Viserys se reuniria com os chefes das cinco famílias para a reunião trimestral. Esses encontros eram secretos. Informar local, data e horário de onde estavam era perigoso e para manter a segurança escolhiam um lugar diferente na sede de um dos chefes.
Dessa vez o escolhido era a sede da família Lannister.
O patriarca era sempre acompanhado pelos capos e por um de seus melhores soldados. Obviamente os escolhidos de Viserys eram Daemon e Rhaenyra.
Daemon estabelece com o restante dos soldados como organizaria as defesas, o trajeto dos carros e os pontos estratégicos para qualquer imprevisto.
Rhaenyra se aproximou até a mesa, um pouco distante, mas perfeito para a visão dele. Ainda com a atenção nas instruções, deixava-se admirá-la com o canto dos olhos.
Ele adorava a pele e decote expostos, mas quando usava uma roupa que cobria tudo, como normalmente fazia em qualquer missão, seu tesão inexplicavelmente aumentava.
A cacharrel preta colada acentua os enormes seios, o rabo de cavalo deixava o rosto divino em evidência e a calça colada com as bandoleiras e coldres apoiando as armas delineava os quadris e as coxas torneadas.
Uma perdição.
Daemon sempre foi sério e concentrado quando estava em uma missão e protegendo o patriarca era ainda pior. Porém, nos últimos dias, Rhaenyra se tornou seu tormento. Após provar seus lábios e senti-la tão fundo, molhada e quente em seu pau, seu bom juízo foi comprometido.
Sempre soube se controlar com ela, a treinou por muitos anos, os serviços eram efetuados juntos, mas após notar o interesse dela por ele, seus sentimentos se tornaram um caos.
Sabia lidar com o caos, era seu amigo de longa data, mas esse era completamente diferente. Só conseguia amenizar se ela estivesse gemendo em cima dele.
No entanto, sentiu sua sobrinha um tanto indiferente. O rosto com uma enorme carranca, nenhum sorriso mesmo com brincadeiras leves e os olhares eram mais frios que as geleiras do norte.
"Deus, ela poderia deixar de ser uma megera apenas uma vez?"
Na cabeça dele, eles estavam bem. Após os acontecimentos da noite anterior, ela não parecia se incomodar com o seu toque, pelo contrário pedia até mais e não transaram por que...
"Oh! Aemond! Será que é isso?"
— Certo rapazes! Sigam as instruções e saímos daqui em dez minutos.
— Sim, senhor!
Todos responderam seguindo até a saída, inclusive Rhaenyra.
— Syrax, preciso falar com você.
Harrold foi o último a sair, fechando a porta com cuidado.
— O que precisa Caraxes? — perguntava carrancuda, com os braços entrelaçados para trás e cabeça erguida.
"Que gostosa, caralho"
— O que acontece? — apoiava-se na mesa acendendo o cigarro — ontem estávamos bem e agora você me trata assim? Foi porque Aemond nos viu?
Daemon notou Rhaenyra catalogar seu o corpo, mesmo rápido. Com certeza ela pensava o mesmo, conseguia sentir a tensão em seu corpo e as bochechas corarem levemente.
— Aemond não vai ser nenhum problema, conversei com ele também e disse que não viu absolutamente nada.
— Então, porque está tão bravinha?
Não olhava em seus olhos, permanecia dura como uma rocha.
— Você mesmo me ensinou para deixar sentimentos de lado em uma missão e o que tivemos antes de tudo isso foi movido apenas por um tesão momentâneo. Não quero nenhum envolvimento e caso não lembre estou noiva, sou a futura herdeira e você precisa entender seu lugar na família.
— Hmm — cantarolou enquanto tragava o cigarro e soltava a fumaça para o alto — Decorou todo esse discurso de superior para esse momento?
— Entenda como quiser, apenas pare de infantilidade e siga as ordens como deve ser.
— Você não foi nomeada ainda, lembre-se disso.
Finalmente ele consegue sua atenção. Os olhos cheios de fogo e uma irritação que ele adorava ver.
— Lembrarei quando você se ajoelhar e beijar meu anel de sinete, jurando lealdade a mim.
— Ajoelhar? — apagou o cigarro no cinzeiro e caminhou gradualmente até ela — existem diversas formas que posso ajoelhar para você, basta pedir educadamente!
Daemon sabia a reação do corpo dela quando ele sussurrava. Não conseguia ver a pele arrepiada, mas apostaria sua vida que os pelos de seu corpo estavam todos em pé.
— Vamos pirralha herdeira! Já deu a hora.
***
O caminho até o local era longo. A viagem inteira foi em completo silêncio. Não poderia vacilar, então as brincadeiras e provocações eram deixadas de lado. Ele sempre foi muito perfeccionista.
Daemon saia primeiro do carro olhando ao redor, indicando passe livre para Viserys. Na retaguarda permanecia Rhaenyra e seguiam até a entrada da mansão mantendo a segurança.
— Balerion, meu grande amigo quanto tempo! — eram recebidos por Jason Lannister, um homem de porte médio, cabelos dourados e prepotente.
— Boa noite Jason, creio que cheguei em cima da hora.
— Não se preocupe, faltam dois convidados — olhou com atenção Rhaenyra em sua postura rígida — essa deve ser sua bela filha, Syrax, não é?
Rhaenyra não respondia, nem cumprimentava. Ele desviou o olhar empático até Daemon.
— Esse é seu cão de guarda, Caraxes! — analisou de cima embaixo com desdém — Acha mesmo que será atacado aqui Balerion? Não precisava trazer dois deles.
— Não duvido de sua hospitalidade e defesas, mas se posso me assegurar um pouco mais, não há motivos para ser modesto.
— De fato — concordou — Acomodem-se por gentileza! — liberou o caminho para seus empregados cuidarem das malas e indicar os quartos certos para cada um.
A residência era esplêndida. Lannisters eram conhecidos por sua riqueza e adoram esbanjar. Mostrar ganância e grandiosidade. A escadaria era repleta de ornamentos e leões dourados, símbolo da casa. Nos degraus de mármore, um tapete aveludado vermelho e nas paredes quadros dos antigos patriarcas.
Daemon olha de soslaio para Rhaenyra analisando cada quadro. O semblante não era de admiração, conhecendo-a tão bem, ela tentava encontrar alguma matriarca entre os antepassados. Quando terminou de subir e o último quadro mostrou o primeiro Lannister, sentiu-se enojada.
— Valar Morghulis [Todos os homens devem morrer] — ela deslizou para o antigo dialeto
— Valar Dohaeris [Todos os homens devem servir] — Daemon respondeu, surpreendendo-a e arrancando finalmente um sorriso gentil.
— Comportem-se! — Viserys respondia sério.
***
— Essas reuniões levam horas e nenhum de vocês pode entrar, nem armas ou qualquer objeto cortante. — Viserys colocava as abotoaduras de prata enquanto olhava para Daemon e Rhaenyra — Todos os capos e seguranças ficam do lado de fora.
— Arriscado reunir todos os patriarcas das cinco famílias em uma sala isolada pronta para um ataque em grande escala. — disse Rhaenyra aproximando-se de seu pai, ajudando-o com a gravata de cetim.
— É burrice qualquer ataque assim, principalmente com dois Targaryens tão experientes do lado de fora.
— Jason não esperava nossa presença — Daemon permanecia sentado na poltrona ornamentada dourada e vermelha, olhando as unhas desconfiado — senti até seu coração palpitar de preocupação — ele ri.
— Está supondo que planejavam algo contra meu pai?
— Talvez... Apenas fiquei curioso com um comentário tão pontual.
Rhaenyra olhava-o unindo as sobrancelhas, tentando encarar com a mesma percepção. De fato, Jason parecia ansioso além do normal quando os viu ao lado de Viserys.
— Você sempre foi neurótico Daemon — ele ajeitava o paletó olhando-se no espelho — Nada vai acontecer, é as mesmas reuniões que você sempre frequentou.
— Neurótico não, precavido — levantou-se posicionando-se ao lado de Rhaenyra — consigo ver malícia de longe.
— Seu conhecimento em enganar pessoas tem suas vantagens — retrucava Rhaenyra sem olhá-lo.
— Se está me acusando de algo, precisa ser mais específica, princesa!
Ela sabia que o apelido de princesa era seguido de comentários debochados e não como algo carinhoso. Representava sempre os adjetivos que ele adorava irritá-la: herdeira e mimada.
— Adoraria passar um dia com vocês sem brigas ou troca de farpas — grunhia Viserys — Apenas façam o trabalho de vocês com as bocas fechadas.
Viserys segue até a porta encontrando-se com Otto. Todos os consiglieres permaneciam juntos de seus patriarcas para futuros conselhos ou alguma informação perdida durante a negociação.
— Seguiremos daqui! — Otto caminhava atrás evitando contato de outras pessoas até chegar na sala recomendada.
Antes que Rhaenyra saísse, Daemon puxa seu braço, fazendo-a ficar no lugar.
— Sinto que sua má educação tem outros motivos.
— Você deveria parar de se importar com o que penso.
— Me acusa de algo na frente de seu pai, ao menos deixe-me argumentar.
O preto sempre caía bem nele, ela não conseguia deixar de notar quando posicionou na sua frente. Mesmo todos os soldados usando o mesmo tom nos trajes, em Daemon, tudo ficava melhor. O coldre axilar dava suporte às duas pistolas moldando perfeitamente seu torso longo e bem definido. Conseguia ver de perto o tom mais escuro dos olhos púrpuras e alguns fios soltos do seu coque. O perfume de perigo que emanava entorpecia as narinas dela, instigando-a a cometer atos profanos e sujos apenas para sentir o cheiro dele ainda mais perto, colado em sua pele.
— Não tem o que argumentar — voltou para a realidade — Sou apenas uma foda para você.
— O quê? — piscou, depois piscou de novo — Você escutou a conversa então? Queria que dissesse o quê? Que estávamos realmente juntos, sendo que a verdade é outra? Transamos apenas uma vez!
— Você tem a mania de sempre me rebaixar e agora fico com a visão de puta para meu irmão mais novo.
Ele revirou os olhos e esfregou a palma das mãos no rosto impaciente.
— Isso é brincadeira né? Não é possível que você realmente acredita que Aemond pensou isso de você?
— Me chamar apenas de foda que brinca quando quer não deixa uma boa imagem — ela ri irônica.
Ser mulher e precisar se provar a todo custo em uma sociedade machista e uma família patriarcal era um grande desafio. Odiava ser vista como um pedaço de carne com apenas um objetivo: satisfazer os desejos masculinos.
Ela não aceitaria ser vista dessa forma por seu tio. Por mais que o desejo carnal por ele seja intenso, a imagem dela precisava ser protegida. Realmente não acredita que seu irmão pense isso, se fosse Aegon, a história seria diferente, ele sempre foi um estúpido.
— Eu tenho uma imagem a zelar, — erguia-se com o olhar autoritário até ele — controle essas mãos e pensamentos safados perto de mim.
— Você está afirmando que não resiste, se eu tocar em você?
— Não seja ridículo! — ela enche seus pulmões, nervosa e se distancia a passos largos para a saída.
***
— As reuniões durarão cerca de cinco dias — disse Viserys desatando o nó da gravata em seu quarto com Rhaenyra, Daemon e Otto — Preciso de atenção redobrada. — seu olhar direcionou até sua filha — No terceiro dia você assume o lugar de Otto ao meu lado, preciso que comece a se familiarizar com essas negociações.
Rhaenyra assentiu evitando um sorriso estampar seu rosto. A confiança de seu pai era genuína e sentir o que sempre almeja, estava tão próximo, fez suas mãos suarem de ansiedade.
— Entrou em contato com a Fortaleza?
— Meleys está cuidando de tudo — respondia Daemon.
— Ótimo! Otto pode se retirar, vamos descansar, amanhã o dia será cheio.
Seu conselheiro assentiu e retirou-se conforme ordenado. Rhaenyra não gostava dele, era silencioso, leal demais, sussurrava e observava quieto. Sempre que, estava perto dele sentia uma energia estranha como se uma cobra fosse dar o bote.
Ela observou seu pai e Daemon perto da janela, repassando algumas informações.
— Que estranho! — ela desconfiou.
— O quê minha filha?
— Eu fechei essas cortinas e as janelas.
Daemon girou o corpo analisando as janelas abertas e observando minuciosamente. Ao fixar seu olhar para fora, visualizou um laser vermelho característico de uma luneta de precisão para tiros de longa distância.
Com um impulso rápido, Daemon abaixa Viserys no chão evitando a rajada de tiros pela janela do quarto.
Rhaenyra agachou na mesma hora, sacando a arma e destravando o pino de segurança. Eles se rastejam perto dela, protegendo-se em um ponto cego. As sinalizações com os dedos, orientavam Rhaenyra a supervisionar o corredor e garantir que nenhum infiltrado entrasse.
Ela abre devagar a porta, olhando pela fresta. Para sua felicidade, Harrold e Erryk estavam de prontidão indicando passagem livre.
Sinalizou para eles avançarem.
— Aqui Caraxes! — Harrold joga um rifle automático CA-415 — Imaginei que gostaria da sua garota.
— Certamente meu amigo, certamente — respondeu engatilhando a arma e seguindo na frente.
O braço de Viserys apoiava-se no ombro de Daemon não desgrudando um segundo sequer. Eles poderiam ter suas desavenças, mas quando um caos assim acontecia, era a proteção de Daemon que ele sempre procurava.
Isso fez Rhaenyra repensar o quanto suas conclusões sobre ele eram injustas.
— Erryk — ela chama atenção dele — Conseguimos chegar até os carros?
Ele verificou por cima da escada e diversos corpos caídos no degrau dificultaria a passagem.
— Seria arriscado por esse caminho.
— Não podemos ficar aqui — ela afirmava enquanto pensava em alguma solução.
— Na parede esquerda existe uma passagem secreta que corta caminho para a garagem — Viserys indicava — É padrão em todas as famílias justamente por momentos como esse.
— Ótimo! Harrold, Erryk cuidem da escadaria eu e Caraxes levaremos o patriarca pela passagem. Chamarei vocês para seguir conosco.
— Sim Syrax! — ambos concordaram.
***
Chegaram finalmente até os carros. Para o azar deles a garagem não era totalmente coberta. Existia uma longa passagem deixando-os expostos até os carros. Rhaenyra espreitou-se pelas paredes da saída conseguindo visualizar a quantidade de soldados inimigos.
Com a mão, ela indicava quatro deles, armados e próximos.
— Eu e Syrax cuidaremos dele — sussurrava Daemon — Vocês, sigam sem hesitar até o carro. A segurança do patriarca é prioridade. Assim que tudo estiver resolvido, seguimos com vocês.
Eles apenas assentiram com a cabeça, colocando Viserys em proteção na retaguarda. Apesar da idade, ele não era um inútil, sabia manusear uma arma e era perito em defesa corpo a corpo, mas devido aos seus problemas de saúde, as tremedeiras nas mãos se tornaram constantes impossibilitando movimentos mais firmes.
Daemon juntou-se a Rhaenyra oferecendo uma arma melhor para tiros de longo alcance. Ela agacha, mirando pela fresta, enquanto Daemon de pé, mirava em outro soldado.
Dois tiros certeiros.
Erryk e Harrold avançam com Viserys até o carro, protegendo-o como escudos. Rhaenyra e Daemon aproximaram-se matando o restante dos homens, deixando o caminho ainda mais livre.
No entanto, mais soldados aparecem ao fundo após escutar os disparos. Rhaenyra continua, esvaziando o seu pente e recarregando com precisão.
— Syrax, deixe-os! — Daemon gritava — Volte para o carro.
Ela não parecia ouvir ainda mirando e derrubando quantos homens mais apareciam. Poderia matá-los, pegar um deles apenas ferido, levar para um longo interrogatório e descobrir quem seria o mandante desse ataque.
Estava determinada em descobrir. Por teimosia, ignorou as ordens de seu tio e continuou avançando derrubando mais dois.
Com um impulso forte em seu ombro, ela desloca o corpo para trás, enquanto Daemon fica na sua frente disparando ainda mais preciso que ela.
— Caraxes podemos pegar um deles e...
— VAI PARA O CARRO AGORA!
Aquele tom de voz era novo. Enquanto existia exigência e raiva talvez por contrariá-lo, um sentimento desesperador tremulava na sua voz. Enfim, desistiu de sua teimosia e seguiu como ordenado até o carro, comprometido com os tiros dos novos soldados.
Arryk no volante conseguiu aproximar o carro facilitando o trajeto e acomodando-os com seguranças.
Outros capos da família conseguiram escapar acompanhando o automóvel até a propriedade Targaryen mais próxima.
***
O caminho foi um tenebroso silêncio. Rhaenyra sentia que a qualquer momento uma bomba e Hiroshima estouraria na cabeça deles.
Quando conseguiram chegar finalmente em segurança, um ar de alívio encheu o pulmão de todos. A paz, mesmo por poucos momentos, trouxe um sorriso singelo para o rosto de todos.
Menos de Daemon.
Colérico se aproxima dela pegando-a pela gola da blusa e pressionando-a na parede.
— Você comprometeu a todos em sua atitude heroica.
— Não era nada heroico — ela espumava de raiva — Facilitava a passagem e poderíamos pegar um deles para interrogar.
— A prioridade é proteger o patriarca, foda-se quem mandou a porra do ataque, ele precisa estar a salvo.
— Descobrir o mandante deveria ser prioridade também.
Ele a pressiona ainda mais com as sobrancelhas juntas e os dentes cerrados.
— Nesse seu showzinho de liderança, comprometeu o patriarca, os nossos homens e a você. Se não consegue pensar como prioridade na vida de quem nos protege, é melhor desistir de comandar a família. Você não passa de uma menina mimada brincando de atirar.
Suas mãos a soltam, afastando com o peito acelerado e uma ira fora do normal.
Rhaenyra olhou ao seu redor e todos prestavam atenção na discussão. Seu corpo tremeu e as lágrimas brotaram em seus olhos. Ela não queria derrubar uma lágrima sequer, mas sentia raiva, humilhação e desprezo.
Queria gritar, dizer tudo o que pensava dele, mas a voz simplesmente não saia. Machucou mais do que imaginava ouvir dele, palavras tão rudes.
Daemon se distancia indo até Viserys e apontando seu longo dedo indicador para ela, dizendo:
— Se a nomear, será o maior erro da sua vida.
Seguiu batendo a porta, subindo a escada e adentrando-se em um dos quartos.
***
Sentada no canto da biblioteca, ela deixou-se chorar longe de todos, longe da humilhação e por um pequeno momento pensou em desistir.
— Aí está você! — a voz forte e rouca ecoou e levantando a cabeça com os olhos inchados conseguiu reconhecer Harrold.
— Harrold, gostaria de ficar sozinha.
— Tudo bem Syrax, quero apenas contar uma história, não precisa responder, só escute com atenção.
No fundo, ela queria apenas ficar sozinha, mesmo gostando de Harrold como um irmão mais velho. Expulsá-lo rudemente iria apenas confirmar todas as palavras de seu tio. Então, decidiu ouvi-lo, mesmo com pouca atenção.
Harrold então sentou-se ao seu lado quase cobrindo todo o espaço. Era um homem grande de ossos largos, mas um rosto gentil quando se tratava de Rhaenyra.
— Alyssa foi a melhor dessa família. Era extremamente habilidosa, ardilosa, teimosa e seu sangue era feito do mais puro dragão. Ela treinou Daemon desde os cinco anos, enquanto Baelon cuidava de Viserys com reuniões, diplomacia e princípios de liderança.
Ela não conseguia entender onde exatamente ele queria chegar com lembranças do passado.
— Quando Daemon foi liberado para missões de campo, ele acompanhou Alyssa. No entanto, entre essas missões, ele desobedeceu sua ordem, tentando salvá-los, sozinho de um ataque surpresa. Se ele tivesse seguido as ordens dela, talvez estivesse bem velhinha ao nosso lado, mas por um erro dele e pelo instinto protetor de mãe, ela levou os tiros em seu lugar.
Seu rosto virou-se até ela.
— O que quero dizer Rhaenyra é que não concordo com a forma como Daemon expressou sua frustração, mas entenda que tudo isso foi por medo de perder você.
— Ele não tinha o direito de falar daquele jeito comigo, não importa suas razões. — exclamou nervosa.
— Concordo! Só pense que as intenções dele, sendo horríveis ou não, foi para você aprender a não cometer nenhum erro e perder alguém que ama.
No fundo, ouvir "Alguém que ama" a fez lembrar de sua mãe, morrendo nos braços de seu pai, salvando-o, porque esse era seu dever e ela exerceu até o último suspiro com perfeição.
— Obrigada Harrold, isso foi... bom. Apenas me deixe um pouco com meus pensamentos.
Ele levantou com um sorriso satisfeito e semblante de dever cumprido.
***
Duas batidas na porta.
Rhaenyra continuava em dúvida se deveria estar ali, batendo na porta do quarto de Daemon e fazê-lo entender que suas ações e palavras rudes não ajudavam em nada. Perdeu as contas das humilhações que a fez passar e se odeia por se entregar a ele em um momento de fragilidade.
Ela seria a matriarca, Daemon querendo ou não e respeitá-la é o mínimo caso desejasse continuar nessa família.
A porta se abriu revelando seu tio com o cenho franzido e roupas casuais.
— O que você quer?
— Conversar!
— Se veio para ouvir palavras bonitas e pedidos de desculpas, aconselho não perder seu tempo e descansar para amanhã.
Sem respondê-lo, ela entrou empurrando-o levemente para o lado e analisando o quarto. A propriedade que estava era de posse dos Targaryen. As decorações eram modestas, mas não deixavam de ter a sua beleza seguindo as cores de sua casa.
Daemon fecha a porta analisando-a ainda irritado por sua presença. Normalmente esse tipo de atitude acontecia mais dela e vê-lo assim com o rosto fechado, sem provocações, fez um frio subir por sua espinha.
— Você pode ter os seus motivos para se alterar na frente de todos. Talvez o medo do erro cometido com Alyssa o fez agir tão eloquente, mas nem todo o seu senso de proteção dá o direito de me ofender.
— Não retiro nenhuma palavra do que disse e um pouco de choque de realidade faz bem para sua teimosia estúpida.
— Me humilhar virou o seu esporte favorito?
— Não, mas consertar seus erros parece ser o seu.
Ela ri ironicamente.
— Porque você não confessa logo que seu desejo é estar no meu lugar e usa de cada pequeno erro para me rebaixar?
— Você e essa obsessão por uma merda de título a faz tomar decisões estúpidas. Mexe com seu maldito bom senso e não a faz perceber o quanto manipulada está sendo.
— Acredita mesmo que não percebo os movimentos estratégicos do meu pai? Me toma por tola e ingênua, mas você não consegue ver que não sou mais a garotinha que precisava da sua ajuda.
— Ainda continua cometendo os mesmo erros infantis e eu sigo livrando o seu rabo, então sim, Rhaenyra você continua sendo a garotinha que precisa da minha ajuda.
— Nenhum erro meu levou a morte de alguém — a frase saiu sem pensar, até ela sentiu que foi pesado demais.
O semblante de Daemon mudou para um homem frustrado e isso a fez se sentir culpada pelas palavras que saiu.
— Até você vai me julgar?
— Não deveria ter falado isso, mas você não me deixa outra escolha.
— Rhaenyra... Eu nunca vou ser um homem que vai dizer o que você quer ouvir, que não vai apontar seus erros. Não quero te humilhar, apenas acorde e perceba a merda que está fazendo.
Ela o encara, na defensiva.
— Se o assunto é sobre meu casamento, eu sei que foi organizado para não ter outra escolha a não ser aceitar. Tudo é um arranjo político e se realmente vou seguir como herdeira dessa família, preciso sacrificar a minha liberdade de escolha.
— Você apenas se torna mais um fantoche na mão dele. Talvez mereça mesmo um homem que diga apenas o que quer ouvir.
— Porque meu casamento te afeta tanto?
— Porque você é minha! E odeio saber que outro homem vai te tocar!
Daemon estava tão perto dela, gritando, perdendo a compostura e respirando ofegante, com o olhar cheio de fogo e raiva.
Ela não ligava. As últimas palavras que saíram da boca dele a deixaram reflexiva. O encarou, admirando seu rosto e sentindo aquele maldito perfume chamando-a.
Imaginou, olhando fixamente para sua boca por um segundo, se o gosto da sua língua ficava ainda melhor quando estava com raiva. Seu corpo reage ao saber que era desejada, que ele sentia ciumes e por fim não era só uma foda como havia comentado com Aemond.
A razão e a raiva são expulsos de seu cérebro e tudo o que consegue pensar é apenas o quanto precisa tê-lo agora.
Desta vez, ela é a primeira a beijá-lo.
Com os dentes, ela raspa o lábio inferior dele analisando sua reação, imitando exatamente quando a beijou pela primeira vez no escritório de seu pai.
A resposta dele é ainda melhor, devorando-a, deixando qualquer ressentimento de lado.
Sua boca tinha gosto de perigo e tentação.
Seu braço esquerdo envolve a cintura dela diminuindo a distância entre eles, enquanto o direito afunda os dedos em seus cabelos, puxando-os para trás.
Seus dedos acariciavam o maxilar dele, sentindo deliciosamente como se contraia, mergulhando a língua com vontade no ponto sensível cheio de desejo.
As pontas dos pés erguidos, deixando seu corpo leve sabendo que nunca cairia, porque Daemon a seguraria ainda mais forte contra ele.
A pegada dele era forte e não se sentia como um vaso raro e frágil. Não se importava com as marcas roxas que ficavam em seu corpo quando suas mãos apertavam forte a curva da cintura. Daemon pegou o que era dele e por um momento, quis que ele também fosse apenas dela.
Ela desfaz o beijo apenas quando sente uma tontura pela falta de ar.
— Eu te odeio! — passava as mãos em seus ombros, roçando o bico dos seios rígidos em seu peito — Odeio quando me humilha, como usa as piores palavras para me machucar, mas... Eu te odeio mais ainda por me fazer sentir tanto desejo por você.
— Que pena! — ele passa às duas mãos entre seus cabelos, erguendo o rosto dela, fazendo círculos carinhosos com os dedos na sua nuca — Por que eu adoro cada pedaço de você e não escondo o quanto me afeta.
Inebriada por ele, por suas palavras, viciada em tão pouco tempo em seu toque.
— Larga aquele maldito lobo — encostou sua testa com a dela permanecendo com as mãos nos cabelos — e casa comigo!
Quando ouviu o pedido de casamento de Cregan, ela considerou um ato romântico, o fato dele querer saber dela o que sentia e se gostaria do casamento, a conquistou.
No entanto, o pedido de agora, fez seu corpo esquentar, pupilas dilatarem e seu coração disparar mais rápido. Um pedido tão forte como se ela fosse o ar que ele precisava respirar para sobreviver e talvez ela realmente fosse. O único motivo de Daemon ainda estar vivo é ela ao lado dele.
— Você só pode estar louco!
— Nós sabemos que a loucura faz parte de mim — sorriu, não a deixando responder roubando um beijo mais exigente que o anterior.
Suas mãos caminhando onde sempre deseja, até a bunda empinada, erguendo-a ainda mais. Ela conseguia sentir sua ereção na barriga e um gemido involuntário saiu da sua boca.
Ele tomava tudo dela, como se fosse seu por direito.
— Não quero me magoar — dizia entre os beijos — passar o mesmo que Laena, vai me machucar.
— Como assim? — ele olhou confuso em seus olhos.
— Você a deixou por outra mulher.
Ele ri, erguendo o queixo dela com a ponta dos dedos.
— Menina tola, você não consegue ver?
Olhava-o sem dizer nada esperando a conclusão de sua própria pergunta.
— Você é o motivo do meu divórcio!***
Espero que gostem e por favor deixem comentários, eu amo ler cada um deles. Me siga no Twitter: moneceles.
Beijooos.
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Bloodline
FanfictionConteúdo: ADULTO (+18) A família Targaryen segue uma longa linhagem de assassinos. Eram treinados desde pequenos a seguirem seu caminho assim como Aegon conquistador. Após séculos e séculos, nenhuma mulher seguiu como matriarca, mas Viserys estava...