Arco III - O Devaneio do Corvo III

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— Feliz aniversário, Venti. Sinto muito, não vou poder comparecer a sua festa de aniversário.— S/N digitou rápido no momento em que estava longe o suficiente dos muros da Cidade. Era tarde demais para se arrepender por não ter ido, mas pelo menos, tinha mandado uma mensagem. O brilho da Sykkel a incomodava, era estranho estar do lado de fora mais uma vez. S/N achava que àquela altura estaria acostumada com a sensação de não ter um lugar para voltar, fora das cidades era muito fácil se perder, o perigo espreitava por todos os lados, o clima gelado e o escuro não ajudavam muito.

Ela desligou a luz da barreira da Sykkel, estava completamente exposta ao vento gelado e a qualquer outra ameaça. O comunicador vibrou no pulso, ela o ergueu para se deparar com uma mensagem que não esperava receber tão cedo - o plano era estar longe o suficiente para só receber daqui há pelo menos uma semana quando os cigarros acabassem e ela precisasse voltar para buscar mais.

— Não é meu aniversário. Eu sabia que você não viria, isso tudo foi só uma armadilha para você se sentir culpada e me mandar mensagem se desculpando.— Venti continuava tão esperto quanto antes - e a fez reparar que não havia mudado tanto assim com os anos, já que ele ainda a conhecia bem.

— Me dá um motivo para eu não te bloquear agora.— Ela ameaçou, rindo involuntariamente.

— É meu aniversário?— Ele respondeu quase que de imediato.

S/N não se preocupou em responder. Ainda tinha um longo caminho pela frente até uma das bases, mesmo que odiasse as bases mais próximas, sentia a mente cansada o bastante para decidir descansar por lá mesmo.





— Brincadeira. Como tá o mundo aí fora?— O comunicador vibrou assim que ela entrou pelas ruínas o mais rápido que podia, retirando a insígnia e abrindo a barreira. Ela leu a mensagem rapidamente antes de entrar.

— Uma merda. Pior do que quatro anos atrás.— Respondeu rápido, enquanto estacionava a Sykkel. Haviam outras seis estacionadas ali, com um pouco de sorte os motoristas estariam todos dormindo. Ela decidiu ir até o quarto mais distante, bateu rapidamente na porta alta, e quando ninguém respondeu ela simplesmente entrou, se deitando em uma das beliches quando notou que não havia ninguém ali - ela se lembrou instintivamente da primeira noite que havia passado ali.

— Não achei que seria possível.— Venti respondeu, e ela imaginou que ele estaria na beliche de cima, a perguntando por que ela nunca tirava os suspensórios. Foi a primeira vez que conversou com Elisa de verdade, ela havia sido a primeira pessoa a consolá-la depois da morte de Kazuha.

— É. Você lembra da Elisa?— Ela perguntou por mensagem, apagando várias vezes e reescrevendo, se sentindo idiota.

— Não tem como esquecer, acho.— Venti respondeu rápido. — Ela ainda, sabe...?

— ?— Enviou, sem entender.

— Tá viva? Digo, como um desperto. Tava procurando uma maneira de como digitar essa mensagem e ela não ser tão pesada, mas acho que não tem, né?— Venti parecia tão inseguro quanto ela, e talvez aquilo a confortasse um pouco.

O comunicador vibrou mais uma vez, dessa vez, era uma chamada de voz. S/N ponderou um pouco antes de decidir atender.

— Oi.— Ela disse rápido, tentando afastar a vergonha, imaginando como a voz dela sairia pelo telefone. Provavelmente era mais fácil esconder as reações do que pessoalmente, mas se fosse mesmo sincera, ela preferia as mensagens de texto.

O Alvorecer do Corvo ( Xiao x Reader)Onde histórias criam vida. Descubra agora