Havia um motivo pelo qual raramente os agentes de campo se aproximavam das florestas a leste.
S/N havia ouvido algumas vezes quando buscava por suprimentos seus colegas comentando sobre os rosnados de uma criatura tão forte e horripilante que nem mesmo os despertos se aproximavam. A mata era densa, as copas das árvores eram altas e as folhas tão carregadas que a luz do sol não conseguia penetrar seu interior. Assim que próxima o suficiente da entrada da floresta, ela notou que aquilo não passava de besteira.
A luz penetrava o suficiente para que enxergasse alguns metros a frente sem precisar forçar a vista, não haviam urros ou rosnados e alguns despertos caminhavam por entre as árvores, espreitando pequenos animais que habitavam o lugar.
Apesar de difícil, ela sabia que conseguiria passar com a Sykkel por entre as árvores se fosse cuidadosa. Ela desligou a barreira, o brilho seria chamativo demais e mesmo que os despertos a ignorassem pelo cheiro, ainda a seguiriam se fizesse muito barulho.
O ar ali era mais úmido e fresco, ela podia sentir o nariz arder graças a baixa temperatura. Tinha um cheiro quase bom, era algo novo para ela - por mais que já tivesse sentido o cheiro de grama molhada, ali, o odor da terra era mais forte e pesado, criavam uma atmosfera quase mágica enquanto ela contornava as árvores com a Sykkel lentamente.
Kazuha teria gostado de estar ali, ele adorava estar em contato com a natureza, e por mais que as cidades da barreira cultivassem árvores dos mais diferentes tipos, nada lá dentro se assemelhava àquele ambiente selvagem e natural.
Ela adentrou a floresta mais profundamente, marcando as árvores com a espada quando se deu conta de que provavelmente se perderia lá dentro se não fosse cuidadosa o suficiente - afinal, ela era péssima quando o assunto era achar seu caminho de volta.
Havia uma parte daquela floresta onde o sol era mais proeminente, as árvores pareciam se abrir para permitir que a luz a invadisse sem esforço. Os despertos não pareciam interessado em se aproximar daquela região, e mesmo que soubesse que o desperto que estava buscando atraía outros despertos, ela não queria estar tão próxima aquelas criaturas. O GPS da Sykkel indicava que a mãe havia passado por ali há alguns dias, e por mais que não fosse preciso o suficiente, S/N tentou seguir aquele caminho em busca da criatura.
Mais adiante, em uma clareira larga, ela encontrou uma espécie estranha de abrigo, haviam madeiras grossas cortadas em formatos diferentes, empilhadas perfeitamente numa espécie de telhado. Dentro daquele abrigo havia uma criatura adormecida.
S/N desceu da Sykkel com cuidado, ainda distante o suficiente, esperando não acordá-lo.
Furtivamente, ela se aproximou da criatura. Ele era largo, muito maior que os outros despertos, emitia uma aura ainda mais pesada e obscura, lodo negro escorria das garras afiadas. Ele estava com os olhos fechados, deitado de lado. S/N conseguia ouvir a respiração fraca e regulada dele - e não sabia que despertos precisavam respirar. Os braços dele estavam cortados, haviam inúmeros cortes grandes e inchados que se distorciam e tremulavam junto ao resto do corpo tão escuro quanto o próprio lodo. De alguns dos ferimentos ainda escorria um líquido viscoso grosso, mas ele era mais claro, quase bordô, diferente do primeiro desperto que havia enfrentado no caminho.
Ele era muito diferente de todos os outros despertos - geralmente tinham a pele cinzenta apodrecida, ela ainda tremulava em tons escuros, mas a dele era puramente o lodo, a corrupção.
S/N precisava ser rápida, ela se esgueirou pelo abrigo, que agora de perto, parecia enorme. A criatura emitia um odor pesado, mas não se parecia em nada com o cheiro dos outros despertos - ela não parecia ser uma ameaça. S/N mantinha os instintos atentos, ela confiava neles, e naquele momento, eles não gritavam para que ela corresse, eles gritavam para que ela ficasse.
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O Alvorecer do Corvo ( Xiao x Reader)
Fiksi PenggemarPara salvar o que restou da raça humana, quatro grandes famílias se uniram na criação de uma cidade protegida chamada Capital. No entanto, dentro das barreiras que protegem o que restou, nem tudo é o que parece, as quatro grandes famílias carregam s...