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Através de todo o trabalho
Um corvo renasceu
Eles tentaram quebrá-la
Não há nada aqui para lamentar
Raven- Kelela

Através de todo o trabalhoUm corvo renasceuEles tentaram quebrá-laNão há nada aqui para lamentarRaven- Kelela

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A caloura não esboçou reação alguma quando a arma não disparou.

Mas as mãos trêmulas, em um misto frenético de culpa e adrenalina, deixavam nítidos os seus sentimentos, enquanto observava Maven inteiramente ileso, com os olhos arregalados em sua direção e assombrado com a atitude que dela. Salene também estava. Pra cacete.

Porra, tinha realmente feito isso? Apontado uma arma de verdade em direção ao próprio irmão, alguém sangue do seu sangue, e criado coragem o suficiente para ser capaz de jogar aquele jogo e apertar o gatilho?

Deveria ser um ato impossível. Um cenário que nunca surgiu em sua cabeça, uma probabilidade inexistente, utópica. Entretanto, era real. Era o que a caloura acabara de fazer.

— Sua irmã é uma garota de sorte, Lobo — o Corvo proferiu com uma voz profunda e crepitante, mas também havia frieza ali. — Conseguiu manter você intacto. Que pena.

Tocando as mãos finas de Salene, ainda erguidas e rígidas pelo choque, a aproximação repentina lhe causou arrepios quando ele tomou a arma que ela segurava, escondendo-as nas próprias roupas e abaixando os braços da mais nova.

Estava em choque. Por mais que desejasse, que tentasse, não conseguia obrigar que a própria voz saísse. Não conseguia dizer nada. E assim, manteve-se em silêncio, somente observando.

— Acho que o trote acaba por aqui — Sebastian anunciou.

Ele olhou para Key, um pouco distante, sinalizando o término e o garoto acenou quase que instantaneamente. Com o alto-falante em mãos, levou-o até os lábios e começou a murmurar informações, comunicando para os demais o pedido do Corvo.

Mas Salene só conseguia pensar na atitude que tinha tomado.

Mesmo que fosse uma escolha sua, que estivesse certa daquilo, ainda doía ter que agir daquela forma tão trágica e quase tivesse feito o irmão sangrar apenas por liberdade. Poderia ter sido diferente.

Aos poucos, corpos foram se afastando e sons de carros eram ligados, junto ao movimento alvoroçado de pessoas deixando o local. Aqueles que tiveram coragem de ficar estavam conscientes que tudo havia oficialmente se encerrado. E os que ousaram dar o fora cedo demais, perderam, além de uma grande oportunidade, um show e tanto.

Maven também se afastou quando um dos Lobos tocou seu braço, alertando-o que voltasse. Ele manteve os olhos enraizados na irmã por milésimos de segundos, sombrios, perversos, mas nada foi emitido.

Em silêncio, encolhida dentro de si mesma, com seu orgulho e as próprias emoções transtornadas, a única coisa que fez foi observá-lo adentrando o Jeep e a deixando naquele lugar, junto ao seu passado. A matilha que não era sua, mas que os consideravam com carinho.

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