Estou pensando aqui se minha fic está parecendo uma foto de apostila de inglês. Quem pegar a referência pegou, se não pegou, não pega mais...
Minha escola é um lugar tão legal! Juro, eu amo de paixão! Com certeza, é a melhor escola do mundo! Existe todo esse pensamento de que, na América do Sul, a gente não tem conhecimento e não somos um lugar evoluído, não é? Mas aposto que as escolas da zuropa não são tão modernas assim como a nossa, toda inclusiva. Aposto como tem muito preconceito por lá. Tô errada? Não tô, né?
Eu gosto de pensar que estou em um lugar que foi feito pra mim e eu posso ser eu mesma de verdade aqui como não poderia ser em outro lugar do mundo. Aquela coisa de eu poder colocar pra fora quem eu sou mesmo, de fato, e muitos vão concordar. Mas não mostro tanto assim pra ninguém descobrir meus sentimentos verdadeiros. Nem todos entendem e eles atacam a gente, são muito preconceituosos, até fazendo leis contra a gente.
Você acha que eu sou totalmente eu mesma aqui com você, mas eu não sou. Tem coisas que não mostramos por aí, não é? Tem coisas que a gente guarda pra si e finge que não sente. Não é? Mas em Castelobruxo, eu sinto que posso ser eu mesma. Entende?
Você me entende mesmo, de verdade? Se entende, eu posso me abrir mais pra você. Você quer me conhecer mais? Ou você só quer conhecer a parte de mim que eu posso mostrar para a sociedade? Aquela que não sofre preconceito por aí. O meu eu que ninguém entende, o que me apagaria da sociedade porque é isso o que eles fazem com nós que somos diferentes. Mas deixa, vai! Você não quer me conhecer tanto.
Estou sentada no salão da escola comendo meu frango com quiabo, arroz e feijão, pois comida melhor não há. A comida mineira dá um banho nas outras por aí. Sem querer ser desproporcional, mas os melhores restaurantes bruxos estão em BH.
Nada como comer um belo pão de queijo de jegue da montanha num botequim bruxo lá em Congonhas! Nada como comer um queijo minas de vaca d'água lá em Andradas! Ou beber um café de moita braba lá de Três Corações! Um doce de leite de cabra da mata lá do Vale do Rio Doce. E a geleia de mocotó? Mas chega de falar de comida! Você vai me bater!
Vejo Sam passar com suas amigas e ela me dá uma olhada breve. Hum, isso é melhor do que pensar em comida, né? Se bem que... Vejo que ela usa um colar que eu reconheço imediatamente. Isso me faz ficar pensativa sobre quem ela é. Além do provável motivo dela ter se interessado pelo meu relógio. É o sinal. Sim, o sinal!
Olho em volta pra ver se fui a única a ver o sinal. Kirk dá uma leve piscadela. Tatum também... Van também... Eu também dou uma piscadela bem imperceptível. Sabemos o que devemos fazer. Nós somos o que somos e sabemos reconhecer os sinais. Sim, os sinais!
— Você sempre come só isso. Nunca come outra coisa, doida! — Kade olha para meu prato com cara de quem me acha doida mesmo.
— Eu não como só isso. — Dou de ombros.
— Quase sempre come. — Ela come seu baião de dois.
— Eu não fico falando sobre o que você come. Me deixa, vai. — Suspiro, pois não importa, já que tenho mais o que pensar.
— Você está animada para o primeiro jogo semana que vem? — Ela me pergunta como se jogasse o assunto no ar, mas sei que ela quer saber sobre o time.
— Estou. A primeira é contra o time da Tatum. Não vejo a hora de dar uma rebatida daquelas no balaço e acertar ele nela. Eu amo isso! — Sorrio para minha comida.
— A goleira nova do futebol é boa? — Ela continua com o mesmo tom.
— Ah, sim... É boazinha... — Dou de ombros porque não importa, já que ela saiu tanto do time de futebol quanto de quadribol e foda-se.
— Legal... — Ela parece ficar meio assim.
— Vou ao banheiro e já volto. — Me levanto e vou ao banheiro.
Entro no banheiro da escola. Ele é todo dourado e com mármore branco. As torneiras são de ouro puro, o chão é de ouro também. Um ouro que foi feito pra ser antiderrapante. Assim, ninguém vai cair quando passar por ele.
Entro na segunda cabine. Pego minha varinha e toco na parede no ponto específico acima de onde coloca o papel higiênico. Ela solta uma plaquinha de ouro. Pego o papel que foi colocado ali para eu ler. Leio e coloco no lugar. Selo a parede de novo com a varinha.
Saio do banheiro e vou para meu lugar como se nada estivesse acontecendo. Sei o que devo fazer. Só preciso saber a hora de fazer. As coisas parecem ser simples, mas nem tudo é simples, não é? A gente precisa ter um certo cuidadinho pra não fazer merda. E eu sou ótima no que eu faço. Não é à toa que eu sou a favorita a continuar. Eu sou a melhor candidata, pois sou a melhor.
— Vamos que já está na hora da aula. — Me levanto e vou caminhando até às escadas para subir para os andares das salas de aula.
— Nos vemos depois. — Kade vai para sua aula e eu vou para a aula de estudos indígenas.
Chego na sala e me sento no meu lugar de sempre. Pego meu livro, minha pena, meu pergaminho e minha tinta. Coloco tudo em cima da mesa e fico olhando para o quadro. A professora entra na sala e eu continuo com minha expressão de sempre, tranquila e serena, esperando a aula de hoje.
— Boa tarde para todos. Hoje, vamos estudar sobre os indígenas bruxos chamados ch'uxña alaxpacha. Eles vivem não muito longe de nós. Não são canibais e convivem bem com nossa comunidade. Costumamos vê-los andando pela floresta próximos da escola. Não é difícil vermos eles conversando com as caiporas. Eles são bem tranquilos e sociáveis. É muito fácil fazer amizade com eles. É só levar uma pena da ave sagrada para eles verem que você quer amizade com eles. A ave sagrada é a suma thaya. Ela é mais vista no tempo frio, quando o inverno na Amazônia chega. Ou seja, na época das chuvas e da cheia dos rios. Por volta de dezembro a maio. Se você conseguir achar uma pena dessa ave e levar até eles, a amizade será eterna. — A professora Xail Chami explica algo que eu sei bem, pois descobri no primeiro ano, assim como todos nós.
Sei que eles demoram para ensinar essa coisa na escola porque não querem os alunos tendo contato com os indígenas para eles não saberem como realmente as coisas são. Mas eu sei como são. Eu descobri muito cedo. Já sou expert nessas coisas, bebê! Já vi índio peladinho e índio com roupinhas por aí.
— Anotem o que está no quadro e façam um texto explicando qual a importância de fazermos amizade com indígenas. Me entreguem no fim da aula. Vai valer um ponto. — Ela se senta e eu começo a anotar o que ela pede.
Vou escrever sobre a importância de termos amizade com os indígenas. E qual seria? Para conhecermos suas culturas e aprendermos como eles não são só os seres peladinhos da mata. Não é? Escolho as palavras que sei que me darão a melhor nota possível e entrego no fim da aula.
Vou para a aula de poções. A professora Helena Albuquerque é uma senhora igual as protagonistas das novelas bruxas do mexicano naturalizado brasileiro, o Mano El Carlitos. Parece que estão sempre no Leblon, lá no Rio de Janeiro, em vez de em uma sala de aula. A mulher sabe impor elegância mesmo estando em uma escola no meio da Amazônia. Nem parece que ela está vivendo no meio do mato.
Vejo Sam chegar e se sentar no lugar dela do outro lado da sala. Ela ainda está com o colar. Ele tem um pingente com estrelas como as do meu relógio. Elas brilham e dá pra ver de longe. Não é como um colar comum. Sabemos que ele foi feito por um bruxo antigo, um bruxo específico, o mesmo que fez todos os objetos estelares.
— Boa tarde. Peguem seus caldeirões e a varinha. Hoje, vamos aprender a poção do morto-vivo. Essa é uma poção indígena da tribo juru ipire hũva. Ou como são mais conhecidos, os juru. Essa é uma poção complexa e precisa-se de colher a mandioquinha-do-mato um dia antes da estação de outono chegar, fazer uma farinha com ela, guardar a farinha por dois anos pra ela maturar. Então, se mistura com os outros ingredientes. Vocês podem pegar todos os ingredientes nas prateleiras. Vocês têm quarenta minutos para fazer a primeira parte da poção. Vocês vão deixar os caldeirões dentro do armário com a etiqueta de seus nomes. A poção precisa ficar descansando por quarenta e oito horas. Vocês precisam voltar aqui daqui dois dias e terminar de fazer ela. Os professores de vocês já estão avisados e poderão ser dispensados pelo período de tempo que precisarão para isso. Eu já dispensei os alunos da minha turma que viriam aqui no horário. Essa poção vai valer três pontos. Tudo bem? Podem começar. — Ela se vira depois de anotar os passos e ingredientes da poção e vamos pegar os ingredientes.
— Oi. — Dou um jeito de ir pegar meus ingredientes bem na hora que a Sam vai.
— Olá. — Ela sorri para mim.
— Bonito o seu colar. — Falo como quem não quer nada.
— Ganhei do meu avô. — Ela continua a sorrir.
— Bonito, ele. — Continuo com meu tom.
— As luzes do céu sempre vão brilhar por aqueles que souberem encontrar as estrelas. — Ela fala e eu sei do que se trata.
— As estrelas sempre brilham para os que olham para o céu. — Eu falo de volta. — Feliz por saber que você é...
— Também sou feliz por saber quem você é. Te reconheci desde o início. — Ela ainda sorri.
— Uso o relógio pra atrair os outros. — Dou de ombros.
— Mas você não notou que eu era. — Ela me olha como se soubesse das coisas.
— Geralmente, intercambistas vindos no último ano não são. Eles sempre aparecem anos antes da formatura. — Dou de ombros.
— Eu dei a dica sobre meu avô. — Ela também dá de ombros.
— Eu não peguei, mesmo. Nem prestei atenção. — Falo como se estivesse falando, fazer o que?
— Entendo... — Ela pega todos os ingredientes. — Já vou indo para o meu lugar.
— Espere pelo sinal. Ele virá. — Falo e ela entende. — Tchau.
— Tchau. — Ela vai para o lugar dela e eu para o meu.
Fico pensando sobre que a gente seria um casal e tanto. Se ela for mesmo quem diz, eu vou fazer questão de ficar com ela. Vai ser minha primeira namorada. Ela é exatamente o que eu queria pra mim. Fora que ela não sai da minha cabeça, mesmo. Eu só vou unir o útil ao agradável. Quem não uniria, se estivesse no meu lugar? Ela é linda, parece ser inteligente, também é como eu.
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Lover (REPOSTAGEM REVISADA E MELHORADA)
FanfictionEssa é uma fanfic para maiores com temas mais fortes. Leia por sua conta e risco. Mon vai para seu último ano em Castelobruxo e conhece Sam, uma aluna de intercâmbio. Lover se chama assim por ser minha história mais amorosa, calorosa, cheia de cari...