Capítulo 26 - Pai de primeira viagem

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Por recomendações médicas, Arnold adotou as caminhadas como exercícios físicos matinais e naquele momento caminha pela praia de Alki Beach. Apesar da temperatura não estar das mais agradáveis no fim do verão em Seattle, os 19 graus não lhe intimidaram e o homem de 65 anos pegou firme no exercício.

Após meia hora de caminhada, o homem sentou- se em um quiosque para se refrescar e observar o mar. Não sabia se era coisa da idade, mas o mar sempre lhe deixava mais calmo. Agora era um gangster aposentado, não comandava tudo de uma cadeira de mafioso, mas estava por trás de todas as operações ilegais da cidade. Depois de um tempo contemplando a paisagem, observou que uma garota caminhava sozinha pelas areias. Ela tinha cabelos nos ombros e vestia uma camiseta preta de banda, além de uma calça legging curta. Observou que tinha uma camisa xadrez amarrada a cintura e o seu tennis all star estava sendo carregado por uma das mãos enquanto ela chutava a areia da praia. Arnold foi ao bolso de sua bermuda e retirou a foto da menina desaparecida que Anne Mackenzie lhe dera. Se a mocinha que caminhava em sua frente não era a mesma, ao menos era muito parecida e só tinha um jeito de saber.

A garota parou um tempo de caminhar. Colocou as mãos na cintura, depois abriu os braços como que recepcionando o vento que fazia, os fechou de novo e enfim, sentou na areia. Cruzou as pernas e ficou olhando as ondas quando de repente contemplou à sua esquerda um senhor de pele negra, 1,86m e que se ofereceu para se sentar ao seu lado. A princípio ela olhou desconfiada, mas depois de olhar ao redor e não ver mais ninguém, pensou no que aquele senhorzinho poderia lhe fazer de mal e ficou onde estava. Esperou que ele dissesse alguma coisa:

- Eu gosto de vir a praia para caminhar e pensar na vida. E você? Amy Liz não é?

- Como sabe meu nome??? - ao dizer isso, a menina confirmou as suspeitas do homem.

- Eu sou vidente.

- E dos bons pelo jeito. - a garota arregala os olhos e fica espantada com a revelação do homem.

- Sim, quer que eu leia o seu futuro? Na verdade, eu posso ler passado, presente e futuro. Basta me mostrar a palma da sua mão esquerda.

- Essa eu quero ver. Aqui está. Me diz o que vê! - a garota fez cara de poucos créditos. Mas, já estava abismada pelo fato dele ter adivinhado seu nome.

- Hum... vejo que tem uma irmã gêmea!

- Caramba! E o que mais? - está atônita.

- Você e sua irmã foram criadas somente pela mãe. Uma mãe bondosa e dedicada que as criou com dificuldades, mas que nunca deixou faltar nada para vocês!

- Aí também fala que ela é uma mentirosa?

O homem pega na mão da garota como se procurasse ali a informação que ela pedira:

- Hum... vejo que ela escondeu algo de vocês, um pai famoso. Estou certo?

- Cara, você deve estar de brincadeira, ne? Quem te mandou aqui? - a garota novamente olha ao redor procurando seus cúmplices.

- Olha, eu nem estou te cobrando pela minha consulta. Se não acredita em mim, eu vou embora.- o homem se levanta simulando uma partida.

- Espera... ta bom, eu acredito, mas vai ter que me dizer mais.

- O que você quer saber?

- Quero saber por que minha mãe me escondeu que eu tinha um pai vivo. Vai, me diz...

- Vejo aqui que sua mãe estava com medo e que também era muito jovem. Assim como seu pai que também tinha medo e era imaturo demais. Duas pessoas despreparadas para por filho no mundo.

- Por que ela tinha medo?

- Medo de não conseguir criar vocês, medo de vocês passarem necessidades, de não ser uma boa mãe. Ela não foi uma boa mãe para você e sua irmã?

Rearviewmirror - O retrovisorOnde histórias criam vida. Descubra agora