Capítulo 26| Uma possibilidade

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Antonella Donati Ferraro

O meu corpo todo doía, principalmente minha barriga. Não tinha mais o que colocar para fora. Estava me sentindo fraca, zonza, mas a pior dor era a causada por Francesco. Já tinha lido histórias nas quais as pessoas falavam que algumas dores de amor eram tão fortes que chegavam a se tornar físicas. Nunca levei a sério essa teoria, mas agora sentia na pele a comprovação.

Eu tinha apenas duas opções, não iria mais me enganar, eu não o denunciaria. Não seria capaz de condená-lo a morte. Eu o amava demais para isso. A outra opção era igualmente desafiadora: continuar neste casamento. Era como se tudo que eu esperasse dele durante cinco longos anos se resumisse a isso: um fracasso.

Francesco não retornou ao quarto durante toda a noite, e enquanto as horas se arrastavam, recebi uma enxurrada de mensagens dela. Cada uma mais perturbadora que a outra, repletas de ameaças, detalhes íntimos sobre seus encontros e até mesmo zombarias sobre meu casamento e minha inocência em acreditar que Francesco poderia se apaixonar por mim. Ashley Foster parecia determinada a me atormentar, e depois de bloquear dois números, decidi simplesmente silenciar o celular, tentando conter a avalanche de emoções que inundava meu coração.

Eu estava morrendo de fome, mas as náuseas persistiam e minha mente era uma tempestade de pensamentos. Um turbilhão de emoções me invadia, deixando-me completamente perturbada.

Desesperadamente, tentei me erguer para tomar um banho na esperança de encontrar alívio, mas era como se estivesse presa à cama. Uma sensação de peso e letargia me envolvia, como se toda a energia e vitalidade tivessem sido sugadas de mim.

Batidas suaves na porta chamaram a minha atenção e Martina surgiu, sorridente com uma bandeja nas mãos.

—— Buongiorno, querida!

—— Buongiorno! —— Me assustei com a rouquidão da minha voz.

—— Francesco disse que você não passou a noite bem, que vomitou bastante.

Pelo jeito ele passou a noite me sondando, aquele farabuto.

—— Sim... Eu... —— Refleti sobre o que dizer, não poderia contar a Martina que o motivo do meu mal-estar era porque descobri que seu filho tinha um caso com a assistente. —— Francesco e eu nos desentendemos, fiquei muito nervosa e acabei vomitando.

—— Humm... —— Minha sogra me analisou por alguns segundos e colocou a bandeja sobre a cama ao meu lado. —— Você está muito abatida, Antonella.

—— Eu me sinto abatida! —— Despedaçada seria o adjetivo mais adequado.

—— Trouxe um chá e uma saladinha de frutas bem levinha para você não ficar sem comer.

Meu estômago reclamou de fome, mas quando o aroma da bebida alcançou meu nariz, uma onda de repulsa percorreu meu corpo. Com um gesto firme, devolvi a xícara à bandeja.

—— Não vou conseguir beber o chá. Vou tentar as frutas, obrigada!

Martina permaneceu sentada ao meu lado, carinhosamente me observando. Comi alguns pedaços, estavam bem geladinhas e não me senti mal.

—— Acho que coisas geladas me agradam mais quando estou com o estômago ruim assim. —— Sorrimos uma para outra e um conforto agradável me abraçou. Martina era realmente como uma mãe.

—— Antonella, sua menstruação está normal, querida?

Interrompi o movimento da colher a meio caminho da minha boca, as palavras dela ecoando em minha mente. A da realidade me atingiu como um raio, deixando-me tonta e incapaz de saber como reagir.

FRATELLI D'ONORE- IRMÃOS DE HONRA - ANTONELLA E FRANCESCO | LIVRO 1Onde histórias criam vida. Descubra agora