Part 10

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— Isso é... — Izuku permaneceu travado por alguns segundos. — Impossível... não pode ser, nós... — sua mente trabalhava tão rápido que apenas uma alternativa bateu. — A não ser que — encarou o alfa com ódio estampado em suas irises bonitas. — Seu lobo gostou de mim e você não disse nada?!

Katsuki deu de ombros, não realmente interessado.

— Ômegas só marcam alfas quando os lobos se reconhecem — Izuku continuou exaltado.

— E? — Katsuki foi atrás de sua box que não soube como foi parar no móvel onde estava a televisão.

— E você não pensou em simplesmente me dizer?

— Eu não lembro de você ter me dito algo sobre isso também — Katsuki alfinetou cruzando os braços fortes sobre o peito ao se vestir.

— Por que acha que eu o convidei para começo de conversa? Sorte de novato? Pelo amor de Deus, alfa!

— Como caralhos eu ia adivinhar? Tenho cara de mãe Diná? — Katsuki se aproximou irritado e pegou Izuku no colo, sentando-o sobre a cama de novo.

Izuku bufou.

— Eu achei que você fosse mais inteligente que isso.

— Se você falasse sem enrolar a maior parte do tempo, isso não teria acontecido.

— Golpe trocado não dói, alfa, já ouviu falar? Quem me marcou primeiro foi você — rosnou impaciente e jogando o travesseiro no alfa. Katsuki o pegou no ar e devolveu da mesma forma que o recebeu. — Eu poderia te matar por isso, na verdade, essa poderia ser minha opção para me livrar de você — o ômega ameaçou e Katsuki interpretou como uma piada.

— Ideia interessante. Quer fazer agora ou depois?

— Por que você está tão calmo!? — Izuku gritou estressado.

— Porque não tem o que fazer — respondeu não entendendo a agressividade oral do ômega. — Fizemos a merda agora temos que arcar, simples.

Izuku abriu a boca desacreditado.

— Você não dá a mínima, não é mesmo? — Izuku assumiu prensando os lábios ao encarar os carmesins. — Você pode desaparecer e me abandonar quando quiser, mas eu não posso fazer o mesmo! Vou continuar sendo a droga de ômega marcado sem livre arbítrio dos meus feromônios —gritou nervoso pela passividade do alfa.

Eram todos iguais.

— Por que merda acha que vou fugir? — o alfa reagiu — Eu sei me responsabilizar pelas coisas que faço, ômega.

— Eu não estou a fim de aturar isso pelo resto da minha vida — Izuku exclamou indo para a beirada da cama, choramingando internamente por ainda não sentir as pernas direito.

Precisava pensar.

Não achou que um dia seria marcado, muito menos por um alfa e se aquela fosse sua nova realidade estava muito fodido. Seus feromônios eram basicamente sua arma mais preciosa no mundo em que vivia e agora não conseguiria liberá-los facilmente.

Que inferno!

Katsuki suspirou pesado, acalmando-se ao passo que percebia não enxergar o que Izuku estava vendo. Não era só a marca que o afligia, parecia ser algo direto ao fato de ser um alfa, ou ele ser um ômega.

Algo mais além.

Katsuki não sabia.

— Olha, eu sei que perdi o controle de mim mesmo, cometi erros e peço desculpas. Eu não achei que o desejo fosse tão forte a ponto de induzi-lo a também me marcar. — Katsuki puxou o ar, soltando-o em seguida. — Eu sei que não está feliz com isso, mas eu preciso que acredite quando eu digo que não quero atrapalhar o que você é hoje. Eu não sei onde isso vai dar, nós não sabemos se vai dar certo, mas temos que tentar, não só eu e nem só você, mas nós dois, juntos.

— Por quê? — foi a única coisa que Izuku disse, agora revolto por ainda estarem naquele assunto.

— Não é óbvio? — Katsuki foi sarcástico, mas a intenção não era ser rude.

— Não, me explique, Katsuki.

O alfa entrou em pânico interno, aquela era a primeira vez que Izuku o chamava pelo nome. Até seu lobo se trancou sobre o assunto.

Filho da puta covarde.

— Não é possível que só eu esteja sentindo isso. Você mesmo disse que seu lobo também gosta do meu, então qual o problema em simplesmente aceitar?

Instintos alfa-ômega, esse é o nome da coisa que estamos sentindo. Passei minha vida rejeitando-os, e não vai ser agora que vou aceitá-los.

Katsuki não conseguiu responder.

Na escola ensinavam que não era estranho outro tipo de voz na cabeça, um impulso ou desejos que não parecessem seus porquê de fato não eram seus, era de outra coisa que estava lá.

Duas almas em uma só mente.

Era o que o lobo dentro de si era reduzido. Alfas e ômegas eram considerados minoria, mas uma parte severa em conflitos da sociedade.

Cios de ômegas atraiam o pior nos alfas, a elite. Por isso remédios eram indicados e prescritos como parte do sistema, mas claro que não era o suficiente. Ômegas logo foram se transformando em uma parte odiosa da população e gradualmente desprezados.

A não ser que fossem extremamente submissos a seus instintos. Extremamente passivos como incubadoras férteis e abaixo de todos, quase como um pet bem treinado.

Izuku condenava esse tipo de regra, era como uma corrente invisível presa em seu pescoço imposta desde o momento em que nasceu, por isso não se importou em viver do lado escuro da vida. Apanhou muito, mas impôs seu poder e construiu seu próprio império, ajudando e refazendo a vida de muitos que tinham sofrido igual a ele.

Agora estava perdido, sem nem saber por onde começar.

Não era assim que as coisas tinham que seguir.

Fechou os olhos e cobriu o rosto com as mãos, sentindo seu âmago revirar. Queria chorar por ter sido tão tolo e ridiculamente fácil. Pegou a coberta para cobrir o corpo e sentiu Katsuki tocar seu corpo ao se aproximar, pegando sua mão em seguida.

— Eu não quero que você sinta a dor que transformou meu pai — Izuku o encarou em dúvida. — Eu sei que vai ser difícil confiar em mim e darei o tempo que você precisar para pensar quando essa semana terminar, mas, por hora, eu preciso que esqueça isso. O calor está voltando, não é?

Izuku começou a chorar. Tinha medo de sentir tudo tão à mercê do alfa, queria apenas fugir e fingir que nada havia acontecido, no entanto, por mais que não gostasse, era impossível fugir de si mesmo. 

Do ácido ao Todo Sempre [BakuDeku (ABO)]Onde histórias criam vida. Descubra agora