Por algum tempo, tudo que eu consegui pensar é que aquele foi o melhor beijo da minha vida. Não pensei nisso pelo calor do momento, mas é porque era a mais pura verdade. Já namorei alguns caras e fiquei com outros. Tive beijos o suficiente na vida pra saber qual deles foi o melhor. Felipe sabe o que está fazendo. Ele sabe onde colocar as mãos e me tocar. Sabe o que fazer com seus lábios e como provar os meus, sem parecer desesperado, ao mesmo tempo que soa tão necessitado por mim.
Nada havia me preparado para a explosão de sentimentos dentro de mim. O calor que tomou conta da minha pele quando seus lábios mergulharam nos meus. O estremecer do meu corpo toda vez que as mãos dele apertam um ponto novo do meu corpo, me fazendo ficar completamente arrepiada. Cada vez que seus lábios se moviam e sua língua entrava em contato com a minha, minha mente sofria um apagão e eu o puxava ainda mais pra mim.
Eu estava presa contra a porta, sentindo o corpo dele apertar o meu como se ele pudesse se fundir a mim. Nossas respirações descompensadas faziam um eco dentro daquele cômodo minúsculo, enquanto não parávamos de nos beijar um segundo sequer. Era como se nós dois precisássemos de mais do que aquilo. Mas quando ele se afastou, eu sentia meus lábios formigando e um pouco inchados, como se eu tivesse passado horas beijando e não alguns segundos.
—Sabia que nós somos vizinhos? —Soltei do nada, sentindo meu peito subir e descer, enquanto arrancava uma risada de Felipe. Ele tocou meus cabelos curtos, observando os fios descoloridos e cortados de forma rebelde.
—Sim. —Ele suspirou, segurando meu rosto e roçando os lábios nos meus, como se fosse me beijar de novo. —Sabia que seus olhos tem o tom de verde mais bonito que já vi?
—Você já está me beijando, não precisa me elogiar. —Afirmei, mordendo o lábio dele e o puxando de leve, antes de segurar sua nuca e o puxar pra mim, beijando aqueles lábios macios e quentes, sentindo meu coração martelando no meu peito quando ele retribuiu, causando uma sensação completamente louca dentro de mim, como se eu estivesse prestes a transbordar. Não havia nada de normal naquele beijo. Era a coisa mais química e física que já tinha provado.
—Estou te elogiando por que é verdade, não porque quero agradá-la. —Afirmou, me dando um selinho, antes de me encarar com um sorriso pequeno, que fez minha sobrancelhas se erguerem. —O que acha de sair comigo amanhã? Gostaria de te levar pra um lugar muito melhor do que um banheiro de um bar.
—Ah... —Todo calor do meu corpo foi embora, enquanto minhas mãos deslizavam dos seus ombros até caírem imóveis ao lado do meu corpo. Aquela era uma parte que eu odiava. Não gostava de dizer não, principalmente para alguém que eu havia acabado de beijar. —Eu não costumo sair em encontros.
—Como assim? —Ele deu um passo para trás quando notou que eu já não estava mais o tocando. Umedeci meus lábios com a língua, ainda sentindo a sensação da boca dele em mim. —Você não gosta de encontros?
—É, um encontro leva a outro e eu não estou interessada em ter um relacionamento. —Afirmei, vendo ele franzir a testa, comprimindo os lábios como se não fosse aquilo que ele esperasse ouvir de mim.
—Eu estou te chamando pra sair, Júlia, não estou te pedindo em casamento. —Rebateu, se afastando mais. Aquele calor e aquela faísca entre nós sumiu, esfriando quando o clima agradável se tornou um pouco esquisito e tenso.
—É eu sei. —Passei a mão pelo meu rosto, antes de ajeitar meus cabelos bagunçados por todas as vezes que Felipe os tocou durante o beijo. —Mas eu realmente não curto encontros. Vim pra esse banheiro sabendo que seriam só beijos. Não vou mudar meus planos agora.
—Nossa! —Ele soltou uma risada estranha, olhando pra qualquer lugar menos pra mim, como se eu tivesse o ofendido de alguma forma. Como se ele tivesse entrado nesse banheiro esperando mais do que só beijos. Aquilo me fez comprimir os lábios em frustração, porque era exatamente o tipo de coisa que eu tentava evitar.
—Por isso que minha atenção foi primeiro pro Eduardo, porque eu tinha certeza de que ele não ia olhar na minha cara depois de ficar comigo e muito menos me chamar pra sair. —Afirmei, porque Felipe mesmo havia confirmado que Eduardo não namorava, o que significava que ele pensava da mesma forma que eu.
—Ah, é claro, me perdoe por não ser um babaca que ignora as garotas depois de as beijar e por me preocupar em chamá-las pra sair depois. —Sibilou, fazendo meu rosto esquentar quando percebi que havia o ofendido. Bom, eu dei um tapa nele com aquelas últimas palavras e ele acabou de retribuir, então eu acho que estávamos quites.
—É, uma pena que você não é um babaca. —Soltei, girando para abrir a porta e sair dali. Felipe ficou em silêncio, o que me deixou ainda mais irritada do que eu já estava, porque de alguma forma esperava que ele retrucasse ou se mostrasse tão frustrado quanto eu. Mas ele estava simplesmente inexpressivo naquele momento.
Manu e Bernardo estavam conversando quando saímos, nos olhando com as sobrancelhas erguidas e sorrisos conspiratórios. Puxei Manu para que fôssemos embora, porque a noite já havia terminado pra mim. Ela pareceu não entender nada quando fomos embora e eu fiquei em completo silêncio, porque eu estava ocupada demais repassando todo aquele momento com Felipe.
A química que tivemos quando ficamos sozinhos, com aquela faísca entre nós dois. Estava tudo tão perfeito e então tudo desmoronou rápido demais. Não esperava que ele não olhasse mais na minha cara depois, mas um convite pra sair estava longe de ser a melhor coisa a se fazer comigo. Meu último relacionamento não foi muito bom e eu saí literalmente no fundo do poço, completamente traumatizada. Não quero correr o risco de entrar nessa de novo.
Continua...
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Todas as verdades não ditas / Vol. 2
RomanceJúlia não tem medo de erguer a cabeça e enfrentar os desafios que a vida coloca em seu caminho. Sendo uma estudante de história, ela quer escrever a melhor história de todas pra si e isso a faz aproveitar suas noites da melhor maneira possível. Mas...