FRATELLI D'ONORE- IRMÃOS DE HONRA - ANTONELLA E FRANCESCO | LIVRO 1

Capítulo 24| Apenas um pouco

Antonella Donati Ferraro

—— Fico feliz e devo confessar que aliviada ao ver o quanto meu filho e você estão felizes, Antonella. —— Martina confessou. —— Eu tinha tanto medo de que esse casamento fosse apenas um negócio. —— Ela ofereceu a mão e a segurei. —— Tive medo de perder Francesco para um relacionamento fracassado, mas ganhei uma filha.

Eu estava emocionada com suas palavras, minha sogra sempre me tratou muito bem, desde a época em que apenas nos encontrávamos esporadicamente.

—— Também devo confessar que tive medo, Martina. Mas fomos abençoados. Eu amo o seu filho e sinto que ele sente o mesmo por mim.

—— É claro que sim, nunca vi Francesco tão feliz, relaxado. Ele sempre levou os negócios muito a sério. O peso da posição que ele ocupará sempre exigiu muito do meu filho. E agora eu o vejo sorrindo para você, às vezes ouço as gargalhadas de longe. É um alívio, não queria ver meu filho amargurado e nem você vivendo infeliz nessa casa.

Aquele também foi um medo para mim, hoje ele já não existia mais.

—— Me conte como foi o seu casamento com Giusepe? —— Eu adorava ouvir histórias, principalmente quando as pessoas pareciam felizes. E meus sogros era um casal que, aparentemente, vivia bem.

Martina sorriu antes de começar a falar. —— Giusepe era exatamente como Francesco, ainda é. Um homem reservado, de poucas palavras. Nós nos víamos nas festas da famiglia, trocávamos alguns olhares, mas nada muito significativo. Um homem lindo e poderoso que chamava a atenção das moças solteiras. Carlota era a mais cotada para ser a sua noiva. Ela era a mais velha, filha de um homem de confiança do chefe. Contudo, Giusepe me escolheu. Nós não conhecíamos nada um do outro e levou um tempo até nos acertarmos. Ele me respeitou, esperou eu estar à vontade. —— Ela usou um tom de voz bem baixo, fazendo uma confidência a mim. —— Nós só tivemos nossa primeira noite um tempo depois do casamento. —— Martina sorriu ao relembrar. —— Meu marido sempre foi um cavalheiro. Vejo muito dele no meu filho.

—— Meu sogro parece ser um homem muito sério. —— Eu não tinha muito contato com Giusepe, ele estava sempre trabalhando e quando estava em casa, tínhamos pouca afinidade. Sempre me tratou com respeito, até um certo carinho, mas nunca foi muito dado a conversas.

—— Como eu disse, ele e Francesco são muito parecidos. Reservam à sua família seu melhor lado. Meu filho é outro homem quando está com você...

Ela estava certa, havia um lado de Francesco que poucos privilegiados conheciam. Desde os meus treze anos, imaginava o que seria nosso casamento; no entanto, a realidade superou em muito minhas mais extravagantes fantasias. Estou convicta de que juntos construiremos um futuro ainda mais grandioso.

Agora imagino como será a chegada dos nossos filhos, e com eles, a maturidade que só o tempo pode nos oferecer.

Mal posso conter a ansiedade para vivenciar cada momento ao lado dele.

* * *

Eu e Martina ficamos muito tempo conversando e eu adorei. A cada dia ficávamos mais próximas, também gostei de conhecer um pouco mais Giusepe pelos seus olhos. Uma sensação de pertencimento àquela família tomava conta de mim, envolvendo-me em laços emocionais mais fortes do que os que eu tinha com a minha própria.

Decidi pegar sol na piscina, ansiosa para prolongar o bronzeado que conquistei no dia anterior. Mesmo com a manhã ainda fresca, o calor do sol prometia um lindo dia quente. Dirigi-me ao meu quarto para trocar de roupa, quando o som do meu celular interrompeu o silêncio, como um chamado para a realidade.

O mundo desabou diante dos meus olhos num instante. Senti-me tão desamparada que precisei me apegar à poltrona para não desabar, enquanto uma onda de náusea e fraqueza percorria meu corpo. Mal consegui passar as fotos, meus dedos tremiam tão violentamente. Lá estava Francesco, meu marido, num café, ao lado da assistente, Ashley Foster. A traição estampada diante de mim como uma ferida aberta, dilacerando meu coração em pedaços.