Capítulo 19

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Rhaenyra andava de um lado para o outro, tentando encontrar uma maneira de escapar. As janelas eram resistentes, as portas eram trancadas com três cadeados perfeitamente selados, com apenas um ferrolho na parte superior para transferir algum alimento.

Esse quarto não era uma escolha qualquer, Daemon planejava mantê-la ali enquanto o plano fosse executado.

A noite que passaram juntos foi uma despedida, ela sentiu isso. Os toques dele eram diferentes, a necessidade de saborear cada pedacinho da pele dela, memorizar o corpo dela com as mãos, as declarações sussurradas enquanto seus corpos dançavam. Os sinais estavam lá, mas ela não conseguia vê-los, perdida na necessidade de estar com ele.

— Que estupidez a minha! —  ela exclama para si mesma — Sentimentos são perigosos, ele usou minha fragilidade —  um chute na cadeira faz sua raiva explodir.

Daemon não tinha o direito de tirar dela a decisão sobre o que fazer com sua vida. Ela passou anos sendo usada como uma marionete, moldando-se para obter o respeito de capangas e chefes de família. 

Somente ela deveria decidir seu próprio destino. Ele disse isso mais de uma vez. No entanto, seu tio provou ser igual aos outros, pensando apenas no que era certo fazer, mesmo que isso significasse passar por cima das decisões da futura matriarca.

Ele queria salvá-la, sussurra a mente dela, tentando se iludir com a ideia de que ele se sacrificou por ela.

E se durante todo esse tempo ele estivesse esperando por uma oportunidade de tomar o lugar dela? Daemon era capaz de traí-la mesmo depois de dizer que a amava?

A raiva a consome. Seu corpo tem espasmos de ansiedade e dor. Seus olhos lacrimejam e seu coração dói... Deuses, como dói. De todas as traições, ela nunca imaginou que Daemon faria isso.

Ela o amava. Perdidamente. Eloquentemente.

E saber que agora ela estava sozinha, enjaulada, esperando apenas a sentença, a deixou desolada.

Mas não fraca.

Ela não desistiria do que era seu por direito.

Mesmo que isso significasse matar Daemon.

Nenhuma de suas armas estava no quarto. Nem mesmo as que estavam escondidas embaixo da cama ou em lugares estratégicos.

Portanto, Rhaenyra precisaria usar sua inteligência e manipulação para sair dali.
  
Conhecendo seu anfitrião, ele designaria o melhor de seus seguranças para proteger a porta. Nesse caso, seria seu filho, Harwin Strong, conhecido pelo apelido de Quebra-ossos. Um homem fácil de persuadir, movido pelo coração e menos pelo cérebro. 

— Eu me sinto sozinha — ela choraminga, encostada na porta — estou com medo. 

O silêncio permaneceu.

— O que eu preciso fazer para ter um pouco de felicidade? Todos que eu amava se foram. Uma traição está sendo planejada pelas minhas costas enquanto eu fico aqui, presa em um quarto escuro, isolada da verdade. 

Rhaenyra finge chorar e sorri quando a sombra de sua sentinela se move, demonstrando angústia com suas palavras.

— O que é o amor comparado ao dever? Um sacrifício visto pelos olhos dos ingênuos, mas uma traição apenas pela sede de poder.

O arrastar de seus pés e o movimento das sombras sinalizavam uma maior atenção ao que ela estava dizendo.

— Qual é o sentido de viver se o futuro é apenas dor e sofrimento?

Rhaenyra decidiu permanecer em silêncio, esperando que sua presa caísse na armadilha.

— Syrax? — Harwin a chama — Syrax? — um pouco mais alto, com um tom de preocupação na voz — SYRAX?

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⏰ Last updated: Sep 01, 2024 ⏰

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