S/N se despediu de Venti com um sorriso distante, ele carregava algumas maletas grandes para o carro de Pulcinella. Ele se atrapalhava enquanto tentava encaixar as maletas no porta-malas.
S/N por sua vez, assim que desceu a escadaria que guiava até o laboratório, caminhou até Pulcinella. Ele estava de frente para a garagem mais adiante, ela não se preocupou em se virar para ver o que ele estava vendo.
— Enviei a lista para seu comunicador pessoal, tem problema?— S/N perguntou, o comunicador dela emitia um brilho mais forte agora que estavam do lado de fora e o sol parecia castigá-los com um calor intenso e um brilho forte. Ela havia acabado de enviar a lista curta de coisas que precisava.
— Sssh.— Pulcinella cochichou, ele manteve a postura elegante, mas algo o deixava parcialmente desconfortável. Ele a encarou com algo que beirava a ternura antes de adoçar a voz e completar: — Boa sorte, querida.
S/N resistiu ao impulso de se virar para o que quer que ele estivesse vendo atrás dela. Era óbvio que ele estava interpretando, e imaginou que a mãe ou a Srta Hion os havia flagrado conversando. Ela decidiu que seria prudente interpretar também para facilitar o trabalho do mais velho de explicar o motivo de estarem próximos - afinal, aquele era um contato bem incomum.
— S/N?— Ela ouviu a voz firme da mãe. S/N se virou, fingiu surpresa por um breve momento e então neutralizou a expressão. Ela geralmente usava expressões neutras em público, então não fazia sentido que decidisse se expressar logo agora, principalmente porque além de Alice, logo ao lado dela, Dottore Solari se aproximava com um sorriso satisfeito.
— Que surpresa encontrá-lo aqui, Sr. Néfiris.— Dottore cumprimentou Pulcinella como se fossem amigos próximos, o puxando para um abraço logo em seguida. Assim que o soltou, ele se virou para S/N, com um olhar afiado e desafiador. Ela sabia que ele estava lendo as reações dela, e por isso se manteve calma e inexpressiva. — Você planejava sair sem se despedir, minha amiga?
— Eu não ousaria deixá-lo esperando, Sr. Solari. Quanto antes eu partir, antes posso voltar.— Ela sorriu educada, procurando usar um tom de voz plano.
— É bom vê-la tão confiante.— Dottore se aproximou dela, acariciou suavemente uma das bochechas com a mão firme e se distanciou em seguida. S/N estava desconfortável, mas tentava se mostrar alheia ao olhar dele fixo nela.
— O que faz com minha filha, Sr. Néfiris?— Alice não fazia questão de esconder o descontentamento, ela estava com os punhos cerrados e a mandíbula travada. Mesmo o tom de voz dela carregava uma rispidez incomum. Ela não direcionava a raiva apenas para Pulcinella, mas para Dottore também, como se o instinto dissesse à ela que ambos tinham intenções perigosas, mesmo que distintas.
— Estou curioso também, é tão raro vê-los juntos.— Diferente de S/N, Dottore era bem expressivo e suas frases costumavam dar ênfase ao que ele queria demonstrar.
— A srta. S/N era muito próxima do meu falecido filho. Eu a vejo como uma amiga próxima da família Néfiris, a encontrei por acaso hoje cedo quando vim buscar um dos garotos transferidos de laboratório para pesquisas internas da barreira. Não podia deixar que ela partisse sem me despedir. Sei que a missão é difícil, mas confio nos talentos dela.— Pulcinella parecia confiante, era de fato um bom mentiroso. Talvez os anos os tornassem mais convincentes. O discurso dele parecia razoável, por isso Dottore deu de ombros - como se aquilo fosse mesmo obra do destino.
— O que ela estava dizendo sobre listas e comunicadores pessoais?— E lá estava Alice, interrogando a todos de novo. Ela tinha um olhar desaprovador voltado para S/N que, pela primeira vez, decidiu ignorá-lo.
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O Alvorecer do Corvo ( Xiao x Reader)
FanfictionPara salvar o que restou da raça humana, quatro grandes famílias se uniram na criação de uma cidade protegida chamada Capital. No entanto, dentro das barreiras que protegem o que restou, nem tudo é o que parece, as quatro grandes famílias carregam s...