Capítulo 21 - O preço do remorso

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Outubro de 2002 - oito anos depois....

- Lilly?

- Anne??? Que saudades! Como estão as coisas por aí?

- Err... estamos bem, minha filha? E ai em Milão?

- Tudo certo, mas o que houve? Que voz é essa?

- Lilly, você precisa vir à América o quanto antes. Teria como?

- Ir à América assim de repente? Eu não sei Anne, ainda não estou de férias e... o que houve afinal? Diga logo que está me assustando!

- Lilly é sobre sua mãe, Isabelle. Ela não está bem! Na verdade, ela não tem muitos dias de vida. Está muito fraca e não para de chamar o seu nome. Você precisa vê-la, minha filha. Se... se despedir dela, na verdade.

- Está tão mal assim? Como sabe? Você a viu?

- Sim, Lilly. Eu a vi e ela está extremamente debilitada. Eu temo que talvez nem dê tempo você chegar.

- Como assim,Anne? Você foi a Los Angeles para vê-la?

- Não, Lilly. Ela não está em LA. Está aqui em Seattle. Ela está aqui desde o desastroso último encontro de vocês. É uma história longa, mas resumindo, depois que vocês tiveram aquela conversa e ela saiu de sua casa, alguns dias depois fui para Seattle e... err... quando eu passava por South Park eu a encontrei morando na rua e tive pena dela. Eu a levei para minha casa e ela ficou comigo todos esses anos. Foi isso!

- O que??? Está me dizendo que Isabelle está há dez anos morando com você e nunca me disse nada? Por que me escondeu isso, Anne?

- Eu temi que você desaprovasse e eu não queria abandonar Isabelle. Ela lutou seriamente contra o vício durante todo esse tempo minha filha e eu a ajudei. Ela até conseguiu se livrar, mas... a saúde dela já não era mais a mesma e ela adquiriu uma doença respiratória muito forte.Lilly venha para Seattle, ela não para de chamar por você. 

- Eu não sei se consigo, Anne...

- Filha, me escute.... ela está em uma cama debilitada e chama desesperadamente seu nome. Não quer partir sem falar com você. Se não vier, corre o risco de você se arrepender amargamente. Apelo para o seu bom coração. Venha o quanto antes para Seattle, por favor.

Após algum tempo de silêncio, Lilly responde com a voz embargada:

- Você e Amy iriam comigo?

- Claro que sim! Estamos te esperando!

Assim que desligou o telefone, Lilly providenciou sua ida a Seattle e no dia seguinte após mais de quinze horas de vôo, ela já estava na América. Chorou muito ao reencontrar sua família que não via há mais de três anos. Fazia muito tempo que devido aos compromissos de carreira  e outros contratempos, Lilly não visitava a América. 

Depois de algum tempo se acomodando na casa dos irmãos não quis mais esperar e pediu que a levassem direto ao hospital. Amy e Anne a acompanharam e ela ficou um bom tempo parada a porta do quarto de sua mãe como que criando coragem para abri-la. Após ser reconfortada pela irmã e a madrasta, Lilly finalmente e entrou e tentava segurar sua emoção.

Naquela cama de hospital estava uma mulher extremamente magra com aparelhos por todo seu corpo. Respirava com ar cansado e estava com os olhos cerrados. Lilly ficou olhando para os braços tatuados da mulher e viu que uma das tatuagens tinha seu nome. Sua aparência era bem envelhecida, não aparentava ter somente os 52 anos que lhes eram atribuídos pois muitas eram suas rugas e os cabelos estavam quase totalmente brancos.

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