui dilacerado.

—— Ela pode estar grávida.

Virei-me para Fabrizio. Ele estava coberto de sangue, sua camisa branca manchada e rasgada, mal se sustentando em pé. Parecia ser movido puramente pela adrenalina do momento. Suas palavras ecoavam incessantemente em minha mente.

Grávida. Ela poderia estar grávida?

—— O que você disse? —— minha voz rugiu como o trovão em meio a uma tempestade.

FRATELLI D'ONORE- IRMÃOS DE HONRA - ANTONELLA E FRANCESCO | LIVRO 1Onde histórias criam vida. Descubra agora