Eu sempre tomo muito cuidado ao fazer as conversas Monsam porque é como se fosse um jogo entre elas. Você tem que imaginar a cara delas de eu sei que você me quer. Me inspirei em Chuck e Blair e Villaneve para criar Monsam aqui. Sono truffatori. Due, due truffatori 🤌🏻 Só que cada uma tem sua visão de mundo. O título é uma música da Taytay. A foto desse é a vibes da Mon e da Sam da fic por dentro. É assim que eu as vejo.
Você já pensou sobre quando você era mais nova e que você poderia ter feito tudo diferente? Se sim, vai entender meus sentimentos e angústias porque a gente sempre pensa em algo que poderia ter feito diferente porque esse diferente mudaria toda a trajetória ruim que veio depois.
Quando eu era mais nova, tinha uma menina que era a fim de mim. Naquela época, eu não me aceitava como lésbica. Essa é a verdade. Eu era jovem e achava que tinha que ser hétero porque a gente é criada para ser. Toda vez que sentia algo por alguma menina, olhava para os meninos. E isso ia e ia...
Mas tinha essa menina. E ela chegou em mim um dia perguntando se eu beijava meninas. Olhei para ela e disse que não! Eu não! Ela começou a gaguejar que uma amiga queria algo e saiu correndo sem terminar de falar o que a tal amiga queria. Fiquei olhando ela correr e fiquei ali sem entender nada.
Só que algo aconteceu dentro de mim após aquele dia. E toda vez que eu via ela de longe na escola, a gente se olhava, mas não passava disso. Mas como eu disse, algo havia mudado em mim. Como se a pergunta que ela fez tivesse despertado o que eu bloqueei tanto tempo, desde a infância.
Um dia, até sonhei que a gente se beijava, mas pensei que estava doida de sonhar isso. Eu gostava de meninos! Como poderia sonhar que beijava aquela menina? E até hoje fico pensando o que teria sido se tivesse dito sim. Ela era super linda. Perdi a oportunidade, né?
Quando me aceitei e me assumi, ela já tinha alguém, então, namorei outra menina. Mas ficou essa questão do que não fiz para sempre na minha cabeça. Aquela questão do que eu poderia ter feito com ela porque ela seria uma experiência que eu poderia ter vivido porque ela mexeu comigo e me despertou algo, diferente das meninas que eu beijei após me aceitar.
Te juro, isso aconteceu comigo! Aconteceu, mesmo! Mesmo, mesmo! Estou narrando para você sobre o que aconteceu comigo. Pois ainda não me conformo que isso aconteceu comigo! Nem sei porque estou me lembrando dessa menina agora. São aqueles pensamentos que vêm do nada. Você deve ter também. Mas que a gente fica estressada com a própria burrice.
E devo dizer uma coisa... Reconheci a Mon não foi pelo relógio. Na verdade, soube quem ela era no momento em que a vi. Falei sobre o relógio porque é verdade aquilo. Ela é a líder. Ela usa ele para mostrar que é a líder e para fazer os novatos a reconhecerem.
Só que eu sabia quem ela era por foto porque recebi as informações sobre os membros. Não estou te enganando. Apenas não quis dizer logo de cara, assim como não disse sobre a Raíssa. Eram questões minhas.
Bom... Suspiro comigo mesma, pensando que preciso parar de pensar que tenho culpa por não ter beijado aqueles lábios femininos. Já foi! Já era! É algo que nunca vou saber, mas beijei os da Mon e ela fica andando como uma intrusa na minha mente desde então. Daria tudo para pensar um pouco menos nela.
Vim ao quarto depois do almoço para ficar um pouco sozinha. Estou um pouco cansada e estão demorando para me dar a resposta sobre se vou entrar ou não. E essa espera irrita, pois tenho pressa para resolver isso logo para voltar para casa.
Mon está me olhando furtivamente sempre que pode e faço o mesmo com ela. A gente se olha nas aulas e depois continua a fazer o que está fazendo. Aqueles olhares que as pessoas não notam. E até que gosto disso, mas espero que se a gente for ter algo, que seja público.
Sei lá... Até que gosto do proibido, mas é muito vibes de amante essa coisa de se esconder. Fica parecendo que namoro a Kade porque não posso namorar a Mon para não ferir ela. Isso é totalmente estranho! Imagina você namorar uma pessoa e não poder viver direito isso porque a amiga da sua namorada se incomoda. Tudo tem limites!
Enfim... Samanun, crie vergonha e vá estudar! Levante essa bunda da cama e vá estudar! Se bem que nem preciso estudar. Já sei tudo isso. Sei até mais. E nem preciso dizer que fui uma das melhores alunas. Na verdade, fui uma líder assim como a Mon.
Pisco por um instante e vejo olhos assustados olhando para mim. É aquele flash no meio dos olhos. Aquela imagem vinda do nada, tão de repente e assustadora. Como se um bastão atingisse, do nada, seu rosto.
Coloco a mão nos olhos e respiro fundo. Os olhos assustados voltaram com tudo. Caramba... Que pena... Estava tão bem sem vê-los...
Não sei qual foi o exato momento em que parei de ser a líder... Na verdade, sei sim o exato momento. Não foi na primeira morte, pois eu não era uma novata. Senão, nem teria chegado a ser a líder.
Tive que matar mais depois daquela morte específica. Não matei tantas pessoas assim como você deve pensar, sendo um cemitério cheio de corpos. Mas cada morte leva um pedaço de nós. Então, mesmo se fossem duas mortes, teriam um peso terrível.
A verdade é... Uma já é um peso que não tem dimensão quando você se arrepende. Apenas se acontece isso. Se não, você vive bem. Quem não se arrepende, vive com isso como se tivesse apenas passado uma margarina no pão e não tirado o futuro de alguém. Então, não pesa nada.
Só que eu sei o que fiz e o peso é como uma pedra nas minhas costas diariamente. Assumo que torturei crianças demais no período escolar. Também assumo que sentia prazer em fazer aquilo. Elas eram trouxas e trouxas não chegavam aos pés dos bruxos. Era o que eu pensava.
Eu perseguia eles... Pegava-os sozinhos, acompanhados... Não importava! E então... Eu fazia o que deveria fazer para que eles aprendessem que seu lugar não era junto à nós, bruxos. O lugar deles era no mundo trouxa, pois acreditava que a maior maneira de se colocar o véu em risco, era dando o poder para um trouxa pensar que poderia usar da magia para fazer a revolução trouxa.
Teve uma vez que estava indo ao banheiro e vi a Mitako, uma menina nascida trouxa. Sorri comigo mesma por saber que teria mais uma oportunidade de fazer o que tanto amava. Então... Deixei que ela fosse na frente e fingi que iria passar direto. Mas entrei depois e esperei ela sair.
Naquele dia, eu sorria de um jeito que as pessoas não gostavam. Diziam que quando eu sorria, era porque queria matar alguém. E era mesmo! Eu já disse que não sou de muitas conversas e nem muitos sorrisos. Só que não matei ela. Talvez ela tivesse preferido isso.
Acho que fui uma menina má por uns anos da minha adolescência. Fiz muitas coisas as quais me arrependo muito. Só que, às vezes, ainda tenho aquele sentimento de que fiz o certo porque era o que eu acreditava ser o certo.
Algo parecido, ou quase, como quando uma menina se assume lésbica, mas pensa se não deveria ser hétero porque a sociedade ataca as lésbicas e ser hétero é mais fácil. Porque fui ensinada, desde o berço, que era certo os bruxos serem maiores que os trouxas. Eu achava que aquela era a única maneira de se viver.
A supremacia bruxa era algo muito importante para mim. Acreditar que os trouxas estavam roubando a magia dos bruxos era algo que me irritava muito, pois eles já nos tiraram a liberdade de sermos quem deveríamos ser. Ou seja, seres livres! Mas, além de retirar isso da gente, eles ainda retiravam nossa magia. Isso não era algo justo para mim. Então, eu ia fazia mesmo!
Torturei, matei... Fiz e aconteci... Eu era tão... Que consegui ser a líder. E isso me dá vantagens até hoje, pois sei como uma líder pensa e age. Sei como vou lidar com a Mon. E foi esse poder que me fez ter acesso à informações, não apenas minha árvore genealógica. Eu ainda sou uma das maiores que passou por Mahoutokoro. Não me achando, apenas que meus atos me colocaram acima e isso me influenciou, de certa forma, a não querer vir para Castelobruxo.
Olho para meu relógio de pulso e vejo que já faltam cinco minutos para minha aula de feitiços. Suspiro e penso que vou ter que ir para minha vida de sempre. Minha vida de agora! A de sempre, também...
É como se tivesse que voltar a ser quem eu era, quem eu queria fugir naquela ilha. E lidar com isso é cansativo porque já me arrependi, mas é como se eu tivesse que fazer tudo o que me traz de volta os olhos de quem eu causei tanto mal.
Vejo a Rissa pelos cantos. Os olhos assustados reaparecem na minha vista o tempo todo. Sinto que preciso ser uma boa amiga de uma trouxa que é transsexual para ser melhor ainda e isso aliviar minha culpa e fazer passar um pouco.
Não que tenha problemas com a sexualidade alheia. Mas o meu eu anti-trouxas ainda ruge aqui dentro porque crenças encalacradas ainda deixam vestígios, mesmo que você não queira mais lá. Porque seu cérebro decorou aquilo como sendo o correto e tirar isso é uma luta constante.
Além disso, preciso lidar com a Mon. Preciso fazer meu papel e... E... Esse sentimento aqui de que vejo ela e me sinto tão feliz... Tão estranho! Porque eu me sinto bem perto dela. Um bem que é automático e que apenas existe, sem eu saber desde quando... Só existe. Que merda!
Vamos para a aula, Sam! Vamos fazer feitiços! Vamos continuar o que tem de ser feito! Vamos lá! Faça o mantra! Sim, aquele lá! Respire! Isso! Pronto? Pronto! Vamos lá! Chega de pensar na Mon desse jeito! Para de ser vagabunda e burra por mulher bonita que beija gostoso, e com pegada! Chega!
Me levanto da cama, pego minha mochila e saio do meu quarto. Subo as escadas e vou direto para a aula de feitiços. Muitos alunos passam por mim. Nenhum deles sabe o que carrego aqui dentro. Eles andam em suas vidas que são perfeitas.
Pelo menos, perfeitas por não terem uma bagunça dentro de si como tenho. Além de não sentirem raiva como sinto. Ela me corrói por dentro. Tanto que vou ter prazer em matar quem matou a Rissa. Vai ser a morte que nunca vou me arrepender. Porque eu saí do meu sossego para vir aqui apenas por isso.
— Sam! — Ouço alguém gritando e olho para trás, são as meninas.
— Oi... — Sorrio para elas.
— Você não quis voltar para o salão e subir com a gente? — Misty me olha meio assim.
— Estava terminando os deveres e resolvi vir direto para cá. — Dou de ombros.
— Você nem precisa fazer dever. Você sempre vai tão bem. — Yuki me olha como se eu fosse muito inteligente.
— Não vou tão bem assim. — Dou de ombros de novo, mas sei que ando indo além do que deveria, já que meu plano era não me mostrar como fazia em Mahoutokoro.
— Você é melhor que a gente. — Misty revira os olhos.
— Verdade. — Bela concorda.
— Se é... — Song também concorda.
— É impressão de vocês. Mas o que vocês fizeram depois que saí? — Mudo de assunto.
— A gente ficou rindo de que a Song tá pensando em sair com a Kade. — Misty começa a rir e penso que essa é nova.
— Como assim? Isso do nada? — Fico surpresa mesmo.
— Sei lá... Ela entrou para o clube de bexigas e a gente está se conhecendo. — Ela dá de ombros.
— No caso, vocês estão se conhecendo desde ontem. — Yuki revira os olhos.
— Ah, mas estamos... — Song dá de ombros.
— Espero que dê certo. — Sorrio porque isso vai ser minha salvação.
— Mas você deveria ir com calma. Toda a escola sabe o que ela fez com a Jim no ano passado e que foi por isso que ela saiu dos times de quadribol e futebol. — Tabby fica séria.
— Verdade isso... — Yuki concorda e Misty também.
— O que aconteceu? — Fico curiosa.
— A goleira do time antes de você, era a Kade. Se você é a goleira hoje, é porque ela saiu. E ela saiu do time porque a Jim e ela namoravam. Elas namoraram por pouco tempo, mas foi o assunto da escola na época. Elas eram o maior casal da torcida. Eram lindas juntas, aquele show. Tudo era perfeito, mas um dia... Isso foi bem foda... A Kade foi pega no quarto da Rissa... — Eu congelo completamente. — E as duas estavam meio que nuas. Foi o maior escândalo. Ninguém entendeu como isso pôde acontecer. Até porque a Jim e a Kade dormiam no mesmo quarto e todo mundo jurava que elas dormiam juntas. Como a Kade saiu de lá sem ninguém perceber? E também foi bem foda porque a escola toda soube na hora. A Jim teve uma crise terrível e saiu da escola pouco depois. Isso foi antes da Rissa sumir. Ela era nossa amiga e até hoje não entendemos o que aconteceu. Rissa não era assim. A gente não entendeu. Ainda não entendemos. Ela nunca nem demonstrou interesse na Kade. Foi tão do nada! E aí ela sumiu, nunca mais a vimos. Ficou aquela sensação de... Né?
— Sim, nunca vamos entender o que aconteceu. — Yuki está com os olhos cheios de lágrimas.
— Sinto muito pela amiga de vocês. — Tento ser complacente, mas fico pensativa, pois isso eu não sabia e foi bom saber.
— Tá tudo bem. Talvez um dia, a gente saiba tudo. — Misty funga e nós entramos na sala.
— Boa tarde... Hoje, vamos aprender o feitiço que nos faz lembrar de algo que estamos esquecendo, que ajuda quando há aquele branco. O chamado mementus. Ele é bem interessante de se usar na hora de uma prova. Pena que é proibido usar ele no meio de uma prova. Né? Tanto que sempre usamos o anti-feitiço nas provas. — Professora Hideko sorri como se falasse que nós vamos ter que nos virar de qualquer jeito. — Peguem suas varinhas. Façam esse movimento aqui... E repitam, mementus. Ótimo! Formem duplas e tentem fazer o adversário se lembrar de algo.
— Quer fazer par comigo? — Kade chega na Song e a chama.
— Claro. — Ela sorri e as duas seguem seu caminho.
Fico sozinha, pois Misty está com a Yuki e a Tabby está com a Bela. Penso em quem vou chegar para pedir para fazer comigo quando vejo Tatum se aproximar.
— Você está sozinha. Quer fazer comigo ou quer ficar sola? — Ela sorri de uma forma bem irônica.
— Claro. — Aceito numa boa.
Vamos para um canto onde poderemos praticar. Vejo que Mon está bem feliz com a Jim e suspeito que aquela seja a melhor amiga dela. O que me faz pensar que ela pode, sim, ter matado a Rissa por vingança. E isso me deixa muito mais pensativa.
— Eu vou primeiro. Você vai depois. — Tatum manda e concordo com a cabeça.
— Mementus. — Ela sorri como se soubesse o que ia acontecer.
O feitiço me atinge com tudo. Vejo a menina japonesa andando na escola. É noite e sabemos que ela não deveria estar aqui. O tempo está nevando. Está tão frio quanto o meu coração. Vim atrás dela. Nós temos a mesma idade. Ela estuda comigo e é uma das melhores alunas da escola. Pergunto o que ela faz aqui e digo que alguém poderia atacá-la. Ela diz que precisa ir em um lugar. Eu rio, pois não deixarei-a ir a lugar algum. Ela pede calmamente para deixar ela passar. Ergo a varinha e digo que ela não manda em mim. A farei pagar por sua petulância. Ela se contorce quando jogo o feitiço. Não grita porque, antes, coloquei o feitiço de silenciar nela, o chamado mutus. Sinto muito prazer ao castigar essa menina. Sorrio enquanto vejo-a sentindo dor. Até que paro e ela me olha... Ela diz... Você pagará pelo que me fez e o remorso a perseguirá por toda a vida por você me impedir de chegar onde devo ir. Sua maldade a seguirá por onde for... Sinto tanta raiva da petulância dela. Então, ergo a varinha e ela me olha horrorizada...
— Não! — Grito e coloco as mãos na minha cabeça quando vejo a lua verde.
— Calma, está tudo bem. — Tatum vem correndo e coloca a mão em volta do meu ombro.
— Eu sei. Obrigada. — Finjo que estou bem, enquanto vejo todos me olhando.
— Você está bem? — Professora Hideko se aproxima.
— Eu estou bem, obrigada. — Sorrio, ainda tremendo.
— Esse feitiço não é recomendado para pessoas traumatizadas. Deveria ter dito. Me desculpe. Quem tiver algum trauma passado não deve receber esse feitiço. As lembranças traumáticas ficam numa linha tênue da memória. Linha essa que esse feitiço é capaz de desbloquear. — Ela fala para todos, enquanto eu tento mostrar que estou bem. — Vou te trazer um chocolate, Samanun. Chocolate sempre cura tudo.
— Você pode fazer em mim. — Tatum me olha preocupada, perdendo aquela pose normal dela.
— Tudo bem. — Sorrio como se agradecesse, pois sei que ela não é o que se faz parecer ser.
Nós praticamos o feitiço. Na verdade, eu pratico nela e a aula corre tranquilamente. Tento agir como se estivesse tudo bem para que ninguém suspeite dos meus traumas. O chocolate ajuda a aliviar um pouco, mas não é aquilo tudo. Meu corpo está doendo pelas memórias ruins. Só que preciso continuar sendo a mesma de sempre. Preciso deixar para lá.
— Um recado... Hoje à noite, às dez em ponto, abra a porta do banheiro número dois do seu andar, toque a varinha na parede direita acima de onde fica o papel higiênico. Você vai falar a palavra secretus. Entre e pegue a roupa ao lado da porta. Se vista e siga para a direita. Você foi aceita. — Tatum fala no meu ouvido logo após a professora dizer que estávamos dispensados e sorrio comigo mesma.
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Lover (REPOSTAGEM REVISADA E MELHORADA)
FanfictionEssa é uma fanfic para maiores com temas mais fortes. Leia por sua conta e risco. Mon vai para seu último ano em Castelobruxo e conhece Sam, uma aluna de intercâmbio. Lover se chama assim por ser minha história mais amorosa, calorosa, cheia de cari...