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Não deixe isso te seduzir
Não deixe isso te picar
Ooh, ele quer te enganar
Ele te apunhala quando você toca
As They Bloom - Unlike Pluto

Não deixe isso te seduzirNão deixe isso te picarOoh, ele quer te enganarEle te apunhala quando você tocaAs They Bloom - Unlike Pluto

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A State University estava diferente do habitual quando chegou às oito da manhã, com um óculos de sol no rosto e feições cansadas.

Os alunos pareciam excitados demais, com veteranos cochichando de um lado para outro e calouros falando sobre como desejavam que o dia passasse mais rápido por causa do evento que aconteceria a noite. E passou.

Suas três primeiras aulas de fundamentos do design voaram diante a frente da caloura e o restante do dia não foi diferente. Era como se o tempo tivesse acelerado, deixando-a angustiada.

Almoçou na grama verde do campus pois não queria ver os Lobos e fugiu deles o restante do dia inteiro. O sol fraco batendo contra o rosto, enquanto seu sanduíche de frango e seu cheesecake favorito de frutas vermelhas tentava melhorar seu humor antes de voltar para o restante das aulas.

O que realmente iria fazer? Escapar da vista do irmão agora não significava fugir dos outros problemas. Ter uma ideologia dentro do corpo não mudaria o fato que ainda seria vista como uma egoísta se não atendesse às expectativas dele e dos demais.

Ela sabia disso. Óbvio que sim.

Por isso tal consciência só a perturbava mais.

Na saída, precisou passar na biblioteca para entregar alguns livros prestes a vencer e se pegou olhando as prateleiras de suspense após deixá-los com Aghata, a senhora que cuidava do local e assinar um comprovante.

O fraco movimento era quase assustador. As mesas cheias normalmente dando espaço para o vazio parecia um local completamente diferente.

Mas quem desejava estudar quando poderia estar em casa, se arrumando para o grande evento?

Quando era menor, seu pai gostava de lhe contar histórias para dormir. Romances bobos com um final feliz ainda mais bobo, somente para distraí-la. Salene detestava. Até que falou para o pai que estava entediada dos finais felizes e pediu que contasse uma outra coisa. Ele aceitou, com a condição que não falasse nada para sua mãe. E assim começou seu vício por suspense.

As histórias simples e repetitivas deram espaço para situações assustadoras e enigmáticas e os finais felizes, sem graça, trocados para tristes e medonhos, ou na melhor das hipóteses, abertos.

Salene não lia desde a separação dos pais e em parte, sentia um pouco de falta. Das histórias, os sorrisos deles, toda a confusão diária.

Já estava acostumada a viver sozinha, mas às vezes, quando chegava no final da tarde ou descia as escadas às sete da manhã, tinha a frívola sensação de não estar sozinha. Como se o seu interior esperasse por alguém. Esperasse pela gritaria da mãe pedindo que ela e Maven fossem comer ou seu pai chegando com presentes após uma longa viagem de trabalho. Eram épocas tão felizes.

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