Part 28

248 36 10
                                    

— Pai — Katsuki chamou assim que chegou na porta de casa, estranhando o silêncio exagerado na parte de dentro e, depois de perceber que seu pai não estava em casa, o medo bateu por não saber o que diabos ele estaria fazendo fora dali.

Esteve um bom tempo com Izuku e não teve notícias do mais velho, fora que estava tão preocupado com o ômega que se esqueceu que seu pai também precisava dele.

Merda, ele merecia um troféu de pessoa mais inútil da face da terra. Sua mãe deveria estar brigando com os anjos para descer e lhe dar uma bendita surra.

— Agradeço por ter me trazido mais uma vez em casa, Shinso-san.

Katsuki virou para a escada de sete degraus ao reconhecer a voz de seu pai.

— É sempre um prazer, senhor Bakugo. Descanse e, quando sair de novo, me avise. Virei buscá-lo como sempre.

— Pode deixar, obrigado mais uma vez! — Sorriu e acenou quando Shinso desceu as escadas – não sem andar dar uma olhada em Katsuki e fingir que não o viu –, pegando o celular para colocar na orelha e desaparecendo no próximo andar.

Masaru subiu alguns degraus sentido sua casa e só então percebeu seu filhote frente a porta trancada, estático e o olhando friamente sério.

— O que o senhor estava fazendo? — sem papas na língua o loiro perguntou.

O ômega mais velho franziu o cenho, mas preferiu se abster do desrespeito alheio.

— Você viu que eu troquei a fechadura...? — Masaru entrou em outro assunto a fim de esquecer que seu próprio filhote havia usado um tom de duplo sentido.

O que exatamente ele queria insinuar? Que estava saindo com Shinso, um rapaz mais de vinte anos mais novo? Por Deus, ainda sentia saudades de Mitsuki e não se via saindo com outra pessoa nem depois de muitos anos depois daquele.

Pegou a chave nova e girou no miolo da fechadura, abrindo para o loiro passar e o vendo observar o cadeado ainda do lado de dentro.

— Eu tive que trocar, já que eu precisava sair e você não estava mais em casa. Me deixaram pegar essa fechadura da obra e eu mesmo instalei.

Katsuki observou o mais velho fechar o cadeado e baixou a guarda, suspirando cansado e sentindo a culpa o tomando pelo descaso com seu próprio pai.

— Me desculpa, pai... eu não... eu não deveria tê-lo deixado... — pediu sentando-se no sofá e esfregando o rosto com os cotovelos nas coxas.

— Está tudo bem, agora você tem o seu próprio companheiro para cuidar agora e... Shinso vem me ajudando com tudo — acalentou o mais novo enquanto afagava seus cabelos loiros que tanto lembrava a esposa — Ele me disse que foi você quem falou de mim para o Izuku, sobre eu ser arquiteto, e que foi assim que ele me pediu ajuda com os novos condomínios. Isso tem me ajudado a distrair.

Katsuki levantou o rosto, subitamente lembrando-se da construção para os novos moradores. Ah, droga... respirou pesado e não soube como, mas suas barreiras foram desmoronando pouco a pouco ao perceber que Masaru, antes frágil, choroso e recessivo, agora recuperava a vida. Ver seu pai bem e com o leve cheiro de mel com orvalho o fez suspirar orgulhoso.

Os remédios e as visitas ao médico estavam funcionando.

Escorou a cabeça na barriga do mais velho ainda em pé e se permitiu respirar, aproveitar a paz que há muito não sentia. Parecia que sua vida estava passando por um furacão, arrastando-o mais e mais para o fundo e não queria saber como era o fim.

Mesmo que no fundo já soubesse como iria terminar.

Izuku o odiava ainda mais. As marcas em seu corpo o lembravam de como estavam conectados e, inesperadamente, não via a hora de vê-lo de novo. Queria saber se ele estava bem, se já havia comido, se precisava de algo ou se sentia alguma dor.

Do ácido ao Todo Sempre [BakuDeku (ABO)]Onde histórias criam vida. Descubra agora