#9: Alexa, toque Better Than Revenge, da Taylor Swift

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Luto para levantar da cama. No calendário, indica que hoje é meu dia de ir para o trabalho. Não sei se estou pronta, mas o dinheiro não pergunta como estou me sentindo. Simplesmente preciso ir. Depois que consigo, ainda preciso pegar um ônibus porque o meu carro morreu. Estou de luto. O dia está de luto em Londres. Nublado, cinza, morto. O mundo resolveu combinar comigo. Mas só para me lembrar de que não é meu amigo, quando desço do ônibus está chovendo — e eu não estou com guarda-chuva. Quando é que os dias de sorte chegarão?

Ao chegar no estúdio, ainda preciso ouvir o Lucian dizer:

— Eita, Lia, acho que você se molhou um pouco. — O sorriso perverso dele é explícito porque ele não faz a mínima questão de esconder a piada. Eu estou encharcada.

— Obrigada pela observação, Lucian — digo, totalmente mal-humorada. — Realmente muito boa.

Fiona, a figurinista, vem com uma toalha, e eu agradeço. Não estão filmando nada, pois hoje estávamos programados para filmar fora do estúdio. Como está chovendo, teremos que adiantar alguma cena interna, e todos matam tempo enquanto os diretores decidem.

É procurando Olivia com meus humildes graus de miopia que encontro, incomumente, Ming.

— O que você tá fazendo aqui? — O puxo de longe do diretor, para perto do corredor.

— Ué, o que é que você tá fazendo aqui? — ele apoia as mãos na cintura e pende a cabeça para o lado, balançando o cabelo. — Achei que fosse faltar.

— Mas hoje é meu dia de vir.

— Sim, mas você e a Olivia não terminaram? Achei que você precisasse de um tempo ou sei lá.

Pisco os olhos seguidamente, tentando entender. Algo nessa conta não bate.

— Sim, eu e ela terminamos. Mas como é que você sabe disso?

— O Joseph me mandou mensagem — ele tateia os bolsos da calça, procurando o celular. Aquele nome me causa um choque, de repente me sinto mais atenta. — Ele explicou que estava com a Olivia quando vocês terminaram e que você ficou bem mal. Disse que era bom eu vir porque talvez você faltasse.

Fico de mãos atadas, completamente atordoada.

— Sim — é tudo que tenho a dizer sobre os últimos comentários, e cruzo os braços na minha roupa molhada, me preparando mentalmente para um possível resfriado. — A história não foi bem assim. Merecemos um vinho hoje à noite para eu te contar os detalhes.

— Ótimo — os olhos de Ming permanecem fixos na tela do celular até achar o chat com Joseph e me mostrar. Pego o celular e fico lendo. — Eu amo que tudo é motivo de vinho para você.

Depois de ler as conversas, que não passam de exatamente aquilo que Ming resumiu, pergunto:

— Por que ele tem seu número?

— Na festa acabei indo na cozinha dele e lá tinha um pôster muito lindo. Pedi a foto e ele me mandou por mensagem.

Ele sobe as mensagens e mostra a foto do pôster. Se trata de dois gatinhos rejeitando cervejas e bebendo um pote de leite, com a frase "Não, obrigado. Hoje eu vou beber só leite". Não consigo imaginar um pôster daqueles na casa do Joseph Quinn. Pelo menos não do Joseph Quinn que fala comigo, que parece ser outro totalmente diferente do que fala com todas as outras pessoas ao meu redor. Talvez eu tenha feito por merecer, implorando para ele desistir de um papel tempos depois de rejeitá-lo em outro. Mas acho totalmente que ele está exagerando.

Tomo a liberdade de clicar na foto do perfil, ainda com o celular de Ming. Não é Joe, e sim um gato. Branco, peludo e mal-humorado — como ele. Será que é seu bichinho de estimação?

as you want || joseph quinnOnde histórias criam vida. Descubra agora