O Alvorecer do Corvo ( Xiao x Reader)

Arco II - A Desolação do Corvo II

— S/N?— A voz macia de Venti a fez despertar, ela não tinha notado antes, mas ele tinha um sotaque acentuado. O garoto estava mais uma vez sentado na cama dela, encolhendo o tronco largo para caber. Ela teve alguma dificuldade para manter os olhos abertos, assim que os esfregou notou o quanto estavam inchados.

— Venti.— Ela se sentou, coçando a nuca. O leve estupor de acordar a consumindo enquanto tentava focar na figura na frente dela. O garoto tinha em mãos quatro barras de cereal, algumas castanhas em pacotinhos individuais e duas canecas grandes com um líquido quente. — D-desculpe por...

— Não se desculpe. É bom ver que mesmo quem é duro ainda cai. Eu que não sou tão duro assim me senti só um pouco melhor em saber que não sou o único aqui que tem problemas.— Ele deu de ombros, entregando uma das canecas, bebendo da dele. — Eca, odeio chá. Tem gosto de mato quente.

S/N riu pelo nariz, bebendo da própria caneca.

— Não é tão ruim assim, mas você tem cara de quem prefere chá com leite e bastante açúcar.— Ela comentou, abrindo um sorriso tímido de canto.

— Você tá melhor mesmo, os comentários sarcásticos voltaram!— Ele arqueou uma das sobrancelhas lutando para abrir a embalagem de uma das barrinhas de cereal. S/N apoiou a caneca entre as pernas antes de agarrar a barrinha e abrir para o amigo. Ele não se preocupou em agradecer quando mordeu o cereal.

— Não foi sarcasmo, você só parece um ursão inocente e fofo.— Ela abriu uma das embalagens de castanha e comeu uma imediatamente.

— Eu vou considerar isso um elogio.— Ele bebericou o chá mais uma vez antes de mastigar o resto do cereal.

— Que nojo. Meu melhor amigo também...— S/N riu, mas parou imediatamente assim que se deu conta do que iria falar, Kazuha costumava mastigar as coisas enquanto tomava chá, ele dizia que ajudava a descer mais rápido. Ela sempre achou nojento e implicava com ele por isso - o que sempre o incentivou a fazer pior.

— Ele deve ter sido um cara gente boa, não dá pra duvidar do caráter de quem faz isso.— Ele apontou para a própria boca enquanto terminava de mastigar mais um pouco. S/N ficou feliz por ele não perguntar mais sobre. Ela terminou de comer as castanhas e deu suas duas barrinhas para Venti que agradeceu antes de devorá-las sem pensar duas vezes. Ele parecia faminto.

— Hm, como eu vim parar aqui?— S/N perguntou e apontou para a cama, ela estava parcialmente coberta com o cobertor empoeirado - que provavelmente tinha sido batido, porque ela não sentia vontade de espirrar.

— A agente Bonz te trouxe de volta. Fiquei preocupado, você parecia bem debilitada no colo dela.— Venti tirou os sapatos e se encostou na parede atrás dele, S/N tirou os pés do caminho, se apertando no canto da cama. — Pode colocar os pés no meu colo, sei que tô invadindo a cama. E claro, não precisa me contar nada se não quiser, mas somos amigos, né? Então, de qualquer forma, eu tô aqui.

S/N fechou a mão e punho e bateu suavemente na cabeça de Venti com a parte macia da mão. Ele reclamou e coçou a cabeça.

S/N se levantou, recolocando os suspensórios com maestria antes de se cobrir com o sobretudo grosso. Ela ajustou a espada na cintura e assim que pegou o coldre, notou o quão mais fácil era carregá-lo agora.

— Alguma ideia de quando partimos?

S/N não conseguia encarar Elisa sem se sentir patética, apesar de que a sessão na noite anterior houvesse de fato ajudado, ela não conseguia simplesmente manter a postura séria e o nariz erguido perto da mulher - afinal, agora que ela conhecia a miséria da garota, seria difícil que a respeitasse. Ou pelo menos, na cabeça dela as coisas funcionavam assim.