Todas as verdades não ditas / Vol. 2

Capítulo 43: Uma confusão completa.

Cheguei em casa, ouvindo Taylor Swift explodindo nos alto-falantes da televisão. Érika estava jogada no sofá, cantando junto, enquanto um show passava na tv. Só de ouvir a música alta minha cabeça já latejou com uma dor de cabeça horrível, me fazendo atravessar a sala e baixar o volume.

—Ei, quem te deu autorização pra baixar o volume? —Indagou, soando super ofendida com o meu ato. Me virei pra ela com as sobrancelhas erguidas, sem paciência para lidar com uma adolescente meio rebelde.

—Eu não preciso de autorização. Moramos no mesmo apartamento, então vamos respeitar um pouco o limite de volume. Até porque, dava pra ouvir lá do corredor. Daqui a pouco um vizinho aí reclamar. —Afirmei, vendo Érika se jogar no sofá de novo, bufando em frustração. —Não sou seu irmão e não estou com paciência hoje.

—Ainda bem. Um só já enche meu saco o suficiente. —Érika resmungou, enquanto Eduardo deixava a cozinha e lançava a ela um olhar que poderia reduzir qualquer um a nada.

—Onde está o Bernardo? Pensei que íamos jantar todos juntos aqui hoje. —Eduardo falou, enquanto eu dava de ombros e ia para o quarto, vendo-o me seguir na mesma hora. —Que cara é essa? Treino foi tão ruim assim?

—Encontrei um ex da Júlia. Ele parecia um babaca. —Afirmei, vendo Eduardo soltar um gemido de pena ao me ouvir dizer aquilo, como se pudesse entender meu péssimo humor naquele momento.

—Acha que é por isso que ela esta estranha? —Eduardo indagou, enquanto eu bagunçava meu guarda-roupa na tentativa de achar alguma coisa para vestir depois do banho.

—Talvez, sei lá. Estou começando a achar que é impossível entendê-la. —Afirmei, olhando para o meu celular sobre a cama, vendo a tela se acender em uma mensagem de Júlia, como se ela soubesse que estávamos falando dela naquele momento. —Mas isso não significa que eu vá desistir dela.

Caminhei até a cama e peguei o celular, antes de olhar para Eduardo quando ele soltou uma risada alta, balançando a cabeça negativamente. Fiz uma careta, tentando entender aquela reação dele, até ver o brilho de sarcasmo no seu rosto.

—Quem é o cachorrinho de coleira aqui, hein? —Indagou, me fazendo bufar em desdém, pegando um travesseiro para jogar nele. Mas Eduardo já havia saído do quarto rapidamente, me deixando ver a mensagem que Júlia havia mandado.

Jujuba — Já chegou do treino?
Quer dormir aqui?

Soltei um suspiro pesado, erguendo as mãos para esfregar minha testa, tentando entender Júlia. Ficava confuso com o fato de ela me afastar e então me puxar para perto de novo. Era algo um pouco caótico que eu não estava acostumado. Mas já sabia que Júlia era um pouco assim quando decidi me envolver. Acho que foi exatamente esse lado caótico que me chamou mais atenção.

Bati na porta do apartamento dela alguns minutos depois, porque tinha ido tomar banho primeiro. O bom de tudo aquilo é que nossos amigos agora já sabiam sobre nós dois e eu não precisava vê-la escondido. Mas eu estava tenso, porque o encontro com o ex dela ainda estava martelando na minha cabeça.

Júlia abriu a porta depois de alguns segundos, usando um pijama preto, com os cabelos brancos bagunçados em várias posições diferentes, como se ela não tivesse se importado em arruma-los depois do banho. A expressão cansada dela, junto com seus olhos se iluminando ao me ver, foi o suficiente para espantar todo o desconforto de dentro de mim. Eu só queria ficar com ela naquele momento, sem nada atrapalhando.

—Oi. —Ela pareceu sem graça por um momento, o que definitivamente não combinava com Júlia. Talvez ela estivesse com medo que eu insistisse no assunto de antes. Pensei no que Bernardo disse nesse momento, sabendo que Júlia contaria mesmo quando estivesse se sentindo segura sobre isso.

—Oi, Jujuba. —Puxei ela pra mim, segurando seu rosto para beijar seus lábios. Júlia pareceu surpresa por um segundo, antes de derreter nos meus braços e retribuir o beijo, como se aquilo fosse tudo que ela estivesse precisando.

A abracei pela cintura e a empurrei para dentro do apartamento, fechando a porta com meu pé, sem parar de beija-la um segundo sequer. Havia passado tempo demais pensando em vários porquês e tentando entender o que estava acontecendo entre nós. Mas a verdade é que nada disso importava de fato, porque tudo valia a pena no momento que nossos lábios estavam grudados.

—Tudo bem? —Indaguei, me afastando o suficiente para que nós dois pudéssemos respirar. Júlia estava corada, com os lábios um pouco vermelhos quando balançou a cabeça que sim. Sorri quando ela me abraçou pela cintura, escorando o queixo no meu peito, enquanto os olhos se mantinham no meu rosto.

—Desculpa por não falar direito com você hoje de manhã. —Júlia suspirou e fechou os olhos, escondendo o rosto no meu peito. —É mais complicado do que você imagina. Eu só estou... uma confusão completa.

—Não tem problema. —Beijei o topo da sua cabeça, percebendo que tudo que Júlia precisava naquele momento era daquilo. Era que eu estivesse do seu lado, sem lhe cobrar absolutamente nada. —Gosto da sua confusão, Jujuba. Só precisa me dizer o que preciso fazer pra te fazer se sentir melhor.

—Só quero dormir com você. —Sussurrou, com a voz saindo abafada pelas minhas roupas, enquanto minha mão deslizava pela linha da sua coluna. —Só dormir.

—Eu tinha entendido, você não precisava repetir. —Afirmei, arrancando uma risada de Júlia, que ergueu a cabeça para me olhar.

Meu peito se aqueceu quando senti todo o carinho dela por mim naquele olhar, me fazendo inclinar o rosto e puxa-lá para outro beijo. Ela retribuiu, me puxando com força para mais perto dela. Quando nos separamos, deixei que ela me guiasse até seu quarto. Fiquei acordado fazendo cafuné nos cabelos de Júlia até que ela dormisse, com o corpo grudado no meu como se estivesse com medo que eu fugisse no meio da noite.

—Acho que estou apaixonado por você, Jujuba. Mas tenho medo de que você ouça isso e saia correndo pra longe. —Sussurrei, me inclinando para deixar um beijo na testa dela, enquanto aninhava o corpo pequeno contra o meu, querendo protegê-la de absolutamente tudo.

Continua...