Passam-se algumas horas e Lilly permaneceu na casa sozinha aos prantos por sua última conversa com Eddie. Está ainda terminando de desfazer sua mala quando tem um mal estar e resolve descansar um pouco, mas antes que se deite ouve a campainha tocar. Logicamente, o primeiro pensamento que lhe veio a cabeça foi de que Eddie teria se arrependido e esquecido a chave. Encaminha-se ao hall e ao abrir a porta não consegue acreditar no que vê. Uma mulher de aproximadamente 1,80m de altura, aparência franzina, profundas olheiras e longos cabelos maltratados que não lhe justificavam os 42 anos de idade.
- Você é.....Isabelle??? Mãe???
- Lilly! Como vai minha filha? - a mãe de Lilly apareceu após quase dois anos em que rejeitou a visita da filha na clínica de recuperação.
- O que quer aqui? - a moça está com o coração palpitante e respiração ofegante.
- Esteve chorando minha filha? - a mulher adentra a casa e tenta tocar no rosto de Lilly que se esquiva.
- O que quer aqui Isabelle???
- Lilly, eu te procurei porque eu precisava falar com você. Somos mãe e filha e temos que nos entender.
- Lembrou agora que somos mãe e filha? Muito tarde, Isabelle! Seu prazo expirou! Agora vai embora!
- Lilly, você precisa tentar me entender. - a mulher se sente a vontade para sentar no sofá como se fosse uma visita esperada.
- Eu não tenho e nem quero entender nada. Agora vai embora!
- Minha filha, eu era muito jovem, impulsiva e quando seu pai morreu, eu perdi o chão. Ron era meu mundo, era tudo para mim e minha vida virou de cabeça para baixo sem ele. Você até parece que não se lembra do quanto eu sofri naquela época. Eu quis morrer junto com ele!
Lilly está emocionalmente abalada pelo que já havia lhe ocorrido naquele dia e as palavras da mãe naquele momento a deixavam mais exaltada:
- E EU NÃO ERA NADA PARA VOCÊ? VOCÊ QUIS MORRER E QUIS ME LEVAR PARA O INFERNO JUNTO FAZENDO O QUE FEZ COMIGO??? VOCÊ NUNCA ME TRATOU COMO FILHA! EU ERA A PESSOA EM QUEM VOCÊ DESCONTAVA SUAS FRUSTRAÇÕES!
- Eu não sabia o que estava fazendo Lillyzinha. Eu tinha perdido a noção. Não foi por maldade.
- NÃO FOI POR MALDADE??? VOCÊ ME OFERECEU PARA A PROSTITUIÇÃO E NÃO FOI POR MALDADE??? ME OFERECEU DROGAS POR BONDADE??? E TODAS AS VEZES QUE APANHEI PORQUE O SEU CAFÉ NÃO ESTAVA PRONTO DO JEITO QUE VOCÊ QUERIA TAMBÉM FOI PARA ME DISCIPLINAR??? VOCÊ NUNCA FOI MÃE DE NINGUÉM!! VOCÊ ERA UM MONSTRO! SAI DAQUI ISABELLE!!!
- Lilly, não me julgue. Um dia você terá seus próprios filhos e vai entender o que estou falando.
- Cala essa boca sua.... - nesse momento, Lilly sente uma forte dor e leva as mãos à barriga.
- Lilly, se acalme, por favor. O que foi? O que você está sentindo?
No que Lilly ainda se contorce de dor, Isabelle a olha com estranhamento, principalmente para suas mãos que apoiam a barriga.
- Lilly, você está ... grávida???
- Sai daqui, Isabelle. Eu não quero mais ter que olhar na sua cara. Eu tenho nojo de você e de tudo que fez comigo. Vai embora, vai embora! - contorce-se ficando em posição fetal.
- Está bem, está bem. Eu vou sair, calma! Mas, será que você não teria um dinheiro para me arrumar? Desde que saí da clínica eu não consegui um bom emprego e eu soube que você era modelo fotográfico e isso dá uma boa grana não é?
- Ainda tem a cara de pau de me pedir dinheiro??? SAI DAQUI, ISABELLE!!!
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Rearviewmirror - O retrovisor
Hayran KurguEddie e Lilly se envolveram no início da carreira do cantor e um fato inesperado mudou radicalmente a vida dos dois para sempre. Por mais que tentassem, não foi fácil deixarem suas histórias para trás e a virem apenas pelo retrovisor.