Capítulo 25| Eu quero o divórcio

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Francesco Ferraro

Assim que a vi, meu coração apertou com a certeza de que algo terrível estava prestes a acontecer. Antonella, com seus olhos trêmulos e uma aura de indignação fervendo ao redor dela, era um retrato vivo da tempestade iminente. Naquele instante, um frio cortante percorreu minha espinha, pois eu sabia que os pecados do meu passado estavam prestes a me alcançar. O peso da culpa se instalou em meus ombros, ameaçando me sufocar. Eu não podia permitir perder a mulher que amo, mas ao encarar seu olhar carregado de desgosto e acusação, a sensação avassaladora de perda me envolveu como um vendaval.

Ao deparar-me com aquelas imagens, uma emboscada cruel se desvendou diante dos meus olhos, retratando Ashely e eu no café, momentos antes. O coração acelerou ao receber sua ligação, revelando que ainda estava na Itália e exigia uma conversa urgente. Ansiava, desesperadamente, acabar de uma vez por todas esse capítulo que julgava já ter sido encerrado.

Ashely, como uma serpente venenosa, armou nosso encontro, arrastando-me para um baile ao som de sua melodia. As fotografias capturaram ilusões, sugerindo realidades distorcidas que iludiriam até os mais perspicazes observadores. Como se estivéssemos imersos em um encontro íntimo, algumas imagens, graças a ângulos traiçoeiros, insinuavam uma proximidade excessiva.

Num momento de desespero, ela ousou tocar meu rosto, buscando reconciliação, uma oferta que rejeitei com veemência, embora os registros visuais pintassem um quadro oposto.

Eu compreendia Antonella profundamente, pois eu mesmo perderia a sanidade se apenas suspeitasse que outro homem ousasse sequer tocá-lá.

Sai determinado atrás dela, mas Fabrizio me impediu.

—— Não vai adiantar nada você ir atrás dela nesse estado. Vocês dois precisam se acalmar.

Comecei a ecoar as palavras de Antonella, cada uma atingindo-me como flechas flamejantes, mas uma em especial me dilacerou: "acabou". O mundo pareceu ruir ao meu redor, deixando-me mergulhado em desespero absoluto.

—— Eu preciso alcançá-la. Não posso perdê-la, Fabrizio, não posso.

—— Vamos para a sua sala e você vai me explicar o que está acontecendo.

À medida que os minutos se arrastavam sem que eu revelasse a verdade, o ódio dela por mim crescia como uma chama voraz. Não posso suportar o peso de Antonella me olhando com desprezo. Meu casamento está desmoronando diante dos meus olhos, e eu me sinto sufocado pela culpa e pelo remorso.

Percorri freneticamente minha sala, que mais se parecia com uma prisão sufocante.

—— Vamos homem, fale de uma vez...

—— Ashley.

Uma única palavra foi suficiente para fazer Fabrizio congelar e entender o que tinha acontecido, assim como Antonella, também sucumbiu à suspeita de traição.

—— Eu não posso acreditar que você... —— Não deixei que ele terminasse.

—— Não, eu não tive nada com ela desde que a trouxe para cá. A nossa última vez foi em Nova York, eu sequer olhei para ela depois que me casei.
Eu pensei que ela tivesse ido embora, eu mandei que ela fosse.

—— Eu odeio ser essa pessoa, mas eu avisei. Você não deveria ter trazido essa mulher para cá. Às vésperas do seu casamento. Agora lide com as consequências e vá resolver essa situação.

Corri desesperadamente até o elevador, o coração batendo descontroladamente. Encontrei Vittorio e seguimos para casa em uma corrida contra o tempo. Cada segundo pareceu uma eternidade, enquanto meu segurança dirigia com uma urgência que ecoava minha própria angústia.

FRATELLI D'ONORE- IRMÃOS DE HONRA - ANTONELLA E FRANCESCO | LIVRO 1Onde histórias criam vida. Descubra agora