Esse capítulo aqui eu escrevi e reli várias e várias vezes pra ver se faltavam pontos. Eu tentei fazer ele o mais encaixado possível pra ser compreendido onde, como e porquê surgiu essa seita. Fiz pesquisas para fazer isso e usei o tradutor em muitos momentos na criação de nomes para aqui. É inspirado nos Iluministas. Pelo amor do amor, não vamos confundir com os Illuminati. Os Iluministas são estudados em história e eles inspiraram muita coisa, uma delas é a Inconfidência Mineira. Mas podem ser quase os Illuminati também né? Kkkkk... Socorro, não me matem, Illuminatis!
Olho dentro da minha mochila e pego a caixinha de jóias preta. Abro-a e olho o colar com o pingente antigo, a cor prata da corrente e a pequena pedra muito preta azulada, da cor do céu noturno, cheia de pequenas estrelinhas.
A pedra é preciosa, encontrada apenas aqui na Amazônia, e foi preciso um encantamento específico para fazer as estrelas parecerem tão reais ali dentro. Um encantamento feito por um bruxo poderoso.
Suspiro me lembrando da minha mãe me entregando o colar e dizendo como eu seria a próxima. Ela sentia tanto orgulho do legado que seria passado para mim, sua filha querida. Sobre como meu avô me chamou para perto dele e me disse que eu deveria honrar o nome da família...
Suspiro de novo e jogo essa lembrança para lá. Me lembrar do meu passado não é algo que me dá alegrias. Na verdade, as lembranças só me servem para me lembrar de que não tem volta. O passado é apenas para ficar lá atrás.
Como vou explicar para você o meu interesse em Mon, desde o início e o porquê eu fiquei de olho nela? Penso que preciso ir por partes para que você possa entender com mais atenção.
Vamos dizer que Kornkamon é membro de uma espécie de seita. Sim, podemos chamar de seita e hoje eu sei que isso é uma seita. Antes, eu era jovem demais e fazia parte demais de algo grandioso demais para me atentar a isso.
Essa seita atua há séculos. A conheço muito bem, pois minha família fez parte dela. Já eu... Bom, eu deveria ter vindo para Castelobruxo anos atrás. Esse era o plano do meu avô e da minha mãe também. Só que eu não quis e isso foi uma confusão.
Só que isso é uma história para outra hora. O tempo agora é dedicado para outra história. Então, vou te contar sobre essa seita para você saber do que se trata. Esse é o foco aqui.
Castelobruxo, por volta de mil setecentos e oitenta e nove, ou noventa, mudou, de alguma forma, quando surgiu os chamados bruxos mundare na Europa. Eles tinham uma crença onde bruxos considerados inaptos deveriam ser removidos da sociedade, começando já dentro das escolas, não importando a idade e nem a família vinda desse bruxo.
Bem nessa época, os negros e indígenas não eram aceitos em Castelobruxo. Só alguns filhos de descendentes importantes europeus com indígenas ou negros poderiam ser aceitos, mas eles eram considerados, pela grande maioria, como bruxos de sangue impuro, pois não eram sangues puros.
Os orientais, como eu, poderiam estudar na escola, desde que tivessem uma carta de recomendação muito importante vinda de membros do governo bruxo, demonstrando que eles eram de famílias consideradas puras. Mas, mesmo sendo de famílias puras orientais, eles não eram considerados sangues puros por não serem descendentes de europeus. Era um preconceito idiota, mas ele era existente.
Quando surgiram os mundares, um dos descendentes de um dos bruxos fundadores de Castelobruxo, resolveu que iria unir os ideais de inteligência da inglesa Ravenclaw com os ideais de pureza da sociedade dos mundares, pois o fundador Fernão era seguidor dos ideais da inglesa Ravenclaw, que era uma das fundadoras de Hogwarts.
Inclusive, foi inspirado nela que ele resolveu abrir sua própria escola. Ele queria poder ter sua própria escola e fazer assim como ela havia feito. Só que os outros fundadores não eram seguidores dela e não tinham essa crença de inteligência. Principalmente, a fundadora indígena.
Mas quando isso veio para Castelobruxo, quem trouxe? Tudo começou quando o descendente de Fernão foi para a Europa bem no meio do que os trouxas chamam até hoje de época da Revolução Francesa. Houve aquele boom na Europa, onde aqueles ideais trouxas estavam mudando toda a mecânica européia.
Isso afetou os bruxos também. Afinal, era uma luta sobre quem vivia na França, independente de ser trouxa ou bruxo, afetando até a escola de Beauxbatons. Há relatos sobre isso dentro da escola até hoje.
Diz-se que começaram a surgir vários tipos de crenças naquela época, sobre como deveriam mudar certas coisas até na sociedade bruxa. Muitos bruxos resolveram participar dessa revolução trouxa, o que colocou o véu entre bruxos e trouxas em perigo.
Foi bem aqui que surgiu o bruxo chamado Antoine Levardant. Ele acreditava que haviam bruxos que colocavam a si próprios em perigo, além de toda comunidade bruxa. E que esses bruxos que não sabiam viver longe do perigo para a comunidade bruxa, bom, que eles não mereciam uma varinha e deveriam viver como trouxas ou morrer para se evitar o mal maior.
Ou seja, se um bruxo resolvesse lutar ao lado dos trouxas usando sua varinha contra outros trouxas, colocando a sociedade em perigo, ele deveria perdê-la ou morrer por isso. Essa era a filosofia do bruxo criador do pensamento mundare.
Mundare quer dizer limpar. Ou seja, era para se limpar a sociedade dos bruxos que resolviam se meter nas guerras trouxas. Entendeu? Porque senão tudo sairia do controle e todo o trabalho para se fazer uma sociedade coesa se perderia pela incapacidade intelectual de poucos.
Então, o descendente do fundador português, que vou chamar apenas de descendente do fundador português porque não faz nenhuma diferença o nome dele porque ele é doidão, conheceu esse pensamento dos mundares e concordou com ele, mas do jeito dele. Ou seja, ele pegou a ideia inicial dos mundares e criou a sua própria visão de tudo. Entendeu?
Vamos voltar mais um pouquinho para que a história não seja incompleta e você não fique com perguntas... A família Fernão tinha ideais iguais aos da Ravenclaw, de que apenas os de maior inteligência deveriam receber o conhecimento, mas os outros fundadores não quiseram aceitar isso e o convenceram de que qualquer aluno poderia entrar na escola. Principalmente, a fundadora indígena. Ela queria que seus irmãos pudessem estudar, algum dia, no lugar que ela construiu. Era o sonho dela.
Inicialmente, a escola aceitava indígenas, mas poucos aceitavam estudar aqui, pois queriam se manter longe dos homens brancos. Os poucos que vinham para a escola, aceitaram porque, na sociedade brasileira daquela época, falava-se o tupi junto com o português.
Eles pensaram que seriam aceitos na escola, mas os estudantes vindos da América Espanhola não os aceitaram tão bem quanto os brasileiros. Eles começaram a ser enxotados pelos outros alunos, pois eles tinham línguas e hábitos diferentes. O que deixava os brancos de origem espanhola irritados. Mas a verdade é que uma parte dos portugueses também não os aceitavam. Então, eles acabaram saindo.
Assim, chegou o dia que o descendente do fundador português resolveu seguir os ideais de inteligência da família e juntar aos ideais de que uma sociedade deveria ser limpa de quem não merecia estar nela. Era o que ele acreditava.
Vamos convir que é assim que surgem as seitas do mundo. Tanto as inocentes quanto as malucas e perigosas. É bastante normal e possuem seitas assim no mundo da magia, não sendo só aqui.
A escola era cuidada pela família Fernão, pois os outros fundadores não tiveram filhos e morreram muito jovens. A fundadora morreu da gripe trazida pelos europeus cerca de um ano após a inauguração. Já o espanhol, dizem, que por ter visto Fernão se casar com uma bruxa pura inglesa descendente da família Ravenclaw...
O Fernão era fissurado na Ravenclaw. Quando ele viu que havia a descendente da família da mulher, mesmo que sendo distante, foi e se casou, mesmo ela sendo uma menina bem jovem e ele um homem bem mais velho. O que era bem normal para a sociedade da época, convenhamos... Não venha com o termo pedofilia para algo de mil e setecentos, pelo amor do amor! Nem existia essa palavra naquela época! Ele era de uma família nobre e os pais dela aceitaram.
O caso é que o De Las Barreras não suportou ver aquilo e se suicidou logo após Fernão trazer a mulher para Castelobruxo, pois ela terminaria os estudos na escola. Isso é o que dizem na boca miúda.
Tem os que dizem que os dois tinham um relacionamento, outros dizem que só o espanhol sentia algo, mas o português era hétero. Nunca vamos saber a verdade, né? Fica para a imaginação...
Só sei que ele se suicidou e que há boatos sobre isso. Todos eles falam sobre como o De Las Barreras era homossexual e sobre como isso era algo totalmente proibido na época naquela sociedade, além de qualquer sociedade do mundo. Então, dá para se imaginar o quanto ele sofreu. Além de que deve ser verdade porque boatos demais vindos de vários cantos geralmente dizem a verdade.
Espero estar explicando bem, pois é uma longa história. Mas vamos continuar... Logo no fim de mil setecentos e oitenta e nove, início de noventa, o descendente resolveu formar um grupo com os alunos mais promissores e inteligentes, não importando de onde vinham, se eles eram sangues puros ou não, mas que deveriam ser ensinados dos seus ideais de limpeza, por assim dizer, e perpassar isso para sempre.
O aluno mais promissor recebia a tarefa de voltar para a escola após o líder aposentar ou morrer e continuar o legado. Era escolhido o aluno mais promissor durante os anos em que o líder estava ali e ele chamava o escolhido de volta para a escola. Todos aceitavam e aceitarão sempre, pois faz parte das leis e quem não cumprir vai morrer. Além de manchar o nome do legado da família para sempre. E, convenhamos, há famílias que estão ali há séculos e manchar séculos de história ninguém quer.
Como esse grupo passou a agir? Bom, a escola aceitava bruxos vindos de famílias puras. Essas famílias costumavam manter casamentos entre familiares, o que fez surgir os descendentes com problemas que, hoje em dia, há estudos que comprovam não afetarem a vida dessas pessoas e nem a sociedade... Mas, naquela época, acreditava-se que eles eram inaptos e deveriam estar escondidos ou mortos.
Era algo da sociedade comum e não inventado na escola. Mas tinham bruxos mais preconceituosos como o descendente do fundador que eram contra a existência dessas pessoas. Ele acreditava que deveriam se livrar das crianças e jovens para cortar o mal pela raíz.
Eram crianças com dificuldades motoras ou mentais, ou crianças com ideais voltados para os trouxas, de se usar a magia para fazer o mundo ser melhor para eles. Todas elas eram mortas pelo grupo. Essa é a realidade.
Por muito tempo, as crianças que não tinham membros do corpo, não enxergavam, não ouviam, não falavam, nasciam deformadas entre aspas, eram deixadas em suas casas trancafiadas, como narra-se sobre a irmã mais jovem do maior bruxo europeu de todos os tempos, o Alvo Dumbledore.
Ariana Dumbledore não desenvolveu seus poderes, assim como deveria e não foi para a escola. Ela ficava em casa e é um dos grandes exemplos de crianças que não eram mandadas para as escolas.
Mas haviam aquelas em que os próprios pais as descartavam de várias formas. Eu não vou falar quais eram essas formas. Tudo dependia do nível de, como eu posso dizer, dificuldade delas para sobreviverem ou não, para serem colocadas em sociedade ou não. Se fossem capazes, sobreviviam.
Só que algumas dessas crianças eram consideradas normais por não terem um comportamento tão diferente assim, mas elas se mostravam com dificuldades no aprendizado ou tinham uma mentalidade mais moderna entre aspas, por assim dizer.
Essas eram as que ficavam na escola, mas havia o pensamento de que elas não mereciam portar uma varinha, já que não conseguiam fazer feitiços muito além do básico. E ainda assim, algumas tinham dificuldade até com os feitiços básicos ou que ficavam tentando fazer as pessoas gostarem dos trouxas e lutarem ao lado deles.
Ou seja, elas mereciam ser retiradas da sociedade, pois seriam um perigo tanto para os bruxos quanto para os trouxas. Além de prejudicarem o Estatuto Internacional da Lei da Magia, onde previa que bruxos não deveriam se mostrar para os trouxas de forma alguma. O que fazia-se pensar que quem tinha uma inclinação pró-trouxa deveria morrer.
Foi quando ele montou o primeiro grupo que faria desaparecer essas crianças aos poucos com a desculpa de que elas estavam dentro de uma floresta. Boa parte dos pais nunca fazia questão de querer saber, principalmente os pais das crianças que não tinham muita mobilidade, pois despachavam esses filhos para a escola e não queriam saber. A maioria não ligava para o fim que eles tinham. O que facilitou, ao longo dos séculos, que essa prática fosse continuada de forma tranquila.
O descendente do fundador português chamou esse grupo de Purgare Petitio, do latim, pedido para expurgar. Ou seja, foi como se fosse pedida aquela limpeza. Entende? E, ao longo dos séculos, foi-se repassando de pai para filho aquele ideal de limpeza, onde não seriam aceitos alunos considerados inaptos. Mas ao longo dos anos, foi-se abrandando a exigência sobre ser pró-trouxas, aceitando que os bruxos usassem dessa limpeza para proteção trouxa. O que fez com que muitos bruxos até convivessem na sociedade trouxa.
Desde o princípio, o criador dos Purgare Petitio criou a senha de comunicação e o objeto para eles se reconhecerem, independente da idade ou tempo. Ele usou das estrelas, pois as estrelas são eternas no céu. Mesmo que algumas sumam, sempre alguma vai renascer das cinzas das estrelas mortas. Ou seja, não importa quanto tempo passe, as novas gerações manterão os ideais vivos.
Já fazem mais de duzentos anos que isso permanece, mesmo os tempos de hoje sendo outros. Tanto que há alunos, hoje, na escola que quebram esses valores e nem todos somem. Um deles, é a Kade. Ela, notavelmente, morreria séculos atrás, pois ela é bem ruim com magia para uma aluna de dezessete anos. É bem burrinha também.
Enfim, coloco o colar no pescoço. Sei bem que, ao colocar esse colar, não terei mais volta. Sei que terei de seguir tudo da melhor forma e agir da melhor forma, mesmo que me incomode, mesmo que me faça mal, mesmo que me deixe em um estado deplorável mentalmente. Devo fazer isso, pois faço, também, por mim.
Respiro fundo. Olho para a janela e vejo os alunos andando perto do rio. Eles riem como se tudo fosse normal nesse lugar. Alguns estão olhando o nascer do sol.
A imagem deve estar linda lá fora. Consigo ver um pouco dela. O céu alaranjado misturado com um azul mais escuro e mais claro dependendo dos pontos onde se olha. De baixo para cima, o azul vai ficando mais escuro. Sabemos que o sol está vindo. Quem está ali, não se importa com nada além do nascer do sol. Queria estar assim.
Suspiro mais uma vez para tomar coragem. Viro as costas para a janela. Caminho até a porta de cabeça erguida. Abro a porta e saio dela, ainda de cabeça erguida. Não tem mais volta. Já não teria mesmo. Eu estou aqui.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Lover (REPOSTAGEM REVISADA E MELHORADA)
FanfictionEssa é uma fanfic para maiores com temas mais fortes. Leia por sua conta e risco. Mon vai para seu último ano em Castelobruxo e conhece Sam, uma aluna de intercâmbio. Lover se chama assim por ser minha história mais amorosa, calorosa, cheia de cari...