Arco I - A égide do corvo V

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— Você sente algo diferente?— S/N permanecia parada no hall de entrada do apartamento, havia uma pilha de roupas no sofá, as coisas de Kazuha ainda estavam espalhadas pelo apartamento. Ela sentiu aquele mesmo amargor assim que entrou em casa.

Não... Aquele lugar não se parecia mais com uma casa.

— Não.— Klee respondeu com a voz plana. Ela estava parada em frente ao sofá - há algumas horas, no começo da manhã, ela e Kazuha o haviam bagunçado e prometeram arrumar juntos assim que chegassem. Klee começou a empilhar as almofadas e recolher os potes de tinta e glitter que haviam deixado espalhados pelo móvel.

— Klee.— S/N chamou, mas a garota não se virou para ela. Mesmo S/N não sabia o que falar.

As duas permaneceram em silêncio. S/N se sentou com as costas apoiadas na porta de madeira enquanto Klee compulsivamente limpava o ambiente.

— Ele prometeu...— Klee foi a primeira a começar a chorar. A voz embargada assim que terminou de organizar a sala. S/N não tinha forças para pará-la nem se juntar a ela. — Ele disse que assim que nós... assim que nós...

— Vem cá.— S/N sentiu o queixo tremer e as sobrancelhas se unirem assim que começou a chorar inconsolável. Ela abriu os braços, indicando a mais nova que ela deveria se juntar a ela.

— Ele prometeu que me ajudaria a arrumar!— Klee se jogou sobre a irmã, a apertando com força. — Ele disse que nós voltaríamos juntos! Ele nunca arrumava, mas...

— Eu sei.— S/N apertou a mais nova contra si, arrumando a irmã confortavelmente em seu colo.






A porta da frente se abriu com urgência e atingiu as costas de S/N que gemeu em protesto. Ela e a irmã haviam adormecido abraçadas, apoiadas na porta de casa.

— S/N!— Alice Vorona entrou como um furacão, se espremendo pelo espaço curto. Faziam pelo menos quatro anos que S/N não via a mãe, e agora que estavam frente a frente, ela não sentia nenhuma vontade de comemorar.

Elas precisaram quase morrer para que a mãe finalmente as viesse visitar. S/N sempre montava relatórios semanais para a mulher, a fim de justificar gastos e outros acontecimentos importantes. Junto com os relatório ela sempre pedia que viesse vê-las - S/N imaginou que ela se orgulharia da casa bem organizada, das refeições completas, das notas altas, e no entanto, ela raramente recebia alguma resposta. A mãe ignorava os pedidos, e ignorava os aniversários das duas, por ser mais velha, S/N entendia a ausência, mas era difícil de explicar para Klee.

Geralmente ela enviava alguns Monles a mais no final do mês, indicando que deveriam comprar algo que gostassem, mas nada poderia substituir as festas vazias.

— Oi mamãe.— S/N respondeu, balançando suavemente Klee. A menor piscou os olhos algumas vezes antes de reconhecer a mulher parada no corredor de entrada do apartamento.

Para ser sincera, Alice parecia mais velha, mais cheia de cicatrizes e mais severa que nunca.

— O que aconteceu com seu rosto?— Alice se posicionou de cócoras na frente de S/N para avaliar o ferimento ainda não higienizado, havia sangue seco por todo o rosto, pescoço e roupas, mas nada disso parecia importar. Ela provavelmente estava buscando sinais de lodo preto ou corrupção.

— Fui arremessada, me feri quando caí.— S/N respondeu friamente, ela provavelmente não teria se preocupado se estivessem em qualquer outra situação. Apesar de magoada, ela sorriu suavemente para indicar que estava bem.

O Alvorecer do Corvo ( Xiao x Reader)Onde histórias criam vida. Descubra agora