#17: Jack Antonoff estaria orgulhoso

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— Não acredito que trouxe seus amigos estranhos com você — diz Lauren e aquele seu jeitinho mal humorado de ser, achando ruim, cruzando comigo na porta de sua casa e me empurrando sua bolsa para entrar no banco do motorista. Não ligo para o que ela acha dos meus amigos. Na verdade, o fato de ela não gostar deles é um sinal de que estou fazendo amizade com as pessoas certas.

Precisei explicar, ontem à noite em uma chamada de vídeo em grupo, o status complicado dos meus sentimentos confusos pelo Joseph, a Ming e Lucian. O fato é que viemos juntos no carro por quase uma hora até a casa de Joseph: eu, ela, Lucian, Ming e seu peguete, o Chris. Só um adendo: eu vi ela e o Lucian trocando olhares pelo retrovisor superior e algumas risadinhas quando suas opiniões convergem, mas fingi que não.

O carro é a própria definição de caos. Ming coloca Taylor Swift para tocar e Lucian pega o celular e troca para Kanye West, então Chris implora para colocarem Blackpink e Lauren grita "será que dá pra calarem a boca?" e o único a obedecer é o Lucian, porque tá louco pra comer ela. Então ela pede desculpas olhando para ele pelo retrovisor e tudo se repete num ciclo infinito.

Nós paramos num drive-thru e pedimos hambúrgueres e milk shakes. Se alguém sentir vontade de fazer xixi precisará usar o banheiro sujo da sorveteria mais próxima. Estamos estacionados na calçada da frente, escondidos no caminho de terra entre duas moitas, ao lado de um parque. Nada suspeito, imagina só. Já bateu a fome, então estou bebericando preguiçosamente o meu milk shake — de morango.

Eis o plano de Lauren: acampar em frente a casa dele até que alguma mulher entre ou saia. Na cabeça dela faz sentido porque, como hoje ele não vai trabalhar, é certeiro que vai passar o dia com alguém — se tiver alguém — ou pelo menos dar umazinha. Ela não para de batucar os dedos no volante, nervosa com o tumulto no carro, e eu fico só dando risada com o seu jeito sistemático. "Fala baixo", ou "não encosta em mim com esses dedos gordurosos, Lia", ou "dá pra parar de falar 'boceta' toda hora, por favor?", toda sua chatice indo por água abaixo porque os meus amigos conseguem ser ainda piores do que eu.

Estou me divertindo, apesar de ansiosa, e muito embora não saiba o que farei se Joe ou alguma mulher aparecerem, fico balançando meus pés descalços feito uma criancinha feliz. É legal ter as pessoas que eu amo todas em um único lugar, mesmo que para isso precisemos quase acionar autoridades para dar início à Terceira Guerra Mundial.

Bem, isso na primeira hora. Depois de mais de uma hora e meia parada no mesmo lugar e com os músculos da bunda começando a formigar, fico nervosa e acho todo esse plano uma grande besteira. Quem não?

Chris começa a reclamar de calor e brotoejas aparecem em seus braços, Lucian abre a porta do carro para correr algum vento e Ming fica cantando alto alguma música de Demi Lovato. Ainda são nove e meia da manhã.

E se Joseph resolver acordar tarde hoje?

Prestes a dizer que deveríamos ir embora, olha só quem dá as caras: Joseph Quinn, estrelando como... Joseph Quinn. E um gato em uma coleira.

É. Isso mesmo. Não é piada.

— Olha ele, olha ele! — Todos dizem ao mesmo tempo, se estapeando, nervosos.

Lucian fecha a porta do carro com cuidado para não fazer barulho e não chamar atenção. Chris para de se coçar. Cochichamos como se Joe fosse nos ouvir, mas estamos a, pelo menos, quinze metros de distância. Seria improvável. (Não vou dizer impossível, pois o mundo adora dar uma de espertinho para cima de mim.)

Todo mundo tenso, observamos. Joe está com uma camiseta preta e uma bermuda moletom.

— Esse que é o tal do Joe? — sussurra Chris, recebendo uma confirmação geral. — Que gato.

as you want || joseph quinnOnde histórias criam vida. Descubra agora