Arco II - A Desolação do Corvo III

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Diferente de todas as outras regiões, o lugar em que estavam parecia ser mais pacato. Ainda haviam traços de destruição ao redor, gramado morto, enormes placas de concreto caídas ao redor de carcaças de construções semelhantes a de casas familiares. Mais adiante, S/N reconheceu o brilho suave azulado de uma barreira que se estendia para alguma região subterrânea. Elisa avançou com o veículo até a entrada, que diferente da primeira base, a deixava mais exposta. A mulher avançou com cautela, varreu o ambiente a sua volta antes de parar, retirar a insígnia da barreira da Sykkel e passá-la pelo visor azulado. Assim que o visor piscou, ela voltou rapidamente para o veículo antes de avançar por uma descida suave e entrar no subsolo.

O lugar parecia guardar alguns veículos, haviam inúmeros deles espalhados pelo enorme ambiente. Diferente da primeira base, ali dentro, provavelmente não haveriam quartos separados.

Marcel foi o primeiro a estacionar e descer, ele sacou a pistola e partiu pelo ambiente porcamente iluminado para fazer uma varredura rápida. Elisa simplesmente desceu e, sem olhar para trás, sumiu por entre as pilastras de sustentação do local.

— Garotos, podem procurar um desses veículos, só cuidado, alguns deles têm alarme, a maioria dos que já foram abertos tem uma marca de tinta azul.— Leo, o comandante da terceira equipe chiou antes de respirar fundo, como se precisasse tomar fôlego antes de seguir a mulher.

S/N sabia que não estava em posição de confortar Elisa, e provavelmente os companheiros dela já fariam esse papel, por isso, começou a procurar pelos veículos estacionados um que possuísse a marca azul. Para ser sincera, todos eles se pareciam muito com veículos que possuiam dentro das barreiras, a grande maioria se alongava, tinha bancos forrados e macios, uma lataria fina que se amassava com facilidade e pneus enormes.

S/N caminhou para longe do grupo maior que se atropelava para encontrar um daqueles veículos, a maioria tinha dificuldade em abrir as portas - estavam mais acostumados com tags e impressão digital. A garota em si encontrou alguma dificuldade quando encontrou um daqueles veículos mais afastados, ela leu na parte de trás o nome — Hyundai— , ao lado havia um grande círculo pintado, a tinta descascava, por isso ela simplesmente puxou o que parecia ser uma alavanca horizontal na porta, o veículo se abriu e ela se sentou no banco com cuidado, sentindo o corpo afundar.

Havia um painel grande, alguns botões, um volante e quando tentou passar para a parte de trás, viu um sobretudo muito parecido com o seu, completamente abandonado. Ele tinha cheiro de velho, por isso, decidiu saltar para o banco traseiro onde enfiou as mãos nos bolsos do sobretudo. Encontrou uma insígnia velha, ela brilhava em dourado e no centro haviam duas camélias, ela não conseguia se lembrar de que família aquele brasão era, por isso, simplesmente o guardou no próprio sobretudo. Ainda nos bolsos encontrou um bilhete amassado, a tinta gasta onde podia-se ler apenas: "Para minha amada..." e "...sinto muito por..." o papel estava manchado e velho demais para que S/N sonhasse em encontrar o dono. Provavelmente estava morto - e a garota sentiu o peito se apertar enquanto guardava o bilhete também.

— Sinto que você tá me evitando.— Venti apareceu no vidro do veículo, ele contornou o mesmo e enfiou a cabeça pela porta ainda aberta.

— Estou evitando todo mundo.— S/N se sentou direito no banco, dobrando o sobretudo.

— Perfeito, vou passar a noite aqui, descobri algo muito legal, olha!— Ele pediu, se enfiando no banco do carona, enfiando as mãos nas laterais do assento procurando por algo. Assim que encontrou, algo estralou e o banco desceu rapidamente enquanto ele pesava no encosto.

O banco não atingiu S/N por muito pouco.

— Vamos ver quem me mata primeiro, você ou os despertos lá fora.— Riu S/N, pulando para o banco da frente. Ela queria testar o banco também.

O Alvorecer do Corvo ( Xiao x Reader)Onde histórias criam vida. Descubra agora