#6: três caras e uma mulher em um quarto

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Dois rapazes e um baseado na mão.

Nesta ordem: eles me olham, ficam petrificados — de repente eu sou a Medusa, petrificando homens —, e nós três ficamos paralisados olhando um para o outro. Igualzinho àquela cena com os três homem-aranhas apontando-se simultaneamente.

— Calma aí — digo —, você é o Uber, não é?

Ele franze o cenho e parece me analisar mais intensamente, quem sabe atravessando a minha cabeça ou a minha alma com uma visão raio-x, algo do tipo. Em seguida, seu rosto se ilumina.

— É — inesperadamente, ele concorda —, e você não é a vaca?

A feminista dentro de mim adoraria ficar puta com isso, mas eu acabo dando uma gargalhada. Ele também ri, e o rapaz ao lado fica nos olhando como se fôssemos alienígenas.

— De que porra vocês estão falando?

— Ela é a patroa do Joe — responde, fechando a porta com o pé e voltando a abafar o som da festa. Leva a seda aos lábios e passa a língua. Eles me encaram, consecutivamente.

Então estou presa em um quarto com dois caras, em uma festa. Ou seja, se eu gritar, ninguém vai ouvir.

Para o Ming isso seria um sonho — e mais uma coisa a acrescentar à sua bio do Tinder —, mas eu sou mulher. Então é meio que um pesadelo mesmo.

— Patroa do Joe? — o cara fica ainda mais confuso, se é que isso era possível. Wes/Uber assente em resposta.

— Não sou patroa de ninguém — digo, tratando de ficar de pé o quanto antes. Até passo a mão na roupa, como se estivesse suja. Ainda bem que não deu tempo de eles me flagrarem deitada na cama do Quinn. Que mico. — Ele está atuando no meu filme, só isso.

— Você é a Lia Trueman? — o rapaz aponta para mim, meio chocado, enquanto o Wes/Uber passa em minha frente, bolando o baseado e indo direto para a ponta contrária da cama.

Ambos têm as bochechas coradas e são loiros. O rosa nas bochechas com certeza é por conta do calor da festa. Talvez sejam irmãos. Puta merda, talvez sejam todos Quinn! Quem sabe eles não têm uma legião de clones? Credo.

— Sou, sim — respondo, desconfiada, tentando sair do quarto pelas beiradas, me esgueirando em passos milimétricos.

— Caramba — o rapaz contorce os lábios para baixo como quem diz "uau, parabéns". — Ele tem dois livros seus na estante.

Pisco os olhos bem rápido, agora paralisada.

Tenho a impressão até de que o vento se torna um pouco mais pesado.

Ele tem... o quê?

— Desculpa, hein? — E uma pausa silenciosa toma conta do quarto. Wes/Uber girando o baseado, o cara provavelmente já chapado falando coisas sem nexo, eu colada na parede mais confusa do que cego em tiroteio. — O que foi que você disse?

— O que eu disse? — Ele olha para os lados, agora sem ter certeza de que deveria ter dito o que acabou de dizer. — Eu não disse nada.

— Você disse sim.

— Eu não disse não.

— Ele disse que o Joe tem... — Wes/Uber está prestes a confirmar que eu ouvi direito, quando a porta do quarto abre novamente e obriga todos nós a olhar naquela direção. Puxa a nossa atenção como um campo de força gravitacional.

O dono do quarto. E da casa.

Agora estou com três homens. Meu Deus. Essa noite só tem a piorar.

— Que porra... — o Joseph resmunga. Até se dar conta de que eu também estou no quarto. Então seus olhos dobram de tamanho e enfatiza: — Que porra é essa?

as you want || joseph quinnOnde histórias criam vida. Descubra agora